Porque os egípcios eram carecas

A civilização do Antigo Egito causa fascínio há milênios. Confira abaixo alguns dos fatos mais curiosos sobre os egípcios do passado:

Fatos sobre o Egito Antigo

1. Cleópatra não era egípcia

Porque os egípcios eram carecas

Exceto pelo faraó Tutancâmon, Cleópatra VII é, sem dúvida, a figura histórica mais associada ao Antigo Egito. Mas, apesar de ter nascido em Alexandria, ela pertencia a uma antiga linhagem de gregos macedônios, descendentes de Ptolomeu I, um dos conselheiros mais próximos de Alexandre, O Grande. A dinastia ptolomaica governou o Egito de 323 a 30 a.C. e seus líderes, a maioria composta por gregos, influenciou imensamente o aspecto artístico e cultural da civilização egípcia. Na verdade, Cleópatra foi famosa por ser um dos primeiros membros da dinastia ptolomaica a dominar o idioma egípcio. 

2. Os antigos egípcios adoravam uma jogatina

Porque os egípcios eram carecas

Depois de um longo dia de trabalho no Nilo, os egípcios costumavam relaxar disputando um dos diversos jogos de mesa como o “Mehen”, “Cachorros e Chacais” ou o mais popular deles, um jogo de azar conhecido como “Senet”. Esse passatempo remonta ao ano 3.500 a.C e era praticado sobre uma grande mesa pintada, com 30 armários. Cada jogador usava um conjunto de peças que avançavam sobre o tabuleiro. O jogo era tão popular que a maioria dos faraós era enterrada com ele. 

3. As mulheres egípcias tinham seus direitos reconhecidos e bastante liberdade

Porque os egípcios eram carecas

Apesar de, historicamente, a sociedade considerar a mulher inferior ao homem, as egípcias desfrutavam de independência jurídica e financeira. Podiam comprar e vender propriedades, participar de juris, deixar testamentos e até efetivar contratos legais. Embora, normalmente, não saíssem de suas casas para trabalhar, as que o faziam recebiam o mesmo salário que o homem pela mesma tarefa. Diferentemente das mulheres gregas, que eram propriedades dos maridos, as egípcias podiam se divorciar e casar novamente. Os casais do Antigo Egito costumavam fazer contratos pré-nupciais, onde os bens e riquezas que a mulher trazia à sociedade conjugal eram enumerados, o que garantia uma compensação por eles, em caso de divórcio. 

4. As pirâmides não foram construídas por escravos

Porque os egípcios eram carecas

A vida de um trabalhador de construção das pirâmides não era nada fácil. Prova disso são os esqueletos que revelam artrite e outros males. Mas as evidências sugerem que essas enormes tumbas não foram construídas por escravos e, sim, por trabalhadores assalariados. A mão de obra empregada na construção era de artesãos qualificados e operários temporários. Os hieróglifos próximos aos monumentos e pirâmides demonstram a utilização de apelidos bem-humorados para as equipes, com “Os bebuns de Micerino” ou “Os amigos de Quéops”. 

5. Os egípcios tinham diversos animais de estimação

Porque os egípcios eram carecas

O povo egípcio considerava os animais encarnações dos deuses e foram uma das primeiras civilizações a adotá-los como animais domésticos. Os egípcios eram amantes de gatos (relacionados a deusa Bastet), falcões, cachorros, leões e macacos. Os animais de estimação ocupavam uma posição privilegiada nos lares da época e eram mumificados e enterrados com seus donos, quando eles morriam. Sabe-se também que os policiais do Antigo Egito utilizavam cães e macacos treinados em patrulhas. 

6. Tutancâmon pode ter sido assassinado por um hipopótamo

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Pouco se sabe sobre a vida do jovem faraó Tutancâmon. Mesmo assim, alguns historiadores asseguram saber exatamente como ele morreu. O estudo de sua múmia indica que ele foi embalsamado sem seu coração ou sua caixa torácica, uma alteração bastante drástica de acordo com as tradições funerárias da época e que pode indicar o fato de Tutancâmon ter sofrido uma lesão horripilante, que deformou seu corpo. Segundo diversos egiptólogos, uma das causas mais prováveis para tal ferida seria a mordida de um hipopótamo, cuja caça desportiva era uma tradição daquele tempo.

7. Muitos médicos egípcios tinham especialidades determinadas

A profissão de médico na Antiguidade costumava ser genérica, ou seja, o profissional estudava e empregava todo o conhecimento disponível sobre a saúde do corpo humano. Existem provas, porém, de que os médicos egípcios se agrupavam e atuavam em determinadas partes do organismo. Pode-se dizer que foi uma forma bastante antiga de especialização médica. O historiador grego Heródoto observou, a partir de 450 a.C que, no Antigo Egito, havia um médico para curar cada tipo de doença: alguns cuidavam dos olhos, outros dos dentes, entre outros exemplos. 

8. Os trabalhadores egípcios faziam greve

Os trabalhadores do Antigo Egito não pensavam duas vezes em protestar por melhores condições de trabalho. Um dos exemplos mais famosos foi o da grande greve de trabalho ocorrida no século XII a.C, durante o reinado de Ramsés III. O que motivou o protesto foi a falta de pagamento, na época feito em grãos, aos trabalhadores envolvidos na construção da necrópole real de Deir el-Medina. O protesto foi pacífico e consistiu na ocupação dos templos mortuários até um líder ser ouvido. A greve foi bem-sucedida. Depois de receberem seus grãos, todos retornaram ao trabalho. 

9. Os faraós do Antigo Egito sofriam de obesidade 

A arte egípcia retratava os faraós sentados e com corpos esculturais, mas a dieta faraônica revela outra história. Rica em cerveja, pão, vinho e mel, a alimentação egípcia era riquíssima em açúcar e diversos estudos demonstram que, na cintura da realeza, os quilos se acumulavam ainda mais. O exame de várias múmias revelou que muitos imperadores eram gordos e tinham uma saúde debilitada, agravada pelo diabetes. Um dos exemplos mais notáveis é o da rainha Hatshepsut, que em seu sarcófago é representada por um corpo esbelto e atlético, mas, na vida real, era gorda e careca. 

10. Homens e mulheres egípcios usavam maquiagem 

A vaidade é tão antiga quanto a humanidade e os antigos egípcios não foram exceção. Homens e mulheres se maquiavam pesadamente e acreditavam que o costume invocava a proteção dos deuses, mais exatamente Horus e Ra. Os cosméticos eram feitos à base de diversos minerais e misturados a uma substância chamada Kohl. A mistura era aplicada aos olhos com utensílios feitos de madeira, osso e marfim. Também era bastante comum o uso de perfumes, feitos com uma base de óleo, mirra e canela. Além disso, acreditava-se que a maquiagem tinha propriedades de cura. A pesquisa mostra que os cosméticos com chumbo, muito usados ao longo do Nilo, ajudavam a evitar infecções oculares.

11. Os antigos egípcios forjaram um dos mais antigos tratados de paz da história

Durante séculos, os antigos egípcios lutaram contra o império hitita pelo controle das terras que formam o atual território da Síria. Ramsés II governou sob ameaça constante de invasões em seu território por diversos povos. E foi então que, em 1259 a.C, egípcios e hititas negociaram um tratado de paz que deu fim ao conflito armado e promoveu um acordo de cooperação mútua, para evitar uma invasão por um terceiro povo.

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Imagens: Shutterstock.com e Wikimedia Commons

Terra de tesouros e mistérios. E de maldições para quem ouse profanar os túmulos de reis que viveram há milênios. É essa a imagem do Egito popularizada em filmes de Hollywood como A Múmia e O Retorno da Múmia. Eles são exemplo do fascínio que aquela antiga civilização egípcia ainda desperta no imaginário popular. Com certeza, filmes desse tipo levam muitos jovens a sonhar com a carreira de arqueólogo.

No entanto, o Egito foi bem mais que tumbas. Sua civilização era uma das mais sofisticadas da Antiguidade. Diferentemente do que filmes e documentários podem sugerir, os egípcios não eram um povo fúnebre nem sinistro. Pelo contrário: gostavam de fazer festas (regadas a muita comida e vinho), de cuidar da aparência. E, assim como muitos de nós, acreditavam na vida após a morte.

A história do Egito antigo é enorme: começa por volta de 4500 a.C., quando surgem as primeiras comunidades agrícolas (e olhe que pode ter sido até antes: alguns livros falam em 5000 a.C.), e termina em 641 d.C., quando os árabes conquistaram a região e converteram seus habitantes à religião muçulmana. São mais de cinco milênios, e seria pretensão demais querer contar "tudo sobre o Egito antigo". Por isso, vamos destacar apenas certos aspectos dessa civilização, dando respostas para algumas das perguntas mais comuns.

Quem construiu as pirâmides?

As pirâmides do Egito foram construídas por trabalhadores recrutados entre a própria população, que recebiam alguma forma de pagamento, na forma de alimentos e de peças de cerâmica. Portanto não foram escravos, embora as condições de vida dos homens livres pobres não fossem lá muito melhores que as dos cativos. E, ao contrário do que afirmam livros e documentários sensacionalistas, as pirâmides certamente não foram erguidas por extraterrestres - nenhum arqueólogo que se preze vai dizer que visitantes de outro planeta as construíram.

A propósito: elas serviam para os faraós aproveitarem a vida após a morte. Por isso, achamos ali objetos que pertenciam a uma minoria. No Egito, encontramos muito menos vestígios arqueológicos que mostrem como viviam os pobres, a maioria da população. Isso acontece porque pobre morava em construções mais precárias, que não duravam tanto.

Como foram construídas as pirâmides?

Para erguer uma delas, era necessário o trabalho de milhares de homens ao longo de mais ou menos 25 anos. As estimativas variam, mas as pesquisas mais recentes falam de 10 mil a 40 mil trabalhadores (bem menos que as mais antigas, que mencionavam até 100 mil). Ao construí-las, era necessário investir praticamente todos os recursos do Estado. Blocos de calcário eram extraídos com martelos e outras ferramentas e transportados de barco pelo rio Nilo. Depois, eram arrastados até uma rampa em torno da primeira camada de pedras da pirâmide. Para isso, usavam-se trenós e rolos de feitos de troncos.

Hoje, investir em obras que tivessem comparativamente a mesma magnitude levaria qualquer país à falência. Donde a expressão "obras faraônicas" para indicar coisas construídas com dinheiro público por políticos que gostam de se promover gastando muito mais do que podem.

Como e por que se fazia a mumificação?

Os egípcios acreditavam que preservar o corpo era necessário para o espírito sobreviver após a morte. No início, a mumificação era muito cara, sendo reservada apenas aos faraós e outros nobres. A partir da 18ª dinastia (1570-1304 a.C.), o costume estendeu-se ao resto da população.

Os embalsamadores tinham conhecimentos de anatomia e medicina. O processo era complicado e levava 70 dias:

  • 1) Primeiro, extraíam-se o cérebro, as vísceras e todos os órgãos internos, para colocá-los em quatro vasos.
  • 2) Depois, desidratava-se o corpo com várias resinas (entre elas o natrão, um composto de sódio).
  • 3) Por fim, depois de 40 dias, ele era enfaixado com bandagens embebidas em óleos aromáticos.

O que representa a Esfinge? 

Esfinges são criaturas mitológicas com corpo de leão, cabeça de gente e (às vezes) asas de pássaro. São comuns tanto na cultura egípcia quanto na grega. A Esfinge de Gizé, a mais conhecida, é um dos símbolos da realeza egípcia e foi construída por Quéfren, o quarto faraó da 4ª dinastia (2575-2465 a.C.). Hoje sabemos que a Esfinge tem o rosto desse faraó. Ela teria sido construída para ser uma espécie de guardiã.

A Esfinge foi restaurada por um príncipe da 18ª dinastia, o qual teria sonhado que a Esfinge lhe disse que ele se tornaria faraó quando fizesse isso. A areia que a cobria foi retirada, e uma estela (coluna ou placa de pedra com inscrições) foi colocada entre suas patas, para comemorar o sonho e a restauração. Hoje, por causa da erosão, a Esfinge de Gizé está sendo restaurada de novo.

Curiosamente, os árabes conhecem a Esfinge de Gizé pelo nome Abu al-Hawl, que significa "Pai do Terror". O príncipe? Esse virou faraó Tutmés (ou Tutmósis) IV, que reinou em 1401-1391 a.C.

Os antigos egípcios eram negros?

O Egito fica na África, e isso contribuiu para membros da comunidade negra dos EUA afirmarem que os egípcios eram negros. A ideia até foi difundida num clipe de Michael Jackson, para a música "Remember the Time". Mas é tudo confusão com os núbios.

A Núbia se localizava em parte do território dos atuais Egito e Sudão. Os núbios construíram um império, que incluía o famoso Reino de Kush, e tiveram intenso intercâmbio cultural com os egípcios. Também construíram pirâmides, embora não tão grandes quanto as egípcias.

No século 8º a.C., eles invadiram e conquistaram o Egito, iniciando quase um século de domínio. Os reis núbios que então governaram o país são conhecidos como "faraós negros". Já os egípcios, pelo menos em sua maioria, não eram negros, mas brancos. No entanto, vale lembrar que houve miscigenação entre egípcios e núbios.

Os faraós eram considerados deuses?

Sim. Os faraós eram tidos como descendentes de Rá ou Aton, o deus-sol. Os egípcios acreditavam que ele tinha sido o primeiro governante do Egito. A própria terra era considerada "filha" de Rá, tendo sido entregue aos cuidados do "irmão", o faraó. Para manterem a "pureza" do sangue real, os faraós casavam com as próprias irmãs.

A suposta origem divina legitimava o poder do monarca. Assim, quem se opusesse ao faraó estaria cometendo sacrilégio, porque agiria contra os próprios deuses. Hoje, vivemos numa sociedade em que governo e religião são coisas separadas. No Egito Antigo, essa distinção causaria estranheza, pois as duas coisas estavam intimamente ligadas: o faraó era autoridade tanto política quanto espiritual, e os templos e sacerdotes se mantinham com o dinheiro dos impostos.

Qual era a religião dos egípcios?

Eles eram politeístas, isto é, acreditavam em vários deuses. Alguns destes eram representados com forma humana, e outros, com corpo de gente e cabeça de bicho. Era comum que um mesmo deus tivesse mais de um nome ou fosse representado com diferentes aparências. Entre as muitas divindades egípcias, podemos destacar:

  • 1) Osíris, herói de muitas lendas, considerado o juiz dos mortos. Foi assassinado por Seth, o deus do mal, mas conseguiu ressuscitar graças à irmã e esposa, Ísis, que tinha pedido ajuda a Anúbis, deus da mumificação e protetor das tumbas. Para alguns estudiosos, a história da morte e ressurreição de Osíris representa o "renascimento" da natureza: no Egito, havia os períodos de seca e de cheia do Nilo (quando as águas invadiam as casas, destruindo quase tudo), mas depois vinham as colheitas.
  • 2) Hórus, filho de Osíris e Ísis. Enquanto Osíris reina sobre os mortos, Hórus reina sobre os vivos. Era representado com corpo de homem e cabeça de falcão.
  • 3) Anúbis, já citado. Tinha corpo de homem e cabeça de chacal, o que é bastante curioso: os chacais são carniceiros, e isso não parece adequado a uma divindade protetora das tumbas.
  • 4) Rá ou Aton: o deus-sol. Em sua homenagem, Amenófis IV (que viveu no século XIV a.C.) adotou o nome Akhenaton ("aquele que serve Aton"). Esse faraó também decretou que Aton fosse o único deus cultuado. Assim, durante seu reinado, a religião passou do politeísmo ao monoteísmo (culto a um único deus). A intenção de Amenófis IV deve ter sido aumentar seu poder pessoal e diminuir o dos sacerdotes, que eram funcionários do Estado. Após a morte desse faraó, o politeísmo foi restabelecido.

É verdade que os gatos eram sagrados no Egito?

Sim. Os gatos estavam associados à deusa Bastet, representada com corpo de mulher e cabeça de gato. Era a protetora das grávidas. Também se acreditava que a deusa garantisse as pessoas contra doenças e demônios.

Pinturas com imagens de gatos são encontradas principalmente em tumbas do chamado Novo Império (o período de 1550 a.C. a 1070 a.C., quando o Egito foi governado pela 18a, 19ª e 20ª dinastia). Eles também são mencionados em vários papiros egípcios, tanto literários quanto místicos. Alguns desses textos alertam os leitores para que tomem cuidado com demônios que assumem a forma de gato.

Uma explicação possível para a adoração aos gatos está no fato de caçarem ratos. Os egípcios dependiam do cultivo do trigo, cujos grãos, armazenados, atraem os roedores. Ao caçarem os ratos, os gatos ajudavam a controlar uma praga que podia comprometer toda a produção agrícola.

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