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Os verbos são fundamentais para a organização dos períodos nas orações, pois exercem a função de predicado. Dentre as classes de palavras, a dos verbos é a que apresenta mais variações: em função de número, pessoa, modo, tempo, aspecto e voz. Essas variações expressas pelos verbos contemplam ações, estados, mudanças de estado, fenômenos da natureza etc. Nesse sentido, chamam-se modos as formas que o verbo pode assumir para indicar a atitude do falante (certeza, dúvida, suposição etc.), a partir do conteúdo de seus enunciados. Ao verificarmos que o enunciado exprime um fato certo, positivo (com algumas exceções, como veremos), o verbo está empregado no modo indicativo. Vejamos exemplos do emprego dos tempos verbais no modo indicativo. PresenteNo presente do modo indicativo, o verbo é empregado das seguintes formas: a) Exprime fato atual ou simultâneo ao momento da enunciação, podendo exprimir, também, fato recorrente: Eu gosto de ler os livros de Shakespeare. Eu almoço no restaurante da esquina todos os dias. b) Pode aparecer nas narrações, como alternativa ao tempo pretérito (denominado presente histórico): Chove (=chovia) lá fora. A moça lê (=lia) um livro. Adentra (=adentrou) ao recinto um jovem, convidado de seu pai. Da janela, ele acena (=acenou) ao cocheiro para seguir viagem. c) Também pode ser empregado em alternativa ao futuro do presente: Amanhã vou (=irei) a Salvador. Pretérito imperfeitoNo pretérito imperfeito do indicativo, o verbo exprime fato não concluído, ação que se prolongou no passado. Também pode ser empregado em caso de ação habitual no passado: Pelas manhãs, enquanto eu preparava o almoço, observava o movimento da rua pela janela da cozinha. Sandro dormia escondido no depósito depois do almoço. Pretérito perfeitoO pretérito perfeito do indicativo exprime um fato completamente realizado, uma ação concluída: D. Pedro II proclamou a independência do Brasil às margens do rio Ipiranga. Pretérito-mais-que-perfeitoO pretérito-mais-que-perfeito do indicativo exprime um fato passado, anterior a outro. Admite as formas simples e composta (mais usual): Chegou à cidade e se dirigiu à casa na qual vivera um ano antes. Chegou à cidade e se dirigiu à casa na qual tinha vivido um ano antes. O futuro do presente do indicativo é empregado das seguintes maneiras: a) Indica ação posterior ao momento da enunciação; ação a ser realizada: Concluirei o curso de graduação no próximo ano. b) Em alguns contextos, pode indicar incerteza, dúvida, probabilidade: Ele terá 25 anos, no máximo. c) Também pode ser empregado com valor de imperativo, indicando ordem, imposição: Não matarás. Futuro do pretéritoO futuro do pretérito do modo indicativo admite o emprego nas seguintes situações: a) Indicando fato futuro condicionado a outro fato futuro: Eu manteria o compromisso, se não chovesse. b) Exprimindo um fato futuro, porém com ocorrência no passado: Decidi, naquela tarde, que não faria a cirurgia. c) Indicando polidez no discurso: Poderia dizer-me que horas são? d) Assim como no futuro do presente, pode exprimir dúvida, probabilidade: Ele assassinaria o próprio pai? Bibliografia: CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2013. 800 p. CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 48ª ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional. 2009. 696 p. Modo indicativo é um tipo de flexão verbal caracterizada pela certeza do enunciador em relação ao fato enunciado. Assim, os tempos verbais simples no modo indicativo são:
Já os tempos verbais compostos são:
Leia também: Dez dicas de Português sobre verbos O que é modo indicativo?Os modos verbais são o indicativo, o subjuntivo e o imperativo. Cada um deles possui características específicas e indica a atitude do enunciador diante do fato enunciado. Essa atitude, no caso do modo indicativo, está associada à certeza do enunciador de que o fato por ele expresso é real. Assim, a flexão de modo está diretamente relacionada à postura do enunciador perante os acontecimentos. O verbo flexionado no modo indicativo, portanto, não expressa incerteza (modo subjuntivo) ou ordem (modo imperativo), pois o enunciador considera que, sem dúvida, o que está expressando é algo real, verdadeiro. Dessa maneira, ao dizer, por exemplo, que “A humanidade caminha para a sua extinção”, o enunciador dessa oração está afirmando algo, não é uma hipótese, pois ele tem certeza do que diz. O modo indicativo está relacionado à certeza; e o subjuntivo, à dúvida.Tempos no modo indicativoA seguir, como exemplo, vamos apresentar a conjugação do verbo SABER, no modo indicativo, nos tempos verbais simples:
E também a conjugação do verbo SABER, no modo indicativo, nos tempos verbais compostos:
