Explique o que indica a presença de um muro na fronteira entre esses dois países

Em algumas partes do mundo, muros dividem países Jose Luis Gonzalez/ Reuters - 26.10.2019

As fronteiras entre países são linhas imaginárias traçadas no mapa e, na maior parte do mundo, facilmente atravessáveis. Em outras regiões, entretanto, as fronteiras são reais e aparecem na forma de muros, com arame farpada e guardas.

As barreiras mais emblemáticas foram construídas entre os Estados Unidos e o México; no enclave espanhol de Melilla, no Marrocos, e Ceuta, na Espanha, que separa a Europa da África; na zona desmilitarizada entre as Coreias e na Faixa de Gaza, região em disputa por Israel e Palestina.

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As justificativas pelos responsáveis por erguer essas estruturas nos limites entre dois países são controlar a entrada de imigrantes, criar zonas de segurança e garantir um cessar-fogo. No entanto, a explicação para construção dessas barreiras é, no fundo, mostrar quem manda na região.

“A materialização do muro expressa o distanciamento e materializa o poder. É a expressão do poder e da opressão, quem controla esse muro tem o poder”, diz a professora de Relações Internacionais da ESPM-POA, Ana Simão.

Muro entre EUA e México é um dos mais emblemáticos Jose Luis Gonzalez/Reuters - 6.9.2019

Os muros construídos na fronteira entre México e os Estados Univos e no reduto espanhol em Melilla e em Ceuta, no norte do Marrocos, surgiram com a premissa de controlar a imigração ilegal. Do lado norte-americano, a obra foi justificada também com uma medida  necessária para combater o tráfico de drogas e a criminalidade.

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"A criação das fronteiras não controla o tráfico e nem elimina o terrorismo o muro aumenta a vulnerabilidade das pessoas, das regiões e expressa o poder”, diz a professora da ESPM.

Pessoas que vivem em situação de crise política, econômica ou humanitária deixam suas casas em busca de uma situação de vida melhor e fogem para regiões mais desenvolvidas. Apesar de existir possibilidade de conseguir asilo ao cruzar a fronteira, o volume desses pedidos é grande e o processo lento.

Nos últimos anos, a União Europeia se mostrou mais aberta à entrada de imigrantes, com exceção a Itália, que fechou portos e recusou ajudar navios que circulavam próximo a sua costa. O ultradireitista Matteo Salvini chegou a ser julgado pelo bloqueio de uma dessas embarcações.

“A barreira física é uma demonstração de problemas diplomáticos prévios. Mostra que a questão chegou em um ponto em que as negociações diplomáticas se esgotaram”, diz o coordenador do curso de Relações Internacionais da FAAP, Carlos Gustavo Poggio.

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Nos EUA, o ex-presidente Donald Trump foi eleito com um discurso contra a imigração e, durante seu governo endureceu as medidas para asilo e recebeu críticas pelo tratamento dado aos latinos nas dependências de centros da Agência de Imigração e Alfândega (ICE).

Joe Biden chegou à Casa Branca com uma proposta mais flexível em relação aos imigrantes, mas deixou claro que não vai abrir as portas para todos.

Faixa de Gaza, que divide Israel e Palestina, é uma zona de conflitos constantes Anas Baba / AFP - 13.5.2021

A fronteira entre Israel e Palestina é uma zona de guerra e, em maio deste ano, um confronto que durou semanas terminou com 100 mortes no lado árabe do muro. 

“Essa é uma região de bastante tensão política. Tem uma questão econômica e política, com elementos religiosos, culturais e históricos”, explica Poggio.

Com a saída de Benjamin Netanyahu do poder no começo de junho, é possível que a situação de fato mude. “É preciso aguardar para ver como ficam as relações com a nova política em Israel”, diz Ana.

Zona Desmilitarizada separa Coreias do Norte e do Sul Wikimedia Commons

A Zona Desmilitarizada entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul é uma das regiões mais armadas e vigiadas do mundo. Os dois países ainda estão em guerra, apesar de não trocarem tiros desde os anos 1950, quando a divisão do território foi formalizada.

Ainda assim, nunca houve um tratado de paz e as conversas sobre uma reintegração das Coreias ficam no campo das possibilidades para o futuro. Por hora, o maior perigo na região é o poderio militar da isolada Coreia do Norte, que rejeita as tentativas de diálogo com países do Ocidente e vizinhos.

O território sob o comando de Kim Jong-Un está isolado do restante do mundo desde o fim da guerra e relações principalmente com a China, que também tem um governo comunista. Enquanto isso, a Coreia do Sul cresce no campo da tecnologia, soft power e conta com aliados poderosos na Ásia e é próxima dos Estados Unidos.

Nesse muro não há imigrantes tentando passar para o outro lado. Os dissidentes da Coreia do Norte precisam enfrentar jornadas dificílimas para deixar o país e podem correr o perigo de serem traficados para outras regiões.

Para o professor Poggio, a permanência da proibição de circulação de pessoas entre as Coreias e a presença de outros muros pelo mundo vai contra o que era esperado para o mundo no século 21.

"A criação de todos esses muros é uma negação ao discurso pós-Guerra Fria de que viveríamos em um mundo aberto, globalizado, com trocas globais de comércio”, afirma.

Explique o que indica a presença de um muro na fronteira entre esses dois países


Explique o que indica a presença de um muro na fronteira entre esses dois países.

GABARITO E COMENTÁRIOS

Objeto de conhecimento: 

Corporações e organismos internacionais e do Brasil na ordem econômica mundial.

Habilidade (EF08GE11) 

Analisar áreas de conflito e tensões nas regiões de fronteira do continente latinoamericano e o papel de organismos internacionais e regionais de cooperação nesses cenários.

RESPOSTA

Espera-se que os alunos expliquem que a presença de um muro na fronteira entre Estados Unidos e México indica a tentativa de barrar algum fluxo que acontece de um país para outro. No caso retratado na imagem da questão, existe a tentativa de bloqueio do fluxo migratório.

É possível que surjam respostas que não indiquem o papel desse tipo de barreira física para o controle do fluxo de pessoas nem como ela é significativa, no caso, na fronteira entre México e Estados Unidos.


O objetivo da questão é analisar a habilidade dos alunos de identificar a definição de fronteiras e soberania política, com foco na situação da fronteira entre México e Estados Unidos da América. Caso o rendimento, de modo geral, mostre-se insatisfatório, separe três textos que contemplem diferentes casos de muros que dividem populações do mundo –México e Estados Unidos; Israel e Palestina; Ceuta e Melilla, etc. Divida a turma em três grupos e selecione um texto para cada grupo. Oriente os alunos a ler e discutir a influência desse tipo de bloqueio físico para as populações. Posteriormente, promova um pequeno debate, no qual os grupos devem expor as conclusões levantadas e apresentar opiniões favoráveis e contrárias a esse tipo de situação. Essa atividade tem o intuito de propiciar aos alunos o contato com diferentes exemplos relacionados a esse tema, com vistas também ao desenvolvimento da capacidade de argumentação.