O que aconteceu com drummond em 1986

Carlos Drummond de Andrade (Itabira, 31 de outubro de 1902 — Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987) foi um poeta, farmacêutico, contista e cronista brasileiro, considerado por muitos o mais influente poeta brasileiro do século XX.[1] Drummond foi um dos principais poetas da segunda geração do modernismo brasileiro, embora sua obra não se restrinja a formas e temáticas de movimentos específicos.[2]

O que aconteceu com drummond em 1986
Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade Nascimento 31 de outubro de 1902
Itabira, Minas Gerais Morte 17 de agosto de 1987 (84 anos)
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro Nacionalidade brasileiro Cônjuge Dolores Dutra de Morais (1925–1987) Filho(a)(s) Carlos Flávio
Maria Julieta Drummond de Andrade Alma mater Universidade Federal de Minas Gerais Ocupação Poeta, farmacêutico, cronista e contista Prêmios Prêmio Jabuti 1968

Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (1973)
Prêmio Morgado de Mateus (1980)
Prêmio Juca Pato (1982)
Ordem do Mérito Cultural (2010)

Movimento literário Modernismo Magnum opus A Rosa do Povo (1945) Assinatura
O que aconteceu com drummond em 1986
Carlos Drummond de Andrade Chefe de Gabinete do Ministério da Educação do Brasil Período 23 de julho de 1934
até 30 de outubro de 1945 Ministro Gustavo Capanema Chefe de Gabinete do Presidente de Minas Gerais Período 5 de setembro de 1933
até 15 de dezembro de 1933 Presidente Gustavo Capanema
O que aconteceu com drummond em 1986

Os temas de sua obra são vastos e empreendem desde questões existenciais, como o sentido da vida e da morte, passando por questões cotidianas, familiares e políticas, como a utopia socialista, dialogando sempre com correntes tradicionais e contemporâneas de sua época. As características formais e estilísticas de sua obra também são vastas, destacando-se, por vezes, o dialeto mineiro.[3]

Drummond nasceu na cidade de Itabira, em Minas Gerais. Sua memória dessa cidade viria a permear parte de sua obra. Seus antepassados, tanto do lado materno como paterno, pertencem a famílias de origem escoto-madeirense[4][5]há muito tempo estabelecidas no Brasil.[6] Posteriormente, foi estudar no Colégio Arnaldo, em Belo Horizonte, e no Colégio Anchieta, dos jesuítas, em Nova Friburgo.[7] Formado em farmácia pela Universidade Federal de Minas Gerais,[8] com Emílio Moura e outros companheiros, fundou "A Revista", para divulgar o modernismo no Brasil.[9]

Em 1925, casou-se com Dolores Dutra de Morais, com quem teve dois filhos, Carlos Flávio, que viveu apenas meia hora[10] (e a quem é dedicado o poema "O que viveu meia hora", presente em Poesia completa, Ed. Nova Aguilar, 2002), e Maria Julieta Drummond de Andrade.

 

Itabira, 1955. Arquivo Nacional.

No mesmo ano em que publica a primeira obra poética, "Alguma poesia" (1930), o seu poema Sentimental é declamado na conferência "Poesia Moderníssima do Brasil",[1] feita no curso de férias da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, pelo professor da Cadeira de Estudos Brasileiros, Dr. Manoel de Souza Pinto, no contexto da política de difusão da literatura brasileira nas Universidades Portuguesas. Nos anos 1940, Drummond ingressou nas fileiras do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e chegou a dirigir um jornal do Partido no Rio de Janeiro, onde realizou uma entrevista com o dirigente do partido Luis Carlos Prestes ainda na cadeia.[11][12] Existe colaboração de sua autoria no semanário Mundo Literário[13] (1946–1948) e na revista luso-brasileira Atlântico [14]. A 5 de abril de 1975, foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, de Portugal.[15]

 

Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, 1954. Arquivo Nacional.

Durante a maior parte da vida, Drummond foi funcionário público, embora tenha começado a escrever cedo e prosseguisse escrevendo até seu falecimento, que se deu em 1987 no Rio de Janeiro, doze dias após a morte de sua filha.[16] Além de poesia, produziu livros infantis, contos e crônicas. Sua morte ocorreu por infarto do miocárdio e insuficiência respiratória.[17]

Em 1987, meses antes de sua morte, a escola de samba Mangueira o homenageou no Carnaval com o enredo "O Reino das Palavras", sagrando-se campeã do Carnaval Carioca naquele ano.[18]

Drummond, como os modernistas, segue a libertação proposta por Mário de Andrade e Oswald de Andrade; com a instituição do verso livre, mostrando que este não depende de um metro fixo.[1] Se dividirmos o modernismo numa corrente mais lírica e subjetiva e outra mais objetiva e concreta, Drummond faria parte da segunda, ao lado do próprio Oswald de Andrade.[1]

 

Troféu Carlos Drummond Andrade, uma láurea da coluna social itabirana para personalidades de destaque.

Quando se diz que Drummond foi o primeiro grande poeta a se afirmar depois das estreias modernistas, não se está querendo dizer que Drummond seja um modernista. De fato, herda a liberdade linguística, o verso livre, o metro livre, as temáticas cotidianas.[1]

Mas vai além. "A obra de Drummond alcança — como Fernand

 

Poema Papel, de Drummond, pintado numa parede da cidade de Leida, nos Países Baixos

o Pessoa ou Jorge de Lima, Herberto Helder ou Murilo Mendes — um coeficiente de solidão, que o desprende do próprio solo da história, levando o leitor a uma atitude livre de referências, ou de marcas ideológicas, ou prospectivas", afirma Alfredo Bosi (1994).

Affonso Romano de Sant'ana costuma estabelecer a poesia de Carlos Drummond a partir da dialética "eu x mundo", desdobrando-se em três atitudes:

  • Eu maior que o mundo — marcada pela poesia irônica
  • Eu menor que o mundo — marcada pela poesia social
  • Eu igual ao mundo — abrange a poesia metafísica

 

Foto do "Memorial Carlos Drummond de Andrade", em Itabira.

Sobre a poesia política, algo incipiente até então, deve-se notar o contexto em que Drummond escreve. A civilização que se forma a partir da Guerra Fria está fortemente amarrada ao neocapitalismo, à tecnocracia, às ditaduras de toda sorte, e ressoou dura e secamente no eu artístico do último Drummond, que volta, com frequência, à aridez desenganada dos primeiros versos: A poesia é incomunicável / Fique quieto no seu canto. / Não ame.[1] Muito a propósito da sua posição política, Drummond diz, curiosamente, na página 82 da sua obra "O Observador no Escritório", Rio de Janeiro, Editora Record, 1985, que "Mietta Santiago, a escritora, expõe-me sua posição filosófica: Do pescoço para baixo sou marxista, porém do pescoço para cima sou espiritualista e creio em Deus." No final da década de 1980, o erotismo ganha espaço na sua poesia até seu último livro.

  • Alguma Poesia (1930)
  • Brejo das Almas (1934)
  • Sentimento do Mundo (1940)
  • José (1942)
  • A Rosa do Povo (1945)
  • Novos Poemas (1948)
  • Claro Enigma (1951)
  • Fazendeiro do Ar (1954)
  • Viola de Bolso (1955)
  • A Vida Passada a Limpo (1959)
  • Lição de Coisas (1962)
  • Versiprosa (1967)
  • Boitempo (1968)
  • A Falta que Ama (1968)
  • Nudez (1968)
  • As Impurezas do Branco (1973)
  • Menino Antigo (Boitempo II) (1973)
  • A Visita (1977)
  • Discurso de Primavera e Algumas Sombras (1977)
  • O marginal Clorindo Gato (1978)
  • Esquecer para Lembrar (Boitempo III) (1979)
  • A Paixão Medida (1980)
  • Caso do Vestido (1983)
  • Corpo (1984)
  • Eu, Etiqueta (1984)
  • Amar se Aprende Amando (1985)
  • Poesia Errante (1988)
  • O Amor Natural (1992)
  • Farewell (1996)
  • Os Ombros Suportam o Mundo (1935)
  • Futebol a Arte (1970)
  • Da Utilidade dos Animais
  • Elegia (1938)
  • Poesia até Agora (1948)
  • A Última Pedra no meu Caminho (1950)
  • 50 Poemas Escolhidos pelo Autor (1956)
  • Antologia Poética (1962)
  • Seleta em Prosa e Verso (1971)
  • Amor, Amores (1975)
  • Carmina Drummondiana (1982)
  • Boitempo I e Boitempo II (1987)
  • Minha Morte (1987)
  • O Elefante (1983)
  • História de Dois Amores (1985)
  • O Pintinho (1988)
  • Rick e a Girafa[19]
  • Confissões de Minas (1944)
  • Contos de Aprendiz (1951)
  • Passeios na Ilha (1952)
  • Fala, Amendoeira (1957)
  • A Bolsa & a Vida (1962)
  • A Minha Vida (1964)
  • Cadeira de Balanço (1966)
  • Caminhos de João Brandão (1970)
  • O Poder Ultrajovem e mais 79 Textos em Prosa e Verso (1972)
  • De Notícias & Não-notícias Faz-se a Crônica (1974)
  • 70 Historinhas (1978)
  • Contos Plausíveis (1981)
  • Boca de Luar (1984)
  • O Observador no Escritório (1985)
  • Tempo Vida Poesia (1986)
  • Moça Deitada na Grama (1987)
  • O Avesso das Coisas (1988)
  • Auto-retrato e Outras Crônicas (1989)
  • As Histórias das Muralhas (1989)

 

Famosa estátua de Drummond na Praia de Copacabana.

 

Estátuas Dois poetas, na cidade de Porto Alegre. Em pé, Carlos Drummond de Andrade. Sentado, Mário Quintana. Drummond tinha um livro de bronze nas mãos, que foi roubado. As pessoas agora colocam sempre um livro nas mãos do poeta. Na foto, o livro que está com ele é "Diário de um Ladrão", do Jean Genet. 

Drummond já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Carlos Gregório e Pedro Lito no filme Poeta de Sete Faces (2002)[20] e Ivan Fernandes na minissérie JK (2006).

Também teve sua efígie impressa nas notas de NCz$ 50,00 (cinquenta cruzados novos) em circulação no Brasil entre 1988 e 1990.

Atualmente, também, há representações em Esculturas do Escritor, como é o caso das estátuas 'Dois poetas', na cidade de Porto Alegre, e também 'O Pensador', na praia de Copacabana no Rio de Janeiro, além de um memorial em sua homenagem na cidade de Itabira.

Referências

  1. a b c d e f «Carlos Drummond de Andrade». UOL - Biografias. Consultado em 21 de setembro de 2012 
  2. «Poesia na Segunda Geração do Modernismo». Consultado em 11 de dezembro de 2015 
  3. Achcar, Francisco (1993). A rosa do povo e claro enigma: Carlos Drummond de Andrade: roteiro de leitura. Sâo Paulo: Ática. ISBN 9788508043804 
  4. «Os Drummond de Itabira, ascendentes do Barão de Drummond e do poeta Carlos Drummond de Andrade». Folha de São Paulo. 2 de junho de 1957. Consultado em 28 de fevereiro de 2022 
  5. Drummond, Antônio Augusto de Menezes (1937). «A heráldica da casa de Drummond». Instituto Genealógico Brasileiro. Revista do Instituto Genealógico Brasileiro. vol. 1: pág. 52  |acessodata= requer |url= (ajuda)
  6. «A linha de sangue de Drummond». Diário de Notícias. 5 de janeiro de 2008. Consultado em 25 de fevereiro de 2022 
  7. «Linha do tempo». Projeto Memória. Consultado em 3 de junho de 2012 
  8. Boletim da UFMG (22 de agosto de 2001). «Farmácia já vive expectativa de mudança para o campus». Boletim da UFMG. Consultado em 13 de novembro de 2014 
  9. «As Revistas». Projeto Memória. Consultado em 3 de junho de 2012 
  10. Santiago, Silviano; Coelho Frota, Lélia. Correspondência de Carlos Drummond de Andrade e Mário de Andrade Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2002. pp. 282.
  11. «.: Gramsci e o Brasil :.». www.acessa.com. Consultado em 12 de dezembro de 2020 
  12. admin (31 de outubro de 2017). «Carlos Drummond de Andrade». PCB - Partido Comunista Brasileiro. Consultado em 12 de dezembro de 2020 
  13. Helena Roldão (27 de janeiro de 2014). «Ficha histórica: Mundo literário : semanário de crítica e informação literária, científica e artística (1946–1948)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 3 de Novembro de 2014 
  14. Helena Roldão (12 de dezembro de 2012). «Ficha histórica:Atlântico: revista luso-brasileira (1942-1950)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 25 de Novembro de 2019 
  15. «Entidades Estrangeiras Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Carlos Drummond de Andrade". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 7 de setembro de 2020 
  16. «Carlos Drummond de Andrade - Biografia». Veja. Consultado em 29 de setembro de 2008 
  17. Veja. São Paulo: edição 990, 26 de agosto de 1987, pág. 109.
  18. Lp dos Sambas de Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1-A. Rio de Janeiro: 1987.
  19. «Rick e a Girafa». Livraria da Folha 
  20. «O Cinema». Projeto Memória. Consultado em 3 de junho de 2012 

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