Compreender a regência de um determinado verbo é, sem dúvida, analisar a relação que se estabelece entre ele e aqueles elementos que lhe servirão de complemento (este pode ser acompanhado ou não de uma preposição). Nesse sentido, o artigo em evidência tem por finalidade abordar a regência do verbo “falar”; diga-se de passagem, um verbo bastante recorrente. Assim, analisemos alguns exemplos, os quais nos servirão de referência: Ela fala bobagens. Nesse contexto, o verbo “falar” se classifica como transitivo direto, cujo complemento “bobagens” representa o objeto direto. Os professores falaram com os alunos. Já nesse, o verbo em questão se classifica como transitivo indireto, haja vista que o termo em destaque se classifica como objeto indireto, dada a presença da preposição “com”. Ele falou-lhe fatos passados. Trata-se agora de um verbo transitivo direto e indireto simultaneamente, em razão do “lhe” atuar como objeto indireto e “fatos passados” como objeto direto. Os professores falaram com os alunos sobre o passeio ciclístico. Temos o que chamamos de verbo bitransitivo indireto, haja vista a questão de ele estar acompanhado de dois complementos preposicionados. A criança já fala. Temos aqui um verbo intransitivo, pois o “já” atua como termo acessório, retratando um adjunto adverbial de tempo.
Retomemos alguns conceitos acerca dos fatos linguísticos, dando ênfase à relação estabelecida entre sujeito x verbo e verbo x complementos. Para tanto, analisemos os exemplos que seguem: O ônibus partiu rapidamente. No primeiro enunciado linguístico, a relação estabelecida entre o sujeito e o verbo se dá sem intermédio de complemento, haja vista que “rapidamente” atua, em termos sintáticos, como um adjunto adverbial de modo. Já no segundo, a situação não é mais a mesma, visto que o verbo requer algo que lhe complete o sentido – “o bolo”, portanto, representa o objeto direto. Ambas as análises nos fazem constatar que em determinados conceitos as relações estabelecidas necessitam ou não de complemento – o que, em termos linguísticos, é chamado de predicação. Dessa forma, tendo em vista a natureza da predicação, os verbos podem se classificar em intransitivos (como é o caso do primeiro exemplo); transitivos, podendo ser diretos (como é o caso do segundo enunciado - sem a preposição) ou indiretos (dada a existência da preposição); transitivos diretos e indiretos; bitransitivos indiretos, entre outros. Feitas essas considerações, partamos agora rumo à concretização de nosso principal objetivo: analisar a transitividade do verbo “falar”. Subsidiar-nos-emos, portanto, nos exemplos a seguir: Pedro falou bobagens. Aqui, semelhantemente a uma situação antes mencionada, o verbo em questão (falar) possui predicação incompleta, ou seja, precisa de algum termo que lhe complete o sentido. Como tal, classifica-se como transitivo direto, sendo que “bobagens” representa o objeto direto. Os professores falaram com os alunos. Neste contexto ele também pede um complemento, só que com preposição. O termo em destaque atua como objeto indireto. Assim, o verbo “falar”, nesse caso, classifica-se como transitivo indireto. Pedro falou-lhe bobagens. Temos agora dois complementos: “bobagens”, atuando como objeto direto, e o pronome oblíquo “lhe”, representando objeto indireto, haja vista que indica a pessoa com quem se falou. Dessa forma, o verbo em estudo se classifica como transitivo direto e indireto. Os professores falaram com os alunos perante o diretor . Infere-se por meio desse exemplo que o verbo “falar” se encontra acompanhado de dois complementos regidos por preposições: com os alunos – representando o primeiro complemento / perante o diretor– representando o segundo complemento. Tal ocorrência determina, conforme os preceitos gramaticais, que se trata de um verbo bitransitivo indireto. A criança já fala. Constatamos que aqui o verbo possui sentido por si só, classificando-se, portanto, como intransitivo. Aproveite para conferir a nossa videoaula relacionada ao assunto: |