Quem foi debora na bíblia estudo

Lorna Simcox

Algumas pessoas são líderes improváveis. Superficialmente, elas parecem não ter as características que geralmente associamos com grandeza e poder. Davi, por exemplo, era um jovem pastor de ovelhas, um sonhador que escrevia cânticos e tocava harpa – qualidades geralmente não procuradas quando você escolhe alguém para derrotar inimigos. No entanto, Deus o chamou não apenas para ser um homem de guerra mas também rei de todo o Israel. Por quê? Porque Davi tinha algo mais importante do que habilidade militar ou sangue real. Ele tinha fé em Deus.

Na época dos juízes, uma mulher chamada Débora tornou-se líder de Israel. Pelos nossos padrões, ela também era uma candidata improvável para essa tarefa tão relevante. A Bíblia fala pouco sobre suas credenciais, a não ser que era esposa e mãe (Jz 4.4; Jz 5.7), o que não a qualificava para dirigir um país. Porém, Débora tinha a mesma vantagem que Davi: ela tinha fé em Deus.

Numa época em que Israel andava aos tropeços e cada homem fazia aquilo que parecia certo aos seus próprios olhos (veja Jz 17.6; Jz 21.25), Deus escolheu uma mulher de grande fé que estava disposta a segui-lO em obediência.

As Escrituras dizem que Débora era uma profetisa, significando que Deus lhe falava e ela transmitia Sua Palavra ao povo. Ela era uma juíza, portanto, julgava as pessoas que vinham até ela para resolver suas contendas. Naturalmente, ela também era esposa e mãe.

Seu feito mais conhecido ocorreu quando os israelitas clamaram a Deus por libertação depois de vinte anos de opressão sob o jugo de Jabim, rei de Canaã. O poderoso Jabim tinha 900 carros de ferro e governava a partir de Hazor, no Norte de Israel. Débora, que vivia no Sul, fora de Jerusalém, nas regiões montanhosas de Efraim, convocou Baraque, da tribo de Naftali, da região de Hazor. Quando Baraque chegou, Débora corajosamente transmitiu-lhe o plano de Deus: “Porventura, o Senhor, Deus de Israel, não deu ordem, dizendo: Vai, e leva gente ao monte Tabor, e toma contigo dez mil homens dos filhos de Naftali e dos filhos de Zebulom? E farei ir a ti para o ribeiro Quisom a Sísera, comandante do exército de Jabim, com os seus carros e as suas tropas; e o darei nas tuas mãos” (Jz 4.6-7).

Baraque estava disposto a obedecer, mas insistiu que Débora fosse com ele. Ela concordou, porém disse a Baraque que assim ele cederia a uma mulher a honra de capturar Sísera.

Naquele dia Deus sustentou Israel, como Débora sabia que Ele faria. O Senhor enviou uma chuva torrencial que inundou o ribeiro Quisom e fez com que a armada aparentemente invencível de Sísera atolasse na lama. Este fugiu e foi engodado por Jael, outra mulher, que cravou uma estaca de tenda em sua cabeça e o matou. Dessa maneira, Deus libertou Israel.

Mais tarde, Débora escreveu um belo cântico (Jz 5) que exalta a Deus e revela muito sobre sua própria pessoa. Ela era uma mulher de profunda fé e grande discernimento espiritual. Havia avaliado a sombria situação de seu país com perspicácia (Jz 5.6-7), compreendeu o motivo da decadência (idolatria, v.8) e assumiu a responsabilidade pela nação (vv. 7,12). Ela tinha tanta autoridade que, quando convocou Baraque, ele veio imediatamente sem questionar sua autoridade ou suas instruções. Débora é a única mulher na Bíblia que não apenas governou Israel como também deu ordens militares a um homem, e isso com a bênção de Deus.

Quando ela mandava reunir as tropas, esperava que elas se apresentassem. Aos que ignoravam o chamado, ela amaldiçoava: “Amaldiçoai a Meroz, ...amaldiçoai duramente os seus moradores, porque não vieram em socorro do Senhor” (Jz 5.23). Débora provavelmente não conseguia entender por que esses combatentes de Israel tinham tão pouca fé em Deus.

Por um lado, Débora aparentava ser uma mulher “dura” no confronto, mas também parecia extremamente maternal. Somente uma mãe que se importa com seus filhos pensaria em descrever a mãe de Sísera aguardando ansiosamente que seu filho voltasse para casa, preocupada com sua demora em voltar da batalha (v.28).

