Por que ser au pair

Eu conheço o programa Au Pair desde os meus 17 anos, mas só me inscrevi (e embarquei) aos 25, depois de ter pensado e repensado muito. O objetivo desse post é ajudar aquelas meninas (e meninos) que têm vontade de fazer o intercâmbio, mas não sabem se é o momento certo por conta da idade, ou da faculdade ou porque não querem pausar o relacionamento com a pessoa amada por um ano. Eu mesma já tive esses questionamentos, então vou listar abaixo os tópicos mais considerados na hora de tomar essa decisão e meu ponto de vista de acordo com minha experiência.

Ser au pair antes dOS 21 anos

Se o seu plano é ser Au Pair nos Estados Unidos (porque você também pode ser Au Pair na Irlanda, Austrália, Alemanha, China, entre outros), eu recomendo fortemente que tenha pelo menos 21 anos quando chegar no país, ou que esteja prestes a fazer aniversário. Nos EUA você é considerado menor de idade até completar 21, então se você quiser pegar uma baladinha, ou tomar um vinho num restaurante durante um jantar, por exemplo, você não vai conseguir. É inclusive mais difícil alugar carro e, caso consiga, mais caro. Agora, se você é mais de boa, não bebe, não curte balada, não tem interesse em ir pra festinhas em Vegas (hehe)… venha quando se sentir pronto(a)!

Minha amigona italiana, Alessia, e eu na minha segunda sexta-feira nos EUA. Curtindo um barzinho de boas e tomando uma cervejinha porque a gente era maior de 21 e a gente podia. hehe

Uma outra questão que vejo nesse caso é o fator psicológico. Claro que varia muito de pessoa para pessoa, especialmente da criação que você teve, mas a Carol de 18 anos não teria sido forte o suficiente para aguentar a barra que a Carol de 25 aguentou. E olha que aos 18 eu já era muito responsável, já trabalhava há 3 anos e já me achava a dona do pedaço. Em contra partida, eu tinha amigas alemãs de 19 anos super maduras para a idade. Elas se impunham, negociavam quando algo não estava bom e sempre colocavam os pingos nos is. Na idade delas eu era uma jacú. De qualquer forma, lembre-se apenas que ser Au Pair vai muito além do que os posts felizes de viagens e brincadeiras na neve que vemos no Instagram. Precisa ser forte (mas não se preocupe muito com isso, caso você não seja forte, vai aprender na marra, assim como eu)!

Ser Au Pair antes ou depois da faculdade

Sinto muito em dizer isso, mas it’s up to you! Infelizmente não existe uma resposta pronta para essa pergunta porque realmente depende dos teus planos, de onde você está emocionalmente, de onde quer chegar, etc. Minha experiência é a seguinte: eu já havia começado uma faculdade aos 17 anos e largado antes de completar um ano de curso; fiquei um ano sem estudar e aos 19 decidi que precisava fazer uma faculdade “para ser alguém na vida” (termo que hoje acho bullshit, aliás). Então, mesmo querendo MUITO fazer intercâmbio, eu estava decidida a terminar esse curso primeiro. E assim eu fiz. Contudo, quando me formei eu estava num relacionamento sério e, embora algo dentro de mim estivesse GRITANDO pra eu ir fazer o intercâmbio, na minha cabeça eu tinha que me conformar com o fato de que não ia acontecer para mim e, por isso, comecei uma pós-graduação. Enfim, após terminar minha pós-graduação eu acabei vindo para os EUA, me casei e já até trabalhei numa empresa americana. Sendo assim, fiz um compilado de 3 cenários diferentes no tema faculdade com o que eu observei nesses 5 anos e meio morando em terras americanas:

Meninas da turma de Publicidade e Propaganda da UniToledo em 2012, posando para a tão esperada foto de preto
pré-formatura.

I – Fazer faculdade antes do programa de Au Pair

a) Minha hosta me falou uma vez que o fato de eu ser formada mostrou que eu era uma pessoa esforçada e responsável; b) Para mim, a melhor parte de ter me formado antes de vir foi saber que, ao voltar para o Brasil, eu não precisaria encarar 4/5 anos de facul. Isso me deixava bem mais tranquila!;c) Caso você acabe ficando por aqui e sentir que precisa voltar a estudar, você pode fazer uma pós-graduação para algo mais específico e encarar dois anos só de estudos em vez de quatro;

d) Ser formada me ajudou a conseguir um emprego numa empresa americana em um nível acima do Entry Level, com um salário muito bom. Apesar de ter sido um projeto temporário, eu ainda considero como um ponto positivo pela experiência e porque agora eu tenho referências de trabalho;


e) Verdade seja dita, esse emprego que citei acima acabou em março do ano passado e duas semanas mais tarde o Covid19 chegou e fechou tudo por aqui. Muitas empresas fecharam, muita gente bem qualificada foi demitida e por isso o mercado de trabalho está muito competitivo. Eu até hoje não arrumei outro emprego à altura (de Entry Level tem bastante, mas o salário é baixo) e atribuo isso ao fato de 1) eu não ter uma formação numa faculdade boa americana e sim numa faculdade desconhecida brasileira, e 2) ao fato de que eu não tenho muita experiência na minha área de formação. Ou seja, ser formada foi útil quando tinha bastante demanda, agora eu me sinto um pouco para trás da concorrência (detesto esse termo também, mas não consegui pensar em outro);
f) Outro ponto que considero negativo é que quando você voltar ao Brasil vai ter que justificar o porquê de ter ficado tanto tempo fora do mercado de trