Por que a família real portuguesa veio para o brasil

A vinda da corte portuguesa para o Brasil, fugindo de Napoleão, trouxe muitos benefícios para a colônia e abriu caminho para a Independência.

A corte portuguesa veio para o Brasil em 1808 e aqui permaneceu até 1821. A razão da transferência foi a entrada das tropas napoleônicas em Portugal (1807).

A França já havia invadido várias nações. Contudo, não conseguia dominar a Inglaterra. Então Napoleão Bonaparte assinou o Bloqueio Continental para enfraquecer os ingleses. Portanto, como Portugal se recusou a cumprir, foi invadido, no entanto, sua corte já havia embarcado para o Brasil.

No início do século XIX, Napoleão Bonaparte já se consolidava como a maior figura política da Europa. Ele levou a França ao patamar de superpotência mundial, ao lado da Inglaterra. Ademais, para  intensificar a industrialização em seu país, Bonaparte combinou sua política de investimentos com uma política internacional.

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O poder do Bloqueio Continental

Bonaparte decretou o Bloqueio Continental, que proibia todas as nações de manter relações comerciais com a Inglaterra, maior potência industrial da época e principal rival política da França. Por isso, se o país não cumprisse sua determinação, seria invadido e seu governante deposto.

Mas Portugal tinha uma estreita parceria com a Inglaterra e mantinha certa dependência dos produtos ingleses. Então a corte Portuguesa teve que desobedecer ao Bloqueio Continental. Portanto, para escapar da fúria francesa, a própria coroa inglesa sugeriu a ideia da corte no Brasil, transferindo a capital para o Rio de Janeiro.

A Inglaterra forneceu navios para escoltar os nobres portugueses até o Brasil. Em troca, Dom João VI se comprometeu a autorizar a abertura dos portos brasileiros às nações amigas de Portugal, oferecendo taxas especiais aos produtos ingleses.

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A viagem da corte portuguesa para o Brasil

Do porto de Lisboa, embarcaram para o Brasil o regente, D. João VI, sua mãe, a rainha D. Maria I, os seus familiares e cortesão. Eram cerca de 15 000 pessoas que se acomodaram em 08 naus, 3 fragatas, 3 brigues e 2 escunas. Neles, além da família real, vieram centenas de funcionários, criados, assessores e pessoas ligadas à corte portuguesa.

Além disso, trouxeram também muito dinheiro, obras de arte, documentos, livros, bens pessoais e outros objetos de valor. Inclusive uma biblioteca com mais de 60 000 livros. Com o apoio da esquadra inglesa, parte dos navios chegou à Bahia em 7 de março de 1808. É que após uma forte tempestade, alguns navios foram parar em Salvador e outros na cidade do Rio de Janeiro.

A corte portuguesa foi instalada no Rio de Janeiro. Sendo assim, muitos moradores, sob ordem de D. João, foram despejados para que os imóveis fossem usados pelos funcionários do governo. Este fato gerou, num primeiro momento, muita insatisfação e transtorno na população da capital brasileira.

Por que a família real portuguesa veio para o brasil

A medidas administrativas tomadas por Dom João.

Uma das principais medidas tomadas por D. João foi abrir o comércio brasileiro aos países amigos de Portugal. Portanto, isso beneficiou principalmente a Inglaterra, que passou a ter vantagens comerciais e dominar o comércio com o Brasil.

Ademais, outras medidas foi o estímulo ao estabelecimento de indústrias no Brasil, construção de estradas, cancelamento da lei que não permitia a criação de fábricas, reformas em portos, criação do Banco do Brasil e instalação da Junta de Comércio.

O regente criou o Museu Nacional, a Biblioteca Real, a Escola Real de Artes e o Observatório Astronômico. Além disso, vários cursos foram criados. Como, por exemplo, agricultura, cirurgia, química, desenho técnico etc. Isso aconteceu nos estados da Bahia e Rio de Janeiro.

A volta de D. João para Portugal

Com a derrota dos franceses, o povo português passou a exigir o retorno da corte que se encontrava no Brasil. Em 1820, ocorreu a Revolução do Porto, e os revolucionários vitoriosos passaram a exigir o retorno de D. João VI para Portugal e a aprovação de uma Constituição.

Pressionado, ele embarcou de volta em abril de 1821. Deixou em seu lugar, no Brasil, o filho D. Pedro como príncipe regente.

Por que a família real portuguesa veio para o brasil

corte portuguesa e algumas curiosidades

Foi a primeira vez na história que um rei europeu transferiu a capital de sua nação para o continente americano. Sendo assim, no Rio de Janeiro houve investimento em serviços públicos e em obras de embelezamento da cidade.

É interessante saber que a partida se deu um dia antes da chegada das tropas francesas. É que a Família Real embarcou no dia 27 de novembro, mas no dia 28 não teve vento suficiente para mover os navios.

No dia 29, já dois dias embarcados, finalmente ventou e a esquadra deixou o porto. Os franceses entraram em Lisboa às 9 horas da manhã do dia 30 de novembro.

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Fonte: Sua Pesquisa, Toda Matéria, Uol Educação, Resumo Escolar.

A independência do Brasil comemora 200 anos nesta semana. E você sabe qual o motivo que fez os portugueses fugirem para nossas terras em 1808?

Para entender isso precisa compreender um pouco sobre a relação entre Portugal e França no século 19. Afinal, foi o bloqueio continental, imposto por Napoleão Bonaparte à Europa, que fez a corte portuguesa mudar-se ao Brasil no início do século 19.

Dependente do comércio britânico, Portugal se viu num enorme impasse: atender à França significava perder sua principal colônia na época, o Brasil, pois a marinha inglesa dominava os mares e poderia invadi-lo. Não atender às exigências napoleônicas significava ter seu próprio território invadido pelas tropas francesas.

Sabiamente, o príncipe regente dom João - que governava no lugar da mãe, dona Maria 1ª, que enlouquecera - decidiu ficar ao lado dos ingleses e a solução encontrada para não se submeter a Napoleão foi transferir a Corte portuguesa para o Brasil. Embora o território português fosse invadido, o Reino de Portugal sobreviveu do outro lado do Atlântico.

Entre 25 e 27 de novembro de 1807, cerca de 10 a 15 mil pessoas embarcaram em 14 navios: a família real, a nobreza e o alto funcionalismo civil e militar da Corte. Traziam consigo todas as suas riquezas. Os soldados franceses, quando chegaram a Lisboa, encontraram um reino pobre e abandonado.

A viagem da elite portuguesa não foi nada fácil, em especial devido a uma tempestade que dispersou os navios. Enquanto parte deles veio dar no sudeste, o que conduzia dom João aportou na Bahia, em janeiro de 1808. Em março, o príncipe regente preferiu transferir-se para o Rio de Janeiro, então pouco mais que uma vila.

De uma hora para outra, o Rio se viu obrigado a alojar uma multidão de nobres autoridades. Para os donos do poder, porém, não havia problemas. Dom João requisitou as melhores residências, simplesmente despejando seus moradores. Dali, agora, o Império português seria governado.

Apesar dos transtornos, as consequências da vinda da família real portuguesa para o Brasil foram positivas e culminaram com o processo de Independência do país. Para começar, ainda na Bahia, dom João pôs fim ao monopólio comercial da colônia, decretando a abertura dos portos às nações amigas.

Todas as atividades no país se dinamizaram com a fixação da Corte no Rio de Janeiro. A necessidade de melhoramentos resultou em medidas que trouxeram rápido progresso. Por exemplo, revogou-se a lei que proibia as indústrias em nosso território e promoveu-se a melhoria de portos e a construção de estradas.

A administração foi reorganizada pelo príncipe regente, com a criação de três ministérios (Guerra e Estrangeiros; Marinha; Fazenda e Interior), a fundação do Banco do Brasil, a instalação da Junta Geral do Comércio e da Casa de Suplicação, esta última o Supremo Tribunal da época.

Em 1815, o Brasil foi elevado à categoria de reino, de modo que todas as terras portuguesas passaram a chamar-se Reino Unido de Portugal Brasil e Algarves. Com isso, o país deixava de ser colônia e ganhava um novo status político.

Nos três anos seguintes, com a morte da rainha dona Maria 1a (1816), o príncipe regente seria aclamado e coroado rei, como dom João 6º (1818). A partir de 1821, as capitanias passaram a ser chamadas de províncias e a divisão territorial do Brasil se aproximou da atual. A administração ficou centralizada nas mãos do rei e dos governadores das províncias a ele subordinados.

A vinda da família real para o Brasil, evento também conhecido como transferência da corte portuguesa para o Brasil, foi um acontecimento que se deu na passagem de 1807 e 1808 e foi consequência da invasão de Portugal por tropas francesas durante o período napoleônico. Para evitar de ser capturado pelas tropas de Napoleão, d. João (futuro d. João VI) ordenou a mudança da corte para o Brasil.

Esse acontecimento transformou o Rio de Janeiro na capital do Reino de Portugal e trouxe transformações profundas para o Brasil, tanto no aspecto econômico, quanto no social e no político. As transformações e a acomodação dos Bragança no Brasil contribuíram para que a independência do Brasil fosse antecipada.

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Contexto histórico da vinda da família real para o Brasil

A vinda da família real para o Brasil está relacionada com a deterioração das relações diplomáticas existentes entre a França e Portugal na virada do século XVIII para o século XIX. Essa situação tem relação com os acontecimentos que foram ocasionados pela eclosão da Revolução Francesa, a partir de 1789.

Nesse acontecimento, uma revolução de caráter liberal e iluminista eclodiu na França e voltou-se contra a monarquia absolutista do país. A existência dessa revolução na França era um risco para as monarquias absolutistas de toda a Europa e, por isso, coalizões foram formadas com o objetivo de derrubar os revolucionários e restaurar o absolutismo.

O cenário revolucionário estendeu-se na França por dez anos e, em meio às lutas em defesa do país, um nome surgiu: Napoleão Bonaparte. O general sobressaiu-se na liderança de tropas francesas e por meio de um golpe militar – Golpe de 18 de Brumário – ele assumiu o poder da França.

Por que a família real portuguesa veio para o brasil
Os atritos entre Portugal e França por conta da aliança com a Inglaterra fez com que o imperador francês enviasse tropas pra invadir Portugal em 1807.

Com a ascensão de Napoleão ao poder francês, a relação entre franceses e ingleses piorou. A existência de um regime que ameaçava a existência das monarquias absolutistas por si só contribuiu por reforçar a aliança existente entre portugueses e ingleses. Durante o período revolucionário, os portugueses haviam assinado um acordo de proteção militar com os ingleses.

A ascensão de Napoleão agravou esse quadro, porque o governante francês possuía planos de expansão da França pela Europa, e o maior adversário dos franceses era exatamente o maior aliado dos portugueses: os ingleses. A guerra entre franceses e ingleses no período napoleônico foi iniciada em 1803, após alguns anos de armistício.

O conflito entre ingleses e franceses afetava a política interna de Portugal, uma vez que o regente, d. João, precisava lidar com as pressões dos grupos pró-França e pró-Inglaterra. Ainda assim, ele procurou manter uma postura neutra, embora nem sempre tenha sido possível. Em 1801, os portugueses entraram em uma guerra contra a Espanha por conta dessa rivalidade entre ingleses e franceses. Essa guerra ficou conhecida como Guerra das Laranjas.

Os espanhóis, aliados dos franceses, exigiram, por meio de seu embaixador, que os portugueses colocassem fim na aliança que existia com a Inglaterra e fechassem seus portos aos ingleses. Como Portugal negou-se, os espanhóis declaram guerra a Portugal. A guerra estendeu-se por 18 dias e fez com que a cidade de Olivença fosse tomada pelos espanhóis.

Um tratado foi assinado ainda em 1801 – Tratado de Badajoz – e colocou fim na guerra sob termos duros para Portugal. O principal deles era que os portugueses comprometiam-se a fechar os portos de todas as suas possessões para as embarcações inglesas.

Por que a família real portuguesa mudou-se para o Brasil?

Como mencionado, essa decisão tem relação direta com a disputa travada entre ingleses e franceses. A guerra entre ingleses e franceses retomou em 1803 e com a derrota na Batalha de Trafalgar, em 1805, a França mostrou-se incapaz de invadir o território britânico. Assim, Napoleão decidiu adotar outra estratégia e adotou o Bloqueio Continental, a partir de 1806.

O Bloqueio Continental consistia em uma medida imposta pelos franceses que proibia todas as nações europeias de comercializar com os ingleses. Com esse decreto, o regente de Portugal já começou a cogitar a possibilidade de se mudar para o Brasil. Os portugueses tinham boas relações e aliança com os ingleses havia muito tempo e não estavam dispostos a abrir mão disso.

Desde 1801, os portugueses tinham o compromisso assumido no Tratado de Badajoz, mas nunca o haviam cumprido. Mesmo com a imposição do Bloqueio Continental, a postura dos portugueses foi a mesma. Como não mostravam disposição a acatar as decisões dos franceses, Napoleão deu um ultimato aos portugueses.

Napoleão determinou até setembro de 1807 para que os portugueses adotassem uma série de medidas contra a Inglaterra, entre as quais estavam o fechamento dos portos para embarcações inglesas, a prisão de ingleses e os confiscos de seus bens. Os portugueses tentaram contornar a situação por meio de negociatas diplomáticas e mostraram-se dispostos a aceitar fechar seus portos, mas não queriam aprisionar cidadãos ingleses.

Os franceses, no entanto, exigiam que os seus termos fossem aceitos integralmente. Já os ingleses, por sua vez, enviaram uma mensagem aos portugueses que se eles aceitassem os termos franceses, sobretudo na questão da prisão de cidadãos ingleses, guerra entre Inglaterra e Portugal seria declarada.

Em meados de outubro de 1807, Napoleão cansou-se de esperar pelos portugueses e autorizou o envio de tropas para invadir Portugal. Nesse momento, os portugueses já possuíam um acerto com os ingleses que, se necessário, a família real seria escoltada por embarcações inglesas para fugir dos franceses e os ingleses garantiam reconhecer a Casa de Bragança como a legítima governante de Portugal.

No final de novembro, d. João recebeu um exemplar de um jornal parisiense no qual Napoleão Bonaparte afirmava que a Casa de Bragança não mais governaria na Europa. O regente português, então, percebeu não haver saída e decidiu autorizar a transferência da corte ao Brasil. Em 24 de novembro, ele anunciou sua decisão e informou que as tropas francesas chegariam a Lisboa em até quatro dias. Assim, foram iniciados os preparativos da mudança.

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Transferência da corte portuguesa

Por que a família real portuguesa veio para o brasil
A invasão francesa fez com que d. João, regente de Portugal, ordenasse a transferência da corte portuguesa para o Brasil em 1807.[1]

O embarque de toda a corte portuguesa foi realizada nos dias 25, 26 e 27 de novembro de 1807. Pela dimensão do que estava sendo feito, naturalmente tudo foi realizado em meio à grande desorganização. O embarque ficou marcado pela correria e algumas pessoas entraram em pânico pelo temor das tropas francesas que se aproximavam.

Dom João não estava simplesmente embarcando os seus pertences. Ele estava embarcando todo o aparato de poder existente em Portugal, o que incluía as pessoas que trabalhavam nas instituições portuguesas, bem como os seus mobiliários e todos os bens de valor de Portugal. Todos os preparativos foram realizados e, no dia 27 de novembro, a família real já estava embarcada.

O clima não permitiu que os navios zarpassem no dia 28, o que aconteceu na manhã do dia 29 de novembro. Estima-se que entre 10 mil a 15 mil pessoas tenham embarcado na mudança para o Brasil. Era muita gente, não havia espaço suficiente para todos, além de não haver comida e água em quantidades suficientes, sendo necessário racionar ambos.

A comitiva portuguesa chegou ao Brasil no dia 22 de janeiro de 1808, desembarcando em Salvador. Após permanecer alguns dias em Salvador, a família real portuguesa partiu para o Rio de Janeiro, desembarcando lá em 8 de março de 1808. Ainda em Salvador, o regente tomou a primeira medida importante que marcou o Período Joanino: a abertura dos portos do Brasil para as nações amigas. Isso foi o início de um período de transformações significativas para o Brasil.

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