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É interessante observar que não há evidência bíblica de que Débora tenha usurpado a autoridade masculina. É triste dizer que, provavelmente, existia pouca autoridade masculina fiel a Deus naqueles dias. Israel estava em condição espiritual tão lamentável que Deus envergonhou a nação daqueles dias depositando o mais alto cargo de liderança nas mãos de uma mulher.

Hoje, vivendo em um mundo dirigido pelo sucesso e pelas realizações materiais, é fácil esquecer que Deus não deseja tanto as nossas habilidades, mas sim a nossa vontade, o nosso querer que vem da fé.

Podemos lembrar que a história das missões modernas está igualmente repleta de mulheres de grande fé a quem Deus colocou em posições de enorme responsabilidade. Nas selvas da Colômbia e da Venezuela, por mais de 50 anos, Sophie Müller implantou centenas de igrejas, até que o Senhor finalmente a levou em outubro de 1995. A sua autobiografia, publicada pela Missão Novas Tribos, é intitulada His Voice Shakes the Wilderness (A Voz de Deus Faz a Selva Estremecer).

Depois que Jim Elliot, Nate Saint e três outros missionários foram mortos no Equador pelas flechas dos índios Huaorani (Aucas) em 1956, duas mulheres os substituíram: Elisabeth Elliot, viúva de Jim, e Raquel Saint, irmã de Nate. A senhorita Saint ficou no Equador até sua morte em 1994, conduzindo os índios a Cristo, ensinando-os e ministrando-lhes a Palavra de Deus.

Baraque, sem dúvida, foi um ótimo militar, e seu nome está registrado em Hebreus 11 como homem de fé. Porém, ele mesmo teria capturado Sísera se tivesse confiado um pouco mais em Deus. Débora, por outro lado, era uma simples esposa e mãe, mas sua fé a tornou um vaso muito mais útil para o Senhor do que alguém poderia imaginar.

A Bíblia ensina que nosso tempo na terra é curto: “Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa” (Tg 4.14). Muitas pessoas podem abalar montanhas com suas credenciais e construir reinos com suas aptidões. Mas, no final, o que contará para a eternidade não será aquilo que realizamos com nossas habilidades, mas o que Deus fez através de nós por meio de nossa fé.

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Débora, cujo nome significa "abelha",[1] foi profetisa e a quarta juíza de Israel. Sua história está descrita no Livro dos Juízes, capítulos 4 e 5. Ela, juntamente com Baraque, liderou os israelitas contra o domínio de Canaã, por volta do século XII a.C. Antes dela foram juízes em Israel Otniel, Eúde e Sangar. Ela é a única mulher citada na Bíblia a ter o status de juíza. Sua origem parece ser simples, pois no texto bíblico ela é apresentada como esposa de Lapidote e que prestava atendimento como profetisa debaixo das palmeiras.[2][3]

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Interpretação de Gustave Doré da profetisa Débora

Quase nada se sabe sobre Débora além do que se expressa nos textos bíblicos. Como se trata de uma liderança feminina registrada por um povo patriarcal, sua historicidade é altamente plausível.[4][5] Da mesma forma, o cenário de dominação cananeu sobre as tribos montanhesas israelitas também é atestado pela arqueologia, ainda que se precise deslocar o conflito para uma data bem mais recente do que tradicionalmente se considera (do século XIII a.C. para o século XI a.C.).[6]

Após a morte de Eúde o povo de Israel tornou a pecar contra Deus e por isso Ele os entregou nas mãos de Jabim, rei de Canaã. Por vinte anos Israel esteve sob o jugo de Canaã, sendo violentamente oprimido por Sísera, capitão do exército de Jabim e que contava com uma frota de carros de ferro que o tornava invencível para Israel.[2]

Débora vivia na região montanhosa de Efraim, entre Ramá e Betel. Ela sentava-se debaixo de uma palmeira e o povo de Israel vinha até ela a fim de que ela os ajudasse a resolver as questões que traziam. Desde sempre judeus e cristãos consideram que ela era casada com um homem chamado Lapidote, baseando-se em Jz 4:4). Contudo, o termo Lapidote significa algo como "tochas acesas" ou "fogo aceso", sendo possível que o termo "Débora, mulher de Lapidote" possa significar que ela fosse uma "acendedora de tochas" ou uma "mulher flamejante"[7]. De qualquer forma, além de juíza ela também era profetisa, sendo assim, tinha autoridade divina para discernir e dar soluções ao que a procuravam.[8]

Certo dia Débora mandou chamar Baraque, e lhe disse que Deus havia ordenado que ele escolhesse dez mil homens das tribos de Naftali e Zebulom para enfrentar Sísera e que a vitória já estava garantida por Ele. Apesar de confiar na palavra que recebeu, Baraque pediu para que Débora acompanhasse a ele e seu exercito no dia da batalha. Isso porque ela era juíza e profeta e sua presença com certeza seria capaz de inspirar confiança nos homens escolhidos para a guerra.

Interpretes judeus e cristãos tem alegado que, por esse pedido, Baraque havia perdido a honra de matar Sísera e receber o renome pela vitória, como Débora teria lhe dito que tal essa honra seria dada a uma mulher. Entretanto, esta interpretação não é a única possível: as palavras de Débora podem ter sido o vaticínio do que se daria ao fim da batalha, não uma maldição. Ademais, tal hermenêutica é complicada para os cristãos, na medida em que a Carta aos Hebreus cita a Baraque como um Herói da Fé ao lado de Davi e Gideão[7]

Ao ouvir dizer que os israelitas estavam alinhados para a guerra, Sísera convocou todo os seus carros, novecentos carros de ferro e todo o povo que estava com ele. Quando o momento da batalha chegou, houve grande confusão entre o exercito de Canaã e eles foram derrotados. Sísera fugiu a pé da batalha para a tenda de Jael, mulher de Héber, o queneu, e seu marido era aliado a Sísera pois existia um acordo de paz entre eles.

 

Baraque e Débora vendo o corpo morto de Sísera na tenda de Jael. Imagem da Biblioteca da Universidade de Oklahoma.

Cansado, Sísera lhe pediu água e Jael lhe deu leite, e ele adormeceu. Então Jael pegou uma estaca e a cravou na fonte de Sísera com um martelo e o matou,[9] assim cumprindo o que Débora dissera a Baraque. O povo de Israel, fortalecido, continuou a lutar contra Canaã até que Jabim estivesse totalmente destruído.[2][3]

Ao final da batalha, Débora cantou um hino de gratidão ao Deus de Israel. Nele podemos perceber o quão sensível Débora era com as questões políticas e espirituais de Israel. Ela tinha consciência de que o pecado de seu povo havia feito com que Deus permitisse que eles passassem por todo aquele sofrimento. Em seu cântico ela abençoa aqueles que se dispuseram a lutar contra Sísera e seu exército e amaldiçoa as Tribos de Israel que temeram diante do inimigo. Comenta ainda sobre os sentimentos da mãe de Sísera, que espera impaciente pelo retorno do filho que nunca mais voltará. Ela termina seu hino com as seguintes palavras: "Assim, ó Senhor, pereçam todos os teus inimigos! Porém os que o amam sejam como o Sol quando sai na sua força."(Juízes 5.31).[10][3]

A atual pesquisa acadêmica tem salientado as diferenças entre o texto em prosa de Juízes capítulo 4 e o texto poético do capítulo 5, que é bem mais antigo e com menor acréscimos de sacerdotes e escribas. Levando este fato em consideração, o protagonismo da personagem teria sido ainda maior, porém, mitigado com o tempo devido ao mau estar com uma liderança feminina tão pujante[5].

  1. «Significado do nome Débora». Consultado em 19 de julho de 2015 
  2. a b c «Juízes 4 - Bíblia Online - acf». www.bibliaonline.com.br. Consultado em 19 de julho de 2015 
  3. a b c C. Stamps, Donald (1995). Bíblia de Estudo Pentecostal. [S.l.: s.n.] ISBN 8526300482 
  4. Holman Bible Editorial Staff, Holman Concise Bible Dictionary, B&H Publishing Group, USA, 2011, p. 158
  5. a b Pacheco, Thiago (13 de outubro de 2015). «DÉBORA: UM INCÔMODO NO PATRIARCALISMO» (PDF). Revista Jesus Histórico e sua Recepção 
  6. Liverani, Mario (2008). Para além da Bíblia: Historia Antiga de Israel. São Paulo: Edições Loyola 
  7. a b «5 afirmações absurdas acerca da (na verdade contra a) profetisa Débora» 
  8. Jones, R D. «osprofvt». www.bible-facts.info. Consultado em 19 de julho de 2015 
  9. «JAEL - MULHER DECIDIDA E CORAJOSA». solascriptura-tt.org. Consultado em 19 de julho de 2015 
  10. «Juízes 5 - Bíblia Online - acf». www.bibliaonline.com.br. Consultado em 19 de julho de 2015 

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