Leia o texto e responda as questões como podemos relacionar

LEIA O TEXTO E RESPONDA AS QUESTÕES. SE  FOR   NO CADERNO COPIE AS QUESTÕES COMPLETAS E DEPOIS RESPONDA. AO ENVIAR A ATIVIDADE ESCREVA SEU NOME, DATA E SÉRIE.

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CORREÇÕES:   RESPONDA DIRETAMENTE NA APOSTILA. NO CADERNO COPIE TODO O ENUNCIADO DAS QUESTÕES E DEPOIS RESPONDA.

01 – Os movimentos que realizamos no dia a dia é uma forma de comunicação com o mundo. De que forma podemos relacionar esses movimentos com a dança?

RESPOSTA PESSOAL.

02 – A dança pode interligar vários tipos de artes? Justifique sua resposta?

Sim. A dança é uma arte que utiliza o corpo, os movimentos e os gestos para comunicar, expressar ideias, sensações, sentimentos, contar histórias e emocionar. Dançarinos, bailarinos e coreógrafos criam e se expressam por meio da dança, linguagem artística que tem o corpo como fonte, linguagem e instrumento de pesquisa e criação.

04 – Cite uma característica fundamental da dança contemporânea.

Uma característica fundamental da dança contemporânea é que ela diversifica os movimentos levados aos palcos, criando coreografias não somente a partir dos passos de dança, mas também inspiradas em
movimentos e gestos cotidianos. Nossos gestos, ações e reações corporais, maneiras de nos movimentar, posições em que ficamos parados e nossa forma de nos e acessar ao outro são tão diversos quanto carregados de expressão.

De que forma podemos relacionar o que foi identificado nas questões anteriores à atuação do Serviço de Proteção aos Índios?

RESPOSTA:

A atuação do SPI pode ser relacionada à polêmica e ao projeto positivista de 1890 por considerar que os povos indígenas deviam ser “civilizados” e precisavam da proteção do Estado.

Conectando com a biologia

4. Leia o texto e responda às questões.

O renascimento do Tâmisa

“O Rio Tâmisa, que cruza a capital britânica, Londres, já foi chamado de ‘O Grande Fedor’ e declarado ‘biologicamente morto’, mas, atualmente, vive uma espécie de renascimento. [...]

Hoje a situação mudou tanto que cada vez mais animais se aventuram rio acima. Focas já foram vistas até em localidades no sudoeste, além do centro de Londres, como Teddington e o Palácio de Hampton Court.

Grandes grupos de golfinhos e botos também já foram avistados perto de Kew Gardens e Deptford.”

Rio Tâmisa de Londres tem focas e baleias 50 anos após “morte” por poluição. BBC Brasil, 21 ago. 2015. Disponível em . Acesso em 23 jan. 2016.

a) Como podemos relacionar a poluição do Rio Tâmisa, entre os séculos XVIII e XIX, e a Revolução Industrial? Explique.

b) Por quais motivos o Rio Tâmisa vive hoje “uma espécie de renascimento”? Quais são os sinais dessa transformação?

c) Na região onde você vive, existe algum rio poluído? Caso exista, que medidas poderiam ser tomadas para sua recuperação?

5. Leia a tirinha a seguir e responda:

Frank & Ernest, Bob Thaves © 1996 Thaves / Dist. by Universal Uclick for UFS

Frank & Ernest (1996), tirinha de Bob Thaves.

a) Como a Revolução Industrial alterou a relação dos trabalhadores com o processo de produção?

b) Relacione as formas de trabalho estabelecidas na Revolução Industrial à situação apresentada nesta tira.

Investigando



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Edição de texto: Maria Clara Antonelli, Thais Videira, Letícia de Oliveira Raymundo, Edmar Ricardo Franco, Pamela Shizue Goya

Assistência editorial: Rosa Chadu Dalbem, Mônica Reis

Preparação de texto: Sandra Lia Farah, Denise Ceron

Assessoria didático-pedagógica: Maria Lídia Vicentin Aguilar, André Tomio Lopes Amano

Gerência de design e produção gráfica: Sandra Botelho de Carvalho Homma

Coordenação de produção: Everson de Paula

Suporte administrativo editorial: Maria de Lourdes Rodrigues (Coord.)

Coordenação de design e projetos visuais: Marta Cerqueira Leite

Projeto gráfico: Mariza de Souza Porto, Adriano Moreno Barbosa

Capa: Douglas Rodrigues José


Foto: Turista fotografa pintura rupestre no Parque Nacional Serra da Capivara. São Raimundo Nonato (PI), foto de 2010. © Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo

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Atividades 182
Decifrando o Enem 183
Questões do Enem e de vestibulares 184

CAPÍTULO 11 Da Regência ao Segundo Reinado, 186
Período regencial 187

Regência Trina, 187 / Regência Una, 188 Revoltas regenciais 189

Rusgas Cuiabanas: Mato Grosso, 1834, 189 / Cabanagem: Pará, 1835-1840, 189 / Revolta dos Malês: Bahia, 1835, 190 / Guerra dos Farrapos: Rio Grande do Sul, 1835-1845, 191

Golpe da Maioridade 192 Política no Segundo Reinado 193

Fortalecimento do poder central, 193 / Rebelião Praieira: Pernambuco, 1848, 194 / Parlamentarismo à moda brasileira, 195

Sua majestade, o café 196

Brasil: exportação de café no século XIX, 197 / Expansão das ferrovias, 197

Outras atividades econômicas 198 Sociedade em transformação 199

Incentivos à produção industrial, 200 / Fim do tráfico negreiro, 200 / Lei de Terras, 201 / Desenvolvimento urbano, 201 / Escravos e imigrantes no Sudeste, 202

Guerra do Paraguai 203 Isolamento paraguaio, 203

Aprenda mais: Batalhas no Paraguai 204

Leis abolicionistas 206 Proclamação da república 206

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Incas – filhos do Sol

O Império Inca, o mais extenso da América pré-colombiana, surgiu no século XII, nas terras em torno do núcleo quíchua de Cuzco, no Peru, e expandiu-se em várias direções. Viviam cerca de 15 milhões de habitantes num território que abrangia terras dos atuais Peru, Equador e Bolívia.

Formado por diversos povos, predominantemente por aqueles que falavam a língua quíchua, o Império constituía uma monarquia teocrática, na qual o governante, o Inca (ou Sapa Inca), era considerado descendente direto do Sol e adorado como um deus. Ele era também legislador e o comandante supremo do Exército. Podia ter várias mulheres, além da coya, a esposa principal, escolhida entre suas irmãs.

No Império, a agricultura era a principal atividade econômica, e o trabalho dos camponeses sustentava diretamente os setores privilegiados: a nobreza local, os funcionários, a família do imperador e o próprio Inca. Os camponeses plantavam abacate, batata, milho, quinoa, entre outros alimentos, e também forneciam dias de trabalho para a construção de canais de irrigação e das estradas que cortavam todo o território.

A prática da agricultura estava estreitamente ligada ao ayllu, uma forma de organização da população que, mesmo vivendo dispersa, estava unida por laços de parentesco, sociais e religiosos. Antes do domínio inca, as terras pertenciam a todos os membros do ayllu e eram cultivadas comunitariamente. O curaca, líder de cada ayllu, era responsável por dividir as terras para o cultivo e pelo armazenamento da produção. Com a dominação inca, os indígenas permaneceram organizados em ayllus, mas as terras passaram a pertencer ao Estado, que as dividia em terras do imperador, do Estado e do povo.

Em termos culturais, os incas destacaram-se como hábeis construtores de estradas e de cidades, com destaque para Cuzco e Machu Picchu. Utilizavam a alpaca e a lhama para transportar cargas, fornecer lã e alimento. Seus sacerdotes e sábios conheciam a astronomia e dominavam conceitos matemáticos, tendo desenvolvido um sistema numérico decimal. Os incas, que não conheciam a escrita, instituíram um método contábil singular, com base em um conjunto de cordões conhecido como quipo.




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Page 5

Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2003. p. 238.

Os povos ameríndios ao sul do Império Inca

A derrota dos incas e o estabelecimento de um progressivo domínio espanhol na região dos Andes Centrais, onde estão os atuais Peru e Bolívia, não significaram o domínio de toda a porção da América do Sul que faria parte da América espanhola.

A região sul da América do Sul, por exemplo, foi tomada pelos espanhóis em um processo mais lento, difícil e, portanto, com mais espaço para a manutenção de autonomia política e de resistência por parte de muitos povos ameríndios, como os Chiriguano, da região do atual Paraguai, e os Araucano, da região do atual Chile. Esses povos resistiram ao domínio espanhol durante praticamente todo o período colonial e, portanto, de algum modo, não chegaram a ser conquistados.

A revolta dos incas contra os espanhóis, liderada por Manco Capac II, conseguiu muitos êxitos, tanto que os ameríndios quase tomaram Lima, cidade fundada pelos espanhóis em 1535, na costa do Peru.

Página 16

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Page 6

Resistência indígena ao trabalho forçado

A brutalidade do repartimiento e a exploração das comunidades pelos encomenderos provocaram muitas revoltas indígenas. A resposta dos governos coloniais a essas revoltas foi violenta e, em muitos casos, dizimou comunidades indígenas inteiras.

No final de 1780, o indígena José Gabriel Condorcanqui Noguera liderou uma rebelião contra o Vice-Reino do Peru que reuniu cerca de 40 mil nativos. Noguera, cacique na região de Tinta, dizia que era descendente de Túpac Amaru, último imperador inca, executado pelos espanhóis no século XVI. Por isso, adotou o nome de Túpac Amaru II.

Túpac agiu inicialmente de forma pacífica, solicitando às autoridades que os indígenas da sua região não fossem obrigados a pagar a mita nas minas de Potosí. O governo do vice-reino negou o pedido, e os índios recorreram às armas e deram início à Revolta de Túpac Amaru II. Após vencerem algumas batalhas, no início de 1781, os índios foram derrotados e seus líderes, presos. Em maio, Túpac, sua mulher e seu filho foram condenados à morte e executados na cidade de Cuzco, e os restos mortais de Túpac foram exibidos publicamente para servir de exemplo e desencorajar novas revoltas indígenas.

A derrota de Túpac Amaru II não extinguiu os movimentos de resistência indígena. Ainda no ano de 1781 ocorreram novas revoltas no Vice-Reino do Peru, em La Paz e em Cuzco. As rebeliões, de modo geral, eram contra a exploração forçada e desumana do trabalho dos indígenas, especialmente nas minas. Página 20




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Page 7

Comércio triangular

A autonomia concedida pela Inglaterra às suas colônias na América facilitou o surgimento de relações comerciais diversificadas, como o chamado comércio triangular, que consistia em negociações comerciais diretas entre as Treze Colônias, as Antilhas e a África.

Os colonos da Nova Inglaterra compravam açúcar e melaço nas Antilhas, transformavam o melaço em rum e trocavam a bebida por escravos na costa africana.

Por sua vez, os africanos escravizados eram vendidos para as Antilhas e as colônias do sul, onde eram utilizados como mão de obra nas grandes propriedades monocultoras.

Parte dos altos lucros obtidos pela Nova Inglaterra era reinvestido na compra de mais melaço e açúcar das Antilhas, dando continuidade ao ciclo mercantil e garantindo grande poder econômico para os mercadores das Treze Colônias.

anderson de andrade pimentel

Fonte: NARO, Nancy Priscilla S. A formação dos Estados Unidos. São Paulo: Atual; Campinas: Editora da Unicamp, 1987. p. 15.Em alguns casos, o comércio triangular também envolvia a Europa. Os navios da Nova Inglaterra abasteciam algumas regiões europeias com o açúcar antilhano e retornavam para a América com diversos produtos manufaturados.

Página 23

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Page 8

Agora é com você!

Qual alternativa interpreta corretamente o poema?

A alternativa correta é a letra b.

Comentários adicionais sobre esta seção encontram-se no Suplemento para o professor.


Página 28

Questões do Enem e de vestibulares

Registre as respostas em seu caderno.

Considerando que o livro é reutilizável, alguns enunciados foram adaptados para que os alunos registrem as respostas em seus cadernos.

1. (ENEM-MEC/2012)

“Mas uma coisa ouso afirmar, porque há muitos testemunhos, e é que vi nesta terra de Veragua [Panamá] maiores indícios de ouro nos dois primeiros dias do que na Hispaniola em quatro anos, e que as terras da região não podem ser mais bonitas nem mais bem lavradas. Ali, se quiserem podem mandar extrair à vontade.”

Carta de Colombo aos reis da Espanha, julho de 1503. In: AMADO, J.; FIGUEIREDO, L. C. Colombo e a América: quinhentos anos depois. São Paulo: Atual, 1991. (Adaptado)

O documento permite identificar um interesse econômico espanhol na colonização da América a partir do século XV. A implicação desse interesse na ocupação do espaço americano está indicada na



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Antes dos portugueses: os povos Tupi

O número de indígenas que habitavam o atual território do Brasil antes de 1500 é incerto. Enquanto alguns pesquisadores sugerem que o território era habitado por cerca de 1 milhão de pessoas, outros calculam que esse número seria de 6,8 milhões apenas para a região amazônica.

Os números referentes à população indígena foram apresentados pelo historiador Ronaldo Vainfas, no texto “História indígena: 500 anos de despovoamento”, publicado no livro Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2000.

Divididos em diversos povos, esses indígenas foram classificados em dois troncos linguísticos principais: o Tupi e o Macro-Jê, divididos em várias famílias linguísticas que, por sua vez, agrupam várias línguas indígenas diferentes.

Os povos Tupi, pertencentes à família linguística Tupi-Guarani (do tronco Tupi), dividiam-se em vários povos, como os Tupinambá e os Caeté. Mais numerosos do que os povos de qualquer outra família linguística da América do Sul, eles podiam ser encontrados desde o litoral norte do Brasil até o Rio da Prata, no sul, assim como em algumas áreas do interior do continente. Foi com os povos Tupi que os portugueses estabeleceram os primeiros contatos ao desembarcar nessas terras.

Os registros produzidos pelos cronistas europeus informam que os Tupi viviam em aldeias instaladas temporariamente em determinado local. Cada uma delas abrigava uma população de aproximadamente 500 a 750 habitantes, repartidos entre seis e dez grandes casas. Além de serem exímios caçadores e coletores, os Tupi cultivavam mandioca (aipim ou macaxeira), milho, batata-doce, amendoim, abacaxi e abóbora, entre outros artigos. O cultivo desses alimentos, assim como as tarefas domésticas, ficava a cargo das mulheres. Os homens dedicavam-se à confecção de ferramentas e armas, à caça e à guerra.

Nas aldeias não existia uma autoridade formal, mas os guerreiros mais valorosos tinham grande prestígio, assim como os pajés. Os Tupi acreditavam na vida futura e na reencarnação dos antepassados. Temiam os espíritos do mal e as almas dos mortos, responsabilizados pelas doenças, acidentes, derrotas nas guerras e fenômenos meteorológicos, como tempestades e trovoadas.




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O governo-geral

Ao constatar os problemas do sistema de capitanias hereditárias, a Coroa instituiu, em 1548, o governo‑geral, centralizando a administração na América portuguesa.

Tomé de Sousa, o primeiro governador‑geral, chegou ao Brasil em 1549, numa expedição que trazia de Lisboa mais de mil pessoas, entre elas jesuítas, funcionários, soldados, degredados etc. Coube a ele a fundação da cidade de Salvador, a primeira capital do Brasil e sede do governo, em 1º de novembro do mesmo ano.

Visando assentar definitivamente os colonos, os governadores‑gerais incentivaram a instalação de engenhos, promoveram o agrupamento de índios junto aos povoados e às vilas, estabeleceram feiras regulares, combateram o comércio ilegal de pau‑brasil e organizaram e garantiram as rendas da Coroa. Para assessorá‑los no desempenho dessas atribuições, foram criados alguns cargos político-administrativos. Entre eles, os mais importantes eram: ouvidor‑mor, responsável pela justiça; provedor‑mor, que supervisionava as finanças e a arrecadação de impostos; e capitão‑mor, que cuidava da defesa da colônia.



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As missões jesuíticas

Os jesuítas fundaram igrejas, escolas para o estudo elementar dos colonos e seminários para a formação de sacerdotes. Também criaram estratégias de aproximação com indígenas: aprenderam o tupi e elaboraram uma gramática dessa língua; utilizaram o canto e o teatro no ensino do português e dos dogmas católicos às crianças indígenas; e aliaram-se aos nativos na luta contra sua escravização pelos colonos.

Além disso, fundaram missões ou reduções, aldeamentos que reuniam milhares de índígenas subordinados à administração jesuítica. Nas missões os índios plantavam mandioca, frutas, hortaliças e outros vegetais; criavam cavalos, bois, porcos, galinhas, ovelhas e perus. Todos os índios a partir dos 13 anos trabalhavam. Nas horas vagas, dedicavam-se ao artesanato e à música. Nas escolas dos aldeamentos, as crianças aprendiam a ler, a escrever, a tocar instrumentos musicais e tinham aulas de religião. Por meio desses métodos, os jesuítas pretendiam combater alguns dos costumes e das crenças indígenas, contribuindo para a desestruturação das sociedades nativas e para a ação colonizadora.

A Companhia de Jesus – criada no ano de 1534, no contexto da Contrarreforma – atuou para a expansão da fé católica, tornando-se um dos principais agentes da colonização portuguesa na Ásia, na África e na América.

No século XVII, aproveitando‑se da União Ibérica, os bandeirantes avançaram muito além da Linha de Tordesilhas e encontraram os índios Guarani das missões jesuíticas. Entre 1619 e 1632, destruíram as aldeias da província do Guairá, no atual estado do Paraná, e seguiram suas investidas contra as missões do Itatim, no atual Mato Grosso do Sul, e do Tape (1635‑1637), bem como a do Uruguai (1638), em terras do atual estado do Rio Grande do Sul. Em 1682, os jesuítas espanhóis retornaram ao Rio Grande do Sul e fundaram aldeamentos conhecidos como Sete Povos das Missões, de onde foram definitivamente expulsos pela Coroa portuguesa em 1756.




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A realidade para além dos números

“Imagine ser arrancado da sua família. Imagine ser acorrentado, trancafiado, privado de luz, comida e água. Imagine ser negociado, jogado em um porão úmido, quente e superlotado, no qual permanecerá por semanas, sem ter ideia do seu destino. Imagine que aquele que agora o domina cogita jogá-lo ao mar por puro cálculo econômico. Imagine, por fim, que saiu vivo deste inferno e que agora tem a ‘sorte’ de fazer parte de um lote de mercadorias e que sua existência dependerá do interesse material de alguém que poderá espancá-lo até a morte. Agora multiplique isto por 12 milhões.

Comparar tragédias não é tarefa fácil, mas poucas vezes a humanidade foi capaz de atrocidades com a dimensão da escravidão moderna. [...]

Dos números da migração forçada ao tratamento dispensado à carga humana, percebemos uma racionalidade econômica que nos é muito familiar – lembrando que, em qualquer época, a utilização de dados frios para resumir o que é uma sociedade, sua riqueza ou sua pobreza é uma forma de dissociar-se do suor, da carne e do sangue de mulheres e homens que, no fim das contas, são os habitantes da história.”

ELIAS, Rodrigo. Vende-se gente. Revista de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, set. 2014. Disponível em . Acesso em 20 fev. 2016.




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Nassau: soldado e humanista

O conde João Maurício de Nassau-Siegen chegou ao Recife, em princípios de 1637, para administrar o território conquistado. Encontrou a produção açucareira totalmente desorganizada, decorrente da retirada de inúmeros proprietários rurais para a Bahia, da destruição de engenhos e canaviais e, em especial, das fugas de escravos.

Fernando Bueno/Pulsar Imagens

Estátua de Maurício de Nassau na Praça da República em Recife (PE). Foto de 2011. Sob o governo de Nassau, a administração holandesa no Brasil caracterizou-se, principalmente, pela tolerância religiosa, pela realização de grandes obras públicas e pela concessão de empréstimos para a compra de engenhos abandonados.

Assim, os primeiros anos de administração de Nassau foram dedicados à reconstrução da economia açucareira. Para tal, determinou a concessão de empréstimos aos interessados em adquirir os engenhos abandonados e para a reconstrução dos que tinham sido destruídos. A iniciativa levou boa parte dos senhores de engenho a estabelecer vínculos cordiais com os holandeses. O desempenho militar de Maurício de Nassau foi expressivo: ocupou Alagoas e tomou o forte português que defendia a costa do Ceará, embora tenha fracassado em um ataque a Salvador em 1638. Mas foi como administrador que seu nome se imortalizou.

Para contornar as sucessivas crises de desabastecimento, Nassau obrigou os proprietários de terras a cultivar mandioca, na proporção do número de pessoas que teriam de alimentar dentro de seus engenhos. Instituiu um regime de liberdade relativa no comércio, ou seja, de livre-comércio para os moradores das capitanias conquistadas que tivessem capital investido em engenhos, e procurou, com habilidade, conciliar os interesses dos diferentes grupos sociais, étnicos e religiosos que conviviam no Recife: colonos nascidos no território, portugueses, holandeses, franceses e ingleses; católicos, calvinistas e judeus.

Hans Von Manteuffel/Pulsar Imagens

Vista aérea do centro histórico do Recife (PE) e a ponte Maurício de Nassau. Foto de 2015. A administração de Nassau promoveu a urbanização de parte da Ilha de Antônio Vaz, que passou a ser chamada de Cidade Maurícia (Mauritsstad), para torná-la o centro do poder holandês no Brasil.

Página 51

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À margem da plantation

O sistema de plantation não representou a única forma de organização econômica na América portuguesa. Outros produtos, como o algodão e o tabaco, foram cultivados em pequenas unidades de exploração. Mesmo a cana-de-açúcar, quando plantada para a produção de rapadura e aguardente, adaptou-se a esse modelo de exploração, que exigia pouco investimento.

O algodão já era um produto conhecido pelos indígenas. No início do período colonial, seu cultivo destinava-se ao consumo interno. A partir da segunda metade do século XVIII, o algodão passou a ser exportado em grandes volumes, devido ao aumento do preço do produto no mercado internacional e à guerra de independência dos Estados Unidos. As Treze Colônias eram as maiores produtoras de algodão, mas, com a instabilidade gerada pela guerra, suas exportações caíram sensivelmente. No início do século XIX, os Estados Unidos, já independentes, retomaram sua produção, o que ocasionou grande queda nas exportações da América portuguesa.

O tabaco era destinado aos mercados europeus, nos quais o número de consumidores era crescente. O produto também servia como “moeda” na compra de escravos na África. A principal área produtora era o litoral da Baía de Todos os Santos, região conhecida hoje como Recôncavo Baiano.

Os negócios nos mercados locais mobilizavam produtores e mercadores. Comercializavam-se alimentos produzidos na região e produtos importados (com fornecimento irregular e preços bastante elevados). Entre as mercadorias produzidas na colônia, destacaram-se as farinhas de mandioca e de milho, trigo, feijão, açúcar, rapadura, aguardente, toucinho, charque e carne fresca, fumo, couro, peixe seco e fresco. Entre os produtos importados mais procurados estavam o vinagre, o azeite, o vinho, o bacalhau, as azeitonas, a pimenta-do-reino, as especiarias, os tecidos finos e o sal.

Que elementos da imagem abaixo podem ser usados para identificar quais eram as condições de trabalho dos escravos nos engenhos?

FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO

Engenho de açúcar, gravura de Frans Post produzida para ilustrar detalhe de mapa de Pernambuco publicado em História dos feitos praticados durante oito anos no Brasil (1647), de Gaspar Barleus. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro (RJ).

Na imagem fica claro que os escravos eram responsáveis pelo trabalho pesado e braçal. Apesar de a gravura de Post não representar os castigos físicos e as longas jornadas de trabalho dos escravos nos engenhos, é possível observar a falta de segurança a que estavam submetidos, pois estão representados vestindo apenas uma espécie de calção, sem nenhum tipo de proteção, trabalhando nas diversas etapas da produção de açúcar. Página 48




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Escravidão: um negócio lucrativo

No início da colonização, muitos indígenas foram escravizados para trabalhar nas plantações de cana ou nas roças de subsistência. No entanto, alguns fatores contribuíram para que a mão de obra indígena fosse substituída pela do africano escravizado: baixa resistência dos indígenas às doenças de origem europeia; resistência armada de alguns povos à captura; e a fuga, sempre que possível, para os sertões. Além disso, contavam com a proteção dos jesuítas, o que provocava conflitos entre esses religiosos e os colonos.

Para alguns estudiosos, o fator mais importante para essa substituição era o alto lucro que o tráfico de escravos africanos proporcionava para a Coroa e para os traficantes. A administração portuguesa submetia o comércio negreiro a uma dupla taxação: quando os escravos eram embarcados na África e quando desembarcavam na América. O traficante, por sua vez, em troca de escravos, fornecia aos chefes africanos farinha de mandioca, barricas de fumo, caixas, barris e amarrados de açúcar, aguardente, búzios, fardos e caixões de tecidos de algodão, mosquetes, pólvora, espelhos e contas de vidro. Na colônia, os mercadores comercializavam os escravos e obtinham enormes lucros.

Esses aspectos contribuíram para a substituição do trabalho escravo nativo pelo africano na produção açucareira do Nordeste. No entanto, nas regiões onde os colonos tinham menos recursos, como São Paulo, Maranhão, Piauí e na Amazônia, a escravidão do indígena, o chamado “negro da terra”, predominou até o século XVIII.

Os navios negreiros (ou tumbeiros), utilizados no transporte dos escravos vindos da África, demoravam em média 35 dias para chegar ao Recife, 40 dias para chegar a Salvador e 50 dias para chegar ao Rio de Janeiro. Durante a viagem, cada escravo tinha direito a uma pequena cota diária de alimentos e água, mas a superlotação e a falta de higiene levavam muitos à morte. As condições de viagem eram as piores imagináveis, como mostra o texto a seguir:

“Espremidos nos porões dos navios negreiros, milhares de homens, mulheres e crianças suportavam calor, sede, fome, sujeira, ataques de ratos e piolhos, surtos de sarampo ou escorbuto. Muitos não resistiam, e acabavam jogados ao mar.”

FARIAS, Juliana Barreto. Senhora de si. Revista de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, jan. 2011. Disponível em . Acesso em 23 fev. 2016.

Dessa forma, grande parte dos africanos embarcados na África não chegavam à América portuguesa, exemplificando a violência a que esses seres humanos eram submetidos antes mesmo de serem vendidos nas praças das grandes cidades no Brasil.

Johann Moritz Rugendas - Biblioteca Municipal Mário de Andrade, São Paulo

Navio negreiro (1835), gravura de Johann Moritz Rugendas colorizada posteriormente. Biblioteca Municipal Mário de Andrade, São Paulo (SP).



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Arte no Brasil holandês

Conectando com a arte

Além da reorganização administrativa da região açucareira, Nassau incentivou o trabalho de artistas e estudiosos trazidos da Europa para registrar e pesquisar a natureza e os tipos sociais da colônia. Artistas como Frans Post e Albert Eckhout produziram importantes registros do Brasil holandês, bem como o naturalista, cartógrafo e astrônomo Georg Marcgraf.

Com uma pintura de características naturalistas, descritivas e paisagísticas, Albert Eckhout nos deixou valiosos registros da visão europeia do Novo Mundo e dos tipos humanos do Nordeste colonial. Valendo-se da observação de espécimes encontrados nas possessões holandesas na América, o artista produziu cerca de 400 obras entre desenhos, esboços e pinturas. Contudo, Eckhout ganhou notoriedade pela produção de quatro pares de telas de grandes dimensões que retrataram os habitantes do Brasil no século XVII: Mulher Tapuia (1641) e Homem Tapuia (1643); Mulher Tupi (1641) e Homem Tupi (1643); Mulher Mameluca (1641) e Homem Mulato (sem data registrada); Homem Negro e Mulher Negra (ambos de 1641).

Albert Eckhout - Museu Nacional da Dinamarca, Copenhague

Mulher mameluca (1641), pintura de Albert Eckhout. Museu Nacional da Dinamarca, Copenhague. Atualmente, os retratos etnográficos dos habitantes do Brasil produzidos por Eckhout são tomados como documentos da visão europeia dos tipos retratados e não como retratos fiéis da realidade da época.

Analise a imagem e identifique elementos que justifiquem a afirmação.

Verifica-se na tela a reprodução de padrões renascentistas como o ideal de equilíbrio na composição e a perfeição na representação da forma humana. A mulher mameluca foi retratada com um vestido longo branco e joias, aproximando a imagem do ideal europeu do modelo de civilização.

“Nessa série [...] de tipos raciais de costumes e habitat brasileiros [...], o pintor, aos trinta e poucos anos, atingia sua maturidade estilística. Inventa uma pintura composta de detalhes, sempre dominada pela figura temática secundada pelos elementos descritivos e se alongando, sem descuidar dos detalhes, até a fuga da perspectiva paisagística. Tudo caprichosamente delineado e definido. Se a figura parece a alguns em imobilidade, vale advertir que isto não é defeito e nem carência. Contenção de gesto, equilíbrio e harmonia de postura são virtudes.”

VALLADARES, Clarival do Prado; MELLO FILHO, Luiz Emygdio de. Albert Eckhout: a presença da Holanda no Brasil – século XVII. Rio de Janeiro: Edições Alumbramento, 1990. p. 25.

Georg Marcgraf, por sua vez, trabalhou como astrônomo e cartógrafo no Brasil holandês. Os mapas produzidos por Marcgraf mostravam as regiões conquistadas pelos holandeses, a localização dos nativos e dos engenhos, os acidentes geográficos, os principais caminhos, os rios e as lagoas, as fazendas de gado, alguns frutos e animais da região, cenas de batalhas entre europeus e índios e outras imagens. Os mapas eram tão precisos que continuaram sendo utilizados nos séculos seguintes. A principal obra de Georg Marcgraf, realizada em conjunto com o médico e naturalista Willem Piso, é Historia Naturalis Brasiliae, de 1648.



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Drogas do sertão

No final do século XVI, holandeses, franceses e ingleses tentaram ocupar o norte do Brasil. Temendo a concorrência, os portugueses iniciaram uma campanha militar que resultou na edificação do Forte de Belém e na expulsão dos invasores, em 1616.

Para garantir a ocupação do território, no início do século XVII a Coroa criou o Estado do Maranhão e Grão-Pará, colônia ligada diretamente a Lisboa que compreendia os atuais estados do Maranhão, Piauí, Ceará e parte do Pará. Porém a baixa fertilidade do solo amazônico e a ocupação holandesa em Pernambuco levaram Portugal a perder o interesse pela região, que permaneceu separada do restante da colônia até 1774.

Os colonos enfrentavam o isolamento com dificuldade. As famílias do Maranhão e Grão-Pará plantavam para a subsistência e aprisionavam indígenas para obter mão de obra. Nessas expedições, os colonos conheceram as drogas do sertão, produtos como cacau, baunilha, guaraná, canela, cravo, ervas aromáticas, entre outros. Muitas dessas plantas, também conhecidas como novas especiarias, passaram a ser muito apreciadas na Europa a partir do século XVIII. Por muito tempo, a base econômica da Amazônia consistiu no extrativismo desses produtos, com a utilização do trabalho indígena em regime de escravidão ou próximo a isso.

anderson de andrade pimentel

Fonte: VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: geral e Brasil. São Paulo: Scipione, 2011. p. 102.



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Você vai gostar de ler

D’SALETE, Marcelo. Cumbe. São Paulo: Veneta, 2014.

Na língua quimbundo, a palavra Cumbe possui vários sentidos: é o Sol, o dia, a luz, o fogo e a maneira de compreender a vida e o mundo. Cumbe também é um sinônimo de quilombo.

A obra apresenta quatro histórias – Calunga, Malungo, Cumbe e Sumidouro – que mostram os negros escravizados como protagonistas da luta contra a opressão escravagista durante o período colonial brasileiro.

reprodução Página 54

FABIO TEIXEIRA/DEMOTIX/CORBIS/LATINSTOCK

Grupo de mulheres oferece flores no memorial Zumbi dos Palmares, Rio de Janeiro (RJ), durante celebração do Dia da Consciência Negra. Foto de 2013.



