A tradição sugere que cristãos não devem consumir carne no feriado de Sexta-Feira Santa, quando o bacalhau costuma entrar em cena – ou na mesa – para substituir a proteína e estrelar o cardápio de Páscoa. A origem de tal costume é evidentemente religiosa, como parte essencial das práticas cristãs ao redor de uma das datas mais importantes do calendário da Igreja, mas o que ele representa? E qual é de fato o hábito alimentar recomendado pela Igreja, as escrituras e a própria recomendação oficial do Vaticano para o cardápio da data que reconhece o sacrifício de Jesus Cristo, de acordo com o que diz a Bíblia? Show -Páscoa e Carnaval: como é feito o cálculo dos dois primeiros feriados do ano? A abstinência de carne representa o respeito ao sofrimento atravessado por Jesus, segundo a bíblia, para salvar os pecados da humanidade. Segundo o Código de Direito Canônico, livro que determina as regras da Igreja Católica e de seus seguidores, porém, a recomendação de renunciar à carne vai além, sugerindo outros atos de sacrifício, como jejum, para a prática, que deve se estender por todo a quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa, e mais: de acordo com a página 365 do Código, a correta conduta exige que se abra mão do consumo de carne em todas as sextas-feiras do ano, e não só a santa – e nem se restringe à carne de boi. -Muçulmano quebra Ramadam para doar sangue e salvar a vida de homem hindu “Na pedagogia da Igreja, há tempos em que os cristãos são especialmente convidados à prática da penitência, a Quaresma, e todas as sextas-feiras do ano”, diz o trecho, no livro, que define a tradição. “A penitência é uma expressão muito significativa da união dos cristãos ao mistério da Cruz de Cristo. Por isso, a Quaresma, enquanto primeiro tempo de celebração anual da Páscoa, e a sexta-feira, enquanto dia da morte do Senhor sugerem naturalmente a prática da penitência”, diz o texto, que também explica que o jejum se define pela limitação a uma única refeição por dia. -As polêmicas e controvérsias por trás de ‘O Juízo final”, de Michelangelo Curiosamente, o Código cristão se refere somente e generalizadamente à renúncia de “carne”, sem determinar qual origem animal do alimento proibido, como símbolo de abstinência e escolha por uma “alimentação simples e pobre” para representação sacrificial. “A sua concretização na disciplina tradicional da Igreja era a abstenção de carne. Será muito aconselhável manter estar forma de abstinência, particularmente nas sextas-feiras da Quaresma”, diz o livro. A substituição da carne vermelha por carne de peixe e especialmente de bacalhau, portanto, não é realmente aceita ou recomendada pela Igreja Católica, e se mantêm como uma tradição criada a partir de uma leitura equivocada das escrituras, ou simplesmente por uma – saborosa – conveniência. Entenda a tradição de não comer carne na Sexta-Feira Santa A abstenção de carne na Sexta-Feira Santa acontece em respeito ao derramamento do sangue de Jesus Cristo durante o seu sacrifício
Hoje em dia, a prática da privação de carne durante a Sexta-Feira Santa segue vigente (Foto: Reprodução)
Uma das principais datas do calendário religioso do cristianismo é a Páscoa, comemoração que relembra a crucificação e celebra a ressurreição de Jesus Cristo, e durante a Semana Santa, existe a tradição de não consumir carne, especificamente na Sexta-Feira Santa. Durante o período, os fiéis observam muitas práticas e tradições que são ligadas, principalmente, ao catolicismo, e uma das mais conhecidas diz respeito à abstinência de carne na Sexta-feira Santa. Afinal, por que a Igreja Católica recomenda aos fiéis não se alimentarem de carne vermelha na Sexta-Feira Santa? Dentro da tradição da Igreja Católica, a Sexta-Feira Santa, também conhecida como Sexta-Feira da Paixão, é um dia reservado para a prática da abstinência. Essa tradição milenar do catolicismo opõe-se ao consumo de carne vermelha e de frango nesse dia. Dentro desse costume, é comum que nesse dia as pessoas substituam o consumo dessas carnes pelo consumo de peixe. A tradição de jejuar na Sexta-Feira Santa, provavelmente, teve sua origem na Idade Média. Isso porque outra tradição do catolicismo surgiu nesse período: a de jejuar toda sexta-feira. No século IX, durante o pontificado de Nicolau I, foi imposta a prática de abdicar de carne toda sexta-feira a todos os cristãos maiores de sete anos. Nos primeiros tempos dessa prática, era comum que as pessoas abstivessem-se nas quartas e nas sextas e, além da carne, as pessoas não consumiam laticínios e ovos também. A prática, no entanto, perdeu força, e a Igreja defende atualmente a abstenção apenas na sexta. Hoje em dia, a prática da privação de carne durante a Sexta-Feira Santa segue vigente. Existem aqueles que ainda fazem o jejum na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa. O mais comum entre aqueles que praticam o jejum é de realizá-lo apenas na Sexta-Feira Santa. A abstenção de carne na Sexta-Feira Santa acontece em respeito ao derramamento do sangue de Jesus Cristo durante o seu sacrifício. Além disso, muitos religiosos destacam que a realização do jejum é uma prática daqueles que desejam ser afastados do pecado. Com informações do Portal Brasil Escola*
Muita gente pergunta por que não se pode comer carne na Sexta-feira Santa, mas, mesmo sem saber o motivo, segue o hábito, em geral aprendido na infância. A Igreja Católica recomenda essa privação como forma de lembrar o sacrifício que Jesus fez, morrendo na Cruz para nos salvar. Abster-se de carne e jejuar na Sexta-feira Santa é uma prática plurissecular da Igreja. Saiba em detalhes o que a Bíblia diz sobre a celebração da Páscoa e o que comer em substituição à carne na Sexta-feira da Paixão. Comer carne na Sexta-feira Santa: históriaO Código de Direito Canônico (livro de regras da Igreja Católica) recomenda que a abstinência de carne deve ser feita em todas as sextas-feiras do ano, e não apenas na Sexta-feira Santa. Essa privação deve ser acompanhada pelo jejum e estudo da Bíblia. Porém, com o tempo essa referência caiu em desuso. A questão vai além de por que não se pode comer carne na Sexta-feira Santa. Não podemos esquecer que, para respeitar o sacrifício de Jesus Cristo descrito na Bíblia, não devemos, antes de qualquer coisa, causar sofrimento a quem quer que seja. Seu ensinamento é Amar uns aos outros como Ele nos amou. Muitos católicos se abstêm da carne todas as quartas e sextas feiras durante a Quaresma (período de 40 dias que antecedem a Páscoa), mas essa prática não é mais tão comum quanto antigamente. As crianças, os idosos e as pessoas doentes são isentas desse sacrifício.
O que a Bíblia fala sobre comer carne na Sexta-feira da Paixão?A Bíblia não fala especificamente sobre comer ou não carne na Sexta-feira Santa; o que se fala é em jejum e abstinência, representando o sacrifício de Cristo. Em Gênesis 9:3, após o Diluvio, Deus dá todos os animais ao homem como alimento. Abraão ofereceu carne de novilho ao anjo do Senhor para comer (Gênesis 18:8). Muitos dos rituais judeus apresentados no Antigo Testamento implicavam em comer carne de cordeiros ou bezerros sacrificados. No Novo Testamento, vemos que Jesus comeu peixe (Lucas 24:41-43) e provavelmente cordeiro também. No início da Igreja, com a conversão de pessoas que não eram judias, gerou-se muita dúvida sobre se era permitido comer carne e de que tipo. Os apóstolos chegaram à conclusão que era bom comer carne e que não se devia fazer distinção entre animais para comer, tal como não se devia fazer distinção entre pessoas. Afinal, por que não se pode comer carne na Sexta-feira Santa?Hoje em dia, a Igreja não fala mais sobre “obrigação” ou “proibição”, apenas faz uma “recomendação” de se fazer jejum e não comer carne na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira da Paixão. Você pode escolher outro sacrifício que demonstre sua disposição em abrir mão de algo do seu cotidiano para mostrar a Jesus Cristo sua gratidão pelo grande sacrifício que Ele fez para nos salvar dos pecados do mundo. Se você se pergunta por que não pode comer carne na Sexta-feira Santa, saiba que o Catecismo da Igreja Católica vê o jejum e a abstinência da carne como uma “virtude moral que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados”. Essa prática “assegura o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos dentro dos limites da honestidade”. A CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, afirma que o fiel católico brasileiro pode substituir a abstinência da carne por uma obra de caridade, um ato de piedade ou ainda substituir a carne por outro alimento que não será consumido neste período, como um ato de fé.
O que comer na Sexta-feira SantaSe você deseja, portanto, evitar comer carne vermelha nesta data especial, o ideal é trocar pela carne de peixe. Muitas pessoas têm dúvida se podem substituir a carne vermelha pela carne branca de aves, mas diversos padres e bispos católicos explicam que, como a carne simboliza o corpo de Cristo, e a carne de aves também sangra muito ao corte, não deve ser consumida. Entre todos os peixes, o prato clássico da Sexta-feira Santa é o bacalhau. A tradição veio com os colonizadores portugueses, que tinham acesso fácil ao peixe e, quando vieram para o Brasil, perceberam que era possível importá-lo sem perder qualidade e sabor. No entanto, alguns padres seguem outra linha e não recomendam o consumo de bacalhau, por ser um peixe muito caro no Brasil. Como a Páscoa celebra a abstinência, usar a data para consumir algo sofisticado pode ter o sentido contrário. Mais do que o que se põe na mesa na Sexta-feira Santa, o importante mesmo é estar com a mente e o coração em contato com Deus, agradecendo pela salvação que Jesus Cristo nos proporcionou com sua morte na cruz. Celebre: é tempo de renovação! Leia também: |