Assim, é possível construir, nos tempos verbais simples, enunciados como: Sei que posso conseguir a promoção. Quando Maria soube da viagem, ficou extremamente feliz. A verdade é que sabíamos, há muito tempo, dos desvios de dinheiro. Elas souberam do resultado do concurso ontem à noite. Saberás como proceder, meu filho. Matilde saberia aproveitar as oportunidades quando estivesse em Paris. Já nos tempos verbais compostos: Devo reconhecer que os irmãos hão sabido manejar a situação. OU Devo reconhecer que os irmãos têm sabido manejar a situação. Já que havíamos sabido ocultar as provas de nossa boa ação, não recebemos nenhum agradecimento. OU Já que tínhamos sabido ocultar as provas de nossa boa ação, não recebemos nenhum agradecimento. Quando Amélia chegar, no mês que vem, já haverei sabido contornar todos os problemas. OU Quando Amélia chegar, no mês que vem, já terei sabido contornar todos os problemas. Haveriam sabido como pagar as suas dívidas se Adamastor lhes tivesse dado mais tempo. OU Teriam sabido como pagar as suas dívidas se Adamastor lhes tivesse dado mais tempo. Leia também: Verbos regulares — aquele que, ao serem conjugados, não sofrem modificação em seu radical O indicativo é um modo verbal que expressa certeza do enunciador.Exercícios resolvidosQuestão 1 (Enem) João/ Zero (Wagner Moura) é um cientista genial, mas infeliz porque há 20 anos atrás foi humilhado publicamente durante uma festa e perdeu Helena (Alinne Moraes), uma antiga e eterna paixão. Certo dia, uma experiência com um de seus inventos permite que ele faça uma viagem no tempo, retornando para aquela época e podendo interferir no seu destino. Mas quando ele retorna, descobre que sua vida mudou totalmente e agora precisa encontrar um jeito de mudar essa história, nem que para isso tenha que voltar novamente ao passado. Será que ele conseguirá acertar as coisas? Disponível em: http://adorocinema.com. Acesso em: 4 out. 2011. Qual aspecto da organização gramatical atualiza os eventos apresentados na resenha, contribuindo para despertar o interesse do leitor pelo filme? a) O emprego do verbo haver, em vez de ter, em “há 20 anos atrás foi humilhado”. b) A descrição dos fatos com verbos no presente do indicativo, como “retorna” e “descobre”. c) A repetição do emprego da conjunção “mas” para contrapor ideias. d) A finalização do texto com a frase de efeito “Será que ele conseguirá acertar as coisas?”. e) O uso do pronome de terceira pessoa “ele” ao longo do texto para fazer referência ao protagonista João/ Zero. Resolução: Alternativa “b”. Ao usar os verbos no presente do indicativo, o enunciador afirma e atualiza os eventos, o que ajuda a despertar o interesse do leitor pelo filme. Questão 2 (Enem) Disponível em: www.behance.net. Acesso em: 21 fev. 2013 (adaptado). A rapidez é destacada como uma das qualidades do serviço anunciado, funcionando como estratégia de persuasão em relação ao consumidor do mercado gráfico. O recurso da linguagem verbal que contribui para esse destaque é o emprego: a) do termo “fácil” no início do anúncio, com foco no processo. b) de adjetivos que valorizam a nitidez da impressão. c) das formas verbais no futuro e no pretérito, em sequência. d) da expressão intensificadora “menos do que” associada à qualidade. e) da locução “do mundo” associada a “melhor”, que quantifica a ação. Resolução: Alternativa “c”. Na expressão “Vai ser bom, não foi?”, ao usar o verbo “ir” no presente (com acepção de futuro) e o verbo “ser” no passado, ambos no modo indicativo, o enunciador afirma e destaca a rapidez do serviço anunciado, já que o futuro se torna passado rapidamente. Questão 3 (Enem) Em junho de 1913, embarquei para a Europa a fim de me tratar num sanatório suíço. Escolhi o de Clavadel, perto de Davos-Platz, porque a respeito dele me falara João Luso, que ali passara um inverno com a senhora. Mais tarde vim a saber que antes de existir no lugar um sanatório, lá estivera por algum tempo Antônio Nobre. “Ao cair das folhas”, e um de seus mais belos sonetos, talvez o meu predileto, está datado de “Clavadel, outubro, 1895”. Fiquei na Suíça até outubro de 1914. BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985. No relato de memórias do autor, entre os recursos usados para organizar a sequência dos eventos narrados, destaca-se a a) construção de frases curtas a fim de conferir dinamicidade ao texto. b) presença de advérbios de lugar para indicar a progressão dos fatos. c) alternância de tempos do pretérito para ordenar os acontecimentos. d) inclusão de enunciados com comentários e avaliações pessoais. e) alusão a pessoas marcantes na trajetória de vida do escritor. Resolução: Alternativa “c”. No texto, há uma alternância de tempos do pretérito, no modo indicativo. Portanto, é possível apontar “embarquei”, “escolhi”, “vim” e “fiquei” (pretérito perfeito), além de “falara”, “passara” e “estivera” (pretérito mais-que-perfeito). O uso desses tempos organiza a sequência dos eventos, já que o autor deixa claro o que aconteceu no seu passado e o que ocorreu anteriormente a esse passado. Por Warley Sousa |