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Marcgraf e a ciência

O cientista alemão Georg Marcgraf foi responsável também por instalar o primeiro observatório astronômico da colônia, em 1639, no Recife, realizando diversos estudos sobre os eclipses. Além disso, catalogou diferentes espécies de animais e vegetais e realizou diversos estudos geográficos e hidrográficos do Nordeste colonial que resultaram em detalhados mapas da região.

Página 52

Victor Meirelles - Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro

Batalha dos Guararapes (1875), pintura de Victor Meirelles. Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro (RJ).



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Os reis do laço: a pecuária

No início do século XVIII, a Coroa portuguesa proibiu a criação de gado numa faixa de 80 quilômetros da costa para o interior. O objetivo era impedir as invasões de animais nas plantações de cana e garantir mais espaço para a produção canavieira. Essa medida contribuiu para o desbravamento do “grande sertão” além do limite fixado pelo Tratado de Tordesilhas. Partindo do Rio São Francisco e penetrando pelos atuais estados do Piauí, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, os criadores chegaram aos rios Tocantins e Araguaia.

Sertão: durante a colonização portuguesa na América, a palavra “sertão” era utilizada para designar o interior, os territórios afastados do litoral que ainda não tinham sido explorados e ocupados pelos colonizadores.

Inicialmente o gado era vendido vivo nos centros comerciais do Nordeste. Ele fornecia alimentos, como leite e carne, e couro para a confecção de vestimentas, calçados e outros artigos. O gado também era utilizado nos engenhos de açúcar para transportar pessoas e cana e movimentar as moendas. Mais tarde, o animal também passou a ser abatido para a produção de charque, carne salgada e seca ao sol. Dessa forma, a carne era comercializada sem o risco de estragar.

No sul da colônia, a criação de gado bovino para a produção de charque e de cavalos e burros para tração e transporte desenvolveu-se pouco tempo depois da expansão pecuária na região do São Francisco, ainda no século XVIII. O desenvolvimento da pecuária no sul favoreceu a ocupação local e também o abastecimento da região das minas. Página 49

União Ibérica

Na segunda metade do século XVI, Portugal enfrentou uma crise de sucessão dinástica. Em janeiro de 1580, o então rei D. Henrique morreu sem deixar herdeiros. Aproveitando a oportunidade, o rei Filipe II da Espanha, neto de D. Manuel, que havia governado Portugal entre 1495 e 1521, invadiu o reino e assumiu o trono português meses depois. Iniciava-se, desse modo, a União Ibérica, que duraria até 1640.

A união das coroas ibéricas teve consequências importantes para o Brasil. Por um lado, tornou sem efeito a linha divisória do Tratado de Tordesilhas, o que estimulou o avanço dos portugueses em direção ao interior, tanto para o sul da colônia quanto para a Amazônia. Por outro lado, trouxe problemas para os domínios portugueses, uma vez que Portugal herdou os inimigos dos espanhóis, como a Holanda, que estava em guerra contra a Espanha para obter a independência. Assim, os laços comerciais entre portugueses e holandeses, na época envolvidos no comércio do açúcar brasileiro, foram rompidos.

Empenhados em conquistar a hegemonia dos mares, os holandeses criaram duas poderosas companhias comerciais, a Companhia Holandesa das Índias Orientais, organizada em 1602, e a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, formada em 1621. Organizados em torno dessas companhias, os holandeses dispunham dos instrumentos necessários para ocupar os entrepostos comerciais criados por espanhóis e portugueses na África e na Índia.

Em busca de lucros e de ações para enfraquecer os espanhóis, e na tentativa de manter sua participação no comércio do açúcar, os holandeses também se sentiram estimulados a empreender a conquista das zonas de produção açucareira na América.




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Mestre de açúcar: responsável pela moagem, cozimento, temperatura e consistência do açúcar. Ele acompanhava todos esses processos para garantir a qualidade do produto.

Nos engenhos, a moenda era o local onde se esmagava a cana para extrair o caldo (garapa). Os engenhos movidos por tração animal (trapiche) eram mais comuns que os de roda‑d’água (reais), visto que a construção de uma represa era dispendiosa, sem contar as irregularidades no fluxo fluvial. O caldo, despejado em enormes tachos geralmente feitos de cobre, era cozido na casa das caldeiras. O beneficiamento completava‑se na casa de purgar, com a retirada das impurezas do produto.

No Brasil, utilizava‑se barro para branquear o açúcar. Esse processo, além de mais barato, também era empregado porque não havia refinarias de açúcar em Portugal ou no Brasil. Depois de pronto, o açúcar era enviado para Lisboa e, de lá, para a cidade de Antuérpia, na região de Flandres, de onde comerciantes flamengos distribuíam o produto na Europa. Posteriormente, no século XVII, a cidade de Amsterdã, na Holanda, passou a desempenhar esse papel. Nesses mercados, o açúcar branco atingia o maior preço de venda.

Flamengo: pessoa natural ou habitante de Flandres, região que, historicamente, abrange o norte da atual Bélgica e partes da França e da Holanda. A região foi um dos principais centros mercantis europeus no século XVI.

A produção e a comercialização do açúcar foram vitais tanto para consolidar o Império Português no Atlântico como para expandir a colonização portuguesa na América, originando restritos grupos de poder na colônia. Mais ainda, sua unidade produtiva, o latifúndio exportador e escravista, formou a base da sociedade colonial brasileira.

Havia outros trabalhadores livres nos engenhos de açúcar, como os caldeireiros, os carpinteiros, os lavadeiros, os purgadores, os cobradores de rendas, os caixeiros etc. Porém, é importante ressaltar que, aos poucos, algumas atividades exercidas por esses trabalhadores passaram a ser realizadas por indivíduos menos especializados, alforriados e escravos.

De acordo com a obra Diálogos das grandezas do Brasil, escrita em 1618, cuja autoria é atribuída a Ambrósio Fernandes Brandão, a capacidade do barro em clarear o açúcar teria sido descoberta por acaso. No diálogo travado entre as personagens Alviano e Brandônio, o segundo afirma ao primeiro que uma galinha com os pés sujos de barro pisou em uma das formas cheias de açúcar, e no entorno do local onde ficou marcada sua pegada se fez um círculo branco. Daí em diante, passaram a “barrear” o açúcar para clareá-lo.

Página 47

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Insurreição Pernambucana

Em 1640, Portugal libertou-se do domínio espanhol e assinou uma trégua com os holandeses na Europa. Nassau, entretanto, continuou sua campanha militar, com a conquista de Sergipe e a invasão do Maranhão. No outro lado do Atlântico, os holandeses conquistaram, em 1641, Luanda e outras localidades angolanas.

No início de 1644, desentendimentos entre Nassau e a direção da Companhia das Índias Ocidentais resultaram na demissão do governador e no seu retorno à Europa. Esse episódio encerrou o período da expansão holandesa no Brasil. Ao mesmo tempo, iniciou-se a chamada Insurreição Pernambucana, que levaria à rendição e à retirada dos holandeses em 1654.

De início, a insurreição contra os holandeses não teve apoio de Portugal. Envolvido na guerra de restauração contra a Espanha, o novo rei, D. João IV, estava disposto a manter a trégua que reconhecia o domínio holandês em partes da África e da América portuguesas.

Nesse período, porém, o açúcar brasileiro enfrentou dificuldades por causa da queda dos preços no mercado europeu e pela diminuição da safra. Tal conjuntura abalou as relações da Companhia com os senhores de engenho. De um lado, estavam os produtores, pressionados pela cobrança das dívidas atrasadas; de outro, estavam os credores, exigindo seu dinheiro. Nesse contexto, a insurreição eclodiu em junho de 1645.

As primeiras conquistas dos revoltosos ocorreram no interior de Pernambuco. Em seguida, tropas vindas da Bahia obtiveram outras vitórias e marcharam para o Recife. Posteriormente, os holandeses foram expulsos de Alagoas e Sergipe. As duas batalhas decisivas ocorreram nos Montes Guararapes, em Pernambuco. O primeiro combate foi travado em abril de 1648, e o segundo, em fevereiro de 1649. Os luso-brasileiros venceram nas duas ocasiões.

Nesse mesmo período, em 1648, uma expedição organizada no Brasil expulsou os holandeses do território angolano. A situação dos holandeses tornou-se insustentável, até que, em fins de 1653, uma armada portuguesa cercou Recife por mar, enquanto as tropas dos insurretos atacavam por terra. As forças holandesas renderam-se na Campina da Taborda, em 26 de janeiro de 1654.

A experiência adquirida no Brasil incentivou o aumento de investimento holandês na produção de açúcar nas Antilhas (ilhas localizadas na região da América Central). Lá os holandeses financiaram as instalações e a importação de escravos, propiciaram assistência técnica aos produtores e garantiram mercado para a compra do produto, competindo com o Brasil.

Durante a União Ibérica, Inglaterra e Holanda, adversárias da Espanha, atacaram e tomaram importantes domínios ultramarinos portugueses. Como a maior parte das receitas portuguesas era obtida à custa de suas colônias, sua situação econômica agravou-se ainda mais. Página 53




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A independência da Holanda

No século XVI, os Países Baixos estavam divididos entre as províncias do norte (de maioria protestante) e as províncias do sul (de maioria católica). A Holanda, província mais importante do norte, declarou independência em relação à Espanha em 1568.

O governo espanhol iniciou uma guerra para manter o território holandês sob seu domínio. O conflito durou até 1648, quando foi assinado um acordo de paz e os espanhóis reconheceram a independência da Holanda.

Holandeses invadem o Brasil

Organizados em torno da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, em 1624 os holandeses tomaram a cidade de Salvador. No ano seguinte, uma esquadra luso-espanhola bem armada retomou a capital da colônia.

Em 1630, numa nova investida, os holandeses atacaram a capitania de Pernambuco e ocuparam Olinda e Recife. Contudo, os invasores ficaram isolados nos núcleos urbanos, devido à resistência dos portugueses liderados pelo governador Matias de Albuquerque. Usando de estratégia, o governador organizou suas defesas no Arraial do Bom Jesus, uma elevação próxima das áreas invadidas, de onde lançou contínuos ataques e emboscadas, dificultando por cinco anos a expansão dos adversários.

Entre 1632 e 1635, com reforços vindos da Europa e a ajuda de moradores da terra, os holandeses conquistaram pontos decisivos como a Ilha de Itamaracá, a Paraíba, o Rio Grande do Norte e, por fim, o Arraial do Bom Jesus, consolidando a ocupação de Pernambuco.

anderson de andrade pimentel

Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de e outros. Atlas histórico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro: Fename, 1978. p. 26.

Página 50

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Page 24

Para o aluno

AMADO, Janaína; FIGUEIREDO, Luiz Carlos. A formação do Império português (1415-1580). São Paulo: Atual, 1999.

CARMO, Paulo Sérgio do. A ideologia do trabalho. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2005.

CARNEIRO, Maria L. Tucci. O racismo na história do Brasil. São Paulo: Ática, 1998.

CHASSOT, Attico. A ciência através dos tempos. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2004.

DECCA, Edgard de; MENEGUELL, Cristina. Fábricas e homens: a Revolução Industrial e o cotidiano dos trabalhadores. 5. ed. São Paulo: Atual, 2013. (Coleção História geral em documentos)

FERREIRA, Jorge Luís. Conquista e colonização da América espanhola. São Paulo: Ática, 1992.

FIGUEIREDO, Lucas. Boa ventura! A corrida do ouro no Brasil (1697-1810). São Paulo: Record, 2011.

FLORENZANO, Modesto. As revoluções burguesas. São Paulo: Brasiliense, 2008. (Coleção Tudo é história)

FREITAS, Décio. Palmares: a guerra dos escravos. Rio de Janeiro: Graal, 1990.

FURTADO, Joaci P. Inconfidência Mineira: um espetáculo no escuro (1788-1792). São Paulo: Moderna, 1998.

FURTADO, Júnia F. Cultura e sociedade no Brasil colônia. São Paulo: Atual, 2004.

JANOTTI, Maria de Lourdes M. A Balaiada. São Paulo: Brasiliense, 2005. (Coleção Tudo é história)

JUNQUEIRA, Mary A. Estados Unidos: a consolidação da nação. São Paulo: Contexto, 2001.

KARNAL, Leandro. Estados Unidos: a formação da nação. Da colônia à independência. São Paulo: Contexto, 2001. (Coleção Repensando a história)

LIBBY, Douglas Cole; PAIVA, Eduardo França. A escravidão no Brasil: relações sociais, acordos e conflitos. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2005.

LIGHT, Kenneth. A viagem marítima da família real: a transferência da corte portuguesa para o Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

LYRA, Maria de Lourdes Viana. O império em construção: Primeiro Reinado e regências. 2. ed. São Paulo: Atual, 2005.

MAESTRI, Mário. O escravismo no Brasil. 13. ed. São Paulo: Atual, 2012.

MARTINEZ, Paulo. Os nacionalismos. São Paulo: Scipione, 1997.

MICELI, Paulo. 18. ed. As revoluções burguesas. São Paulo: Atual, 2001.

NASCIMENTO, Maria das Graças; NASCIMENTO, Milton Meira do. Iluminismo: a revolução das Luzes. São Paulo: Ática, 1998.

NOVAIS, Fernando A. Estrutura e dinâmica do antigo sistema colonial (séculos XVI-XVIII). São Paulo: Brasiliense, 1999.

PISSARRA, Maria Constança Peres. Rousseau: a política como exercício pedagógico. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2005 (Coleção Logos)

PRADO, Maria Lígia C. A formação das nações latino-americanas. 22. ed. São Paulo: Atual, 2009. (Coleção Discutindo a história)

PRIORE, Mary del. A família no Brasil colonial. São Paulo: Moderna, 1999.

SOARES, Mariza de Carvalho. A Revolução Mexicana. São Paulo: FTD, 2000.

VOVELLE, Michel. A Revolução Francesa explicada à minha neta. São Paulo: Editora Unesp, 2007.

ZOLA, Émile. Germinal. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.




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Page 25

Trabalhando com fontes 215

1. Trata-se de uma fotografia, feita por volta de 1885, em local indeterminado do oeste dos Estados Unidos. A foto retrata uma caravana de migrantes.

2. A foto, em preto e branco, mostra uma paisagem árida, com pouca vegetação rasteira. Na imagem evidencia-se a poeira levantada pelo deslocamento das carroças. O relevo é plano e, ao longe, é possível identificar montanhas. O céu está parcialmente coberto por nuvens. A imensidão da paisagem resulta do enquadramento escolhido pelo fotógrafo, que “dividiu” a cena entre céu e terra, em proporções quase iguais. A caravana é composta de dezenas de carroças, que se estendem em fila do primeiro ao último plano da foto. Essas carroças têm cobertura e são puxadas por cavalos. Elas parecem se deslocar em direção ao horizonte, e não há sinais de presença de outros humanos no local. Várias pessoas, homens e mulheres, estão a pé, e poucos homens fazem uso de montaria. Ao solicitar aos alunos que identifiquem o que mais chamou sua atenção na foto, objetivamos direcionar o trabalho para a recepção desse material, ou seja, para as ideias e emoções que ele pode despertar. A expectativa é de que mencionem a imensidão e a aridez da paisagem, a ausência de ocupação humana e a fileira de carroças que parecem se dirigir a lugar nenhum. Sugerimos incentivar os alunos a elaborar hipóteses sobre as dificuldades encontradas pelos viajantes nesse


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percurso: as longas distâncias, a falta de alimentos ou de água, a coragem e a determinação dos pioneiros no enfrentamento da adversidade, etc.

3. Com a política de terras, o governo norte-americano pretendia promover o povoamento dos territórios a oeste e transformá-los em espaços produtivos. Nesse contexto, foi aprovado o Homestead Act (1862), por meio do qual qualquer cidadão norte-americano ou imigrante, maior de 21 anos, podia requerer 160 acres de terra ao governo, comprometendo-se a desenvolver atividades produtivas no local num prazo de cinco anos. Ao final desse tempo, o beneficiado receberia o título de propriedade, mediante o pagamento de taxas irrisórias. Ocorreu, a partir de então, uma “corrida pela terra” nos Estados Unidos. A descoberta de ouro na Califórnia foi outro atrativo, principalmente para aventureiros e negociantes em busca de fortuna rápida. Finalmente, de acordo com a ideologia do Destino Manifesto, bastante difundida entre a população, os desbravadores dos territórios da América do Norte, que se estendiam do Oceano Atlântico ao Pacífico, eram vistos como eleitos de Deus, cuja missão era expandir seus domínios, sua fé e seus valores.

4. Espera-se, com esta questão, levar o aluno a questionar a fotografia como registro fiel da realidade. A paisagem registrada pela foto dá a impressão de que existia um grande espaço vazio à espera dos pioneiros, o que era confirmado pelo Homestead Act de 1862. No entanto, todo o território do oeste e do meio-oeste dos Estados Unidos era habitado por centenas de nações indígenas, que sofreram com o avanço das frentes pioneiras. É possível concluir que essa imagem corresponde, portanto, à mentalidade difundida pela ideologia do Destino Manifesto. Analisando-a podemos compreender que o fotógrafo, em seu trabalho, seleciona temas e enquadramentos, personagens e cenários, luzes e sombras, momentos e aspectos da realidade. A fotografia, assim como outras fontes históricas, não “fala por si”, e sua autoria, as circunstâncias em que foi feita, as intenções de quem a produziu e sua esfera de circulação precisam ser investigadas.



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Atividades 225

Explorando o conhecimento 225

1. Os principais fatores que levaram ao conflito foram as divergências entre o norte e o sul em relação às tarifas sobre importações, o interesse do norte na criação de um banco nacional e, sobretudo, a política abolicionista do norte em oposição à economia escravocrata do sul.

2. Os princípios que, ao longo dos anos, nortearam o expansionismo norte‑americano em direção à América Latina foram a Doutrina Monroe, que refutava qualquer intenção colonizadora europeia no continente americano; a política do Big Stick, que orientava a política externa dos Estados Unidos no sentido de negociar com os demais países da América por meio de forte pressão e ameaças ocasionais de intervenção direta, e a política da boa vizinhança, que priorizava a colaboração econômica e a influência cultural e política em vez da intervenção militar direta.

3. No campo político, podemos dizer que os grandes vencedores das lutas de emancipação da América hispânica foram os criollos, que se libertaram do controle metropolitano e assumiram a direção dos novos Estados. Outra questão política importante dizia respeito à incompatibilidade entre os defensores de um Estado unitário e centralizado e os defensores do federalismo, partidários da autonomia das diversas regiões. Os unitaristas encontraram a resistência de grupos armados locais, liderados pelos caudilhos, que defendiam os interesses regionais e consideravam a unificação e a centralização do poder ameaças aos seus interesses. As mudanças sociais na América hispânica pós‑independência foram limitadas. Diversos países mantiveram a escravidão africana até o início da segunda metade do século XIX e, mesmo após a abolição, os negros eram submetidos à escravidão ilegal. A situação dos indígenas também era precária, sobretudo com o avanço dos proprietários rurais sobre suas terras comunitárias.



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