Afinal, quem nunca ouviu falar sobre um menino que usa um short e um capuz vermelho, fuma um cachimbo e pula com uma perna só? Ou sobre uma sereia que vive nas águas doces do rio Amazonas, é dona de uma beleza encantadora e possui uma voz que atrai os homens até as profundezas? A origem do termo folclore No ano de 1845, um arqueólogo chamado Ambrose Merton, mais conhecido pelo pseudônimo Willian John Thoms, escreveu uma carta em que utilizou, pela primeira vez, o termo de origem inglesa: folklore. No mesmo ano, o termo, que é resultado da junção das palavras folk, que significa povo, e lore, que significa conhecimento, foi levado ao conhecimento geral quando publicado pela revista londrina “The Atheneum”. A história do folclore Ao final do século XVIII, alguns estudiosos, que hoje são considerados os pioneiros dos estudos sobre o folclore, como Johann Gottfried von Herder e os irmãos Grimm, descobriram, com base em pesquisas, que a cultura popular era oposta à cultura erudita, cultivada pelas elites e instituições oficiais. Foi então que o termo folclore passou a nomear o conjunto de costumes, superstições e tradições das classes populares. Contudo, na medida em que os estudos sobre o folclore foram conquistando maior relevância, “o termo passou a designar toda a cultura nascida principalmente nas classes populares, dando ao folclore o status de história não escrita de um povo.” A história do folclore no Brasil No ano de 1878, por meio da fundação da Folklore Society, primeira associação criada para o estudo do folclore, este tema começou a ser debatido em diversos países, inclusive no Brasil. Alguns estudiosos brasileiros, influenciados pela cultura popular que se espalhava na Europa e nos Estados Unidos, começaram a pesquisar e a publicar estudos sobre as manifestações folclóricas nativas. A partir do resultado dessas pesquisas, foi criado, no Brasil, o folclorismo, disciplina dedicada aos estudos sobre o folclore. Conforme o interesse pelas manifestações folclóricas nativas foram aumentando, Dom Pedro II, com o objetivo de contribuir para a afirmação do Brasil entre as nações civilizadas, impulsionou a construção de um corpo de símbolos nacionalistas. A importância do folclore para a construção da cultura popular brasileira Ao longo dos anos, o Brasil passou por diversos momentos em que o termo folclore foi ressignificado. Entretanto, apesar das inúmeras mudanças e também da constante modernização, a lista do que é folclore não se limita a lendas e mitos. “O folclore é, digamos, o cenário, o enredo geral e o acervo de apetrechos materiais e imateriais dos quais dependem os atores humanos para desempenhar o seu papel vital. Os elementos criados pelos próprios atores não só estruturam e articulam a sua vida como também a definem, justificam e até pré-determinam, pois muitos desses elementos foram herdados de seus ancestrais, com raízes cuja origem se perde no tempo e transcende as fronteiras geográficas. Da combinação perene, viva e ininterrupta, dos cenários e enredos e das maneiras como eles interagem, se manifestam, se reproduzem e evoluem, surge a cultura desse povo, com todas as suas variantes regionais e locais, um mosaico multifacetado de expressões, modos de ser e de entender e interagir com o mundo.” Folclore (do inglês folklore: "conhecimento popular") é um gênero da cultura de origem popular,[1] que representa a identidade social de uma comunidade através de atividades culturais que nasceram, individualmente ou coletivamente, e se desenvolveram com o povo (costumes e tradições) transmitidos entre gerações.[1][2] Folclore dos Açores, trajos tradicionais.Folclorismo é uma especialidade da ciência que tem como objeto o estudo sobre o homem, os costumes e as tradições, em paralelo a antropologia (ciência que estuda todas as dimensões do homem e da humanidade).[3][4] Este tipo de cultura não é um conhecimento cristalizado, embora se enraíze em tradições que podem ter grande antiguidade, mas transforma-se no contato entre culturas distintas, nas migrações, e através dos meios de comunicação, onde se inclui recentemente a internet. Uma das funções culturais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) é orientar as comunidades no sentido de administrar sua herança folclórica, cientes de que o progresso e as mudanças que ele provoca podem tanto enriquecer uma cultura como destruí-la para sempre. O termo folclore é um neologismo de folk-lore, onde os vocábulos da língua inglesa folk significa "gente" ou "povo" e lore significa "conhecimento", passando a ter o significado de conhecimento tradicional de um povo.[5][6] Usada primeira vez na carta enviada por arqueólogo Ambrose Merton - pseudônimo de Willian Thoms - endereçada à revista londrina “The Atheneum”, que a publicou em agosto de 1845. Em comemoração instituiu-se mundialmente o Dia do Folclore em 22 de agosto.[6] Os irmãos Grimm. O interesse pelo folclore nasceu no fim do século XVIII, quando estudiosos como os Irmãos Grimm e Herder iniciaram pesquisas sobre a poesia tradicional na Alemanha e "descobriu-se" a cultura popular como oposta à cultura erudita cultivada pelas elites e pelas instituições oficiais. Logo esse interesse se espalhou por outros países e se ampliou para o estudo de outras formas literárias, músicas, práticas religiosas e outros fatos chamados na época de "antiguidades populares". Neste início de sistematização os pesquisadores procuravam abordar a cultura popular através de métodos aplicados ao estudo da cultura erudita.[3] O termo folclore passou a ser utilizado então para se referir às tradições, costumes e superstições das classes populares. Posteriormente, o termo passou a designar toda a cultura nascida principalmente nessas classes, dando ao folclore o status de história não escrita de um povo. Mesmo que o avanço da ciência e da tecnologia tenha levado ao descrédito muitas dessas tradições populares, a influência do pensamento positivista do século XIX contribuiu para dignificá-las, entendendo-as como elos em uma cadeia ininterrupta de saberes que deveria ser compreendida para se entender a sociedade moderna. Assim, com a conscientização de que a cultura popular poderia desaparecer devido ao novo modo de vida urbano, seu estudo se generalizou, ao mesmo tempo em que ela passou a ser usada como elemento principal em obras artísticas, despertando o sentimento nacionalista dos povos.[3] Depois de iniciar e frutificar na Europa, o estudo do folclore se estendeu ao Novo Mundo, chegando ao Brasil na segunda metade do século XIX através dos precursores Celso de Magalhães e Sílvio Romero, e aos Estados Unidos, onde em em 1888, William Wells Newell, Mark Twain, Rutherford Hayes e um grupo de outros interessados fundaram a Sociedade Americana de Folclore (do inglês "American Folklore Society"), que publica um jornal em atividade até hoje, o Journal of American Folklore. A contribuição dos folcloristas norte-americanos ocorreu através de pesquisas apoiadas por universidades, definindo novas fronteiras metodológicas e lançando as bases para a fundação do folclorismo como uma nova especialidade científica, paralela à antropologia.[3] Bloco de maracatu em Olinda Atualmente o folclorismo está bem estabelecido e é reconhecido como uma ciência, a ponto de tornar seu objeto, a cultura popular ou folclore, instrumento de educação nas escolas e um bem protegido genericamente pela UNESCO e especificamente por muitos países, que inseriram muitos de seus elementos constituintes em seus elencos de bens de patrimônio histórico e artístico a serem protegidos e fomentados.[2] Considera-se hoje o folclorismo um ramo das Ciências Sociais e Humanas, e seu estudo deve ser feito de acordo com a metodologia própria dessas ciências. Como parte da cultura de uma nação, o folclore deve ter o mesmo direito de acesso aos incentivos públicos e privados concedidos às outras manifestações culturais e científicas.[2] Segundo Von Gennep,
Apesar de existir uma metodologia específica para o estudo contemporâneo do folclore, já existe a consciência de que o impacto dos novos meios de comunicação sobre as culturas, populares ou eruditas, está a exigir uma reformulação nos conceitos e sistemas de análise. Já não são raros os elementos do povo que usam gravadores, câmeras de vídeo, internet ou outros meios de alta tecnologia para o registro e difusão das manifestações folclóricas, tornando a delimitação do campo de estudo e a caracterização do fato folclórico cada vez mais difíceis.[8] Roberto Benjamin, presidente da Comissão Nacional de Folclore do Brasil em 2001, declarou que O Boi-bumbá de Parintins
Pode-se dividir as manifestações folclóricas em oito categorias:[6]
Para ser considerado um fato é folclórico, deve apresentar as seguintes características: tradicionalidade, dinamicidade, funcionalidade e aceitação coletiva.[9]
Pode-se acrescentar a esses o critério da espontaneidade, já que o fato folclórico não nasce de decretos governamentais nem dentro de laboratórios científicos; é antes uma criação surgida organicamente dentro do contexto maior da cultura de uma certa comunidade. Mesmo assim, em muitos locais já estão sendo feitos esforços por parte de grupos e instituições oficiais no sentido de se recriar inteiramente, nos dias de hoje, fatos folclóricos já desaparecidos, o que deve ser encarado com reserva, dado o perigo de falsificação do fato folclórico. Também deve ser regional, ou seja, localizado, típico de uma dada comunidade ou cultura, ainda que similares possam ser encontrados em países distantes, quando serão analisados como derivação ou variante.[8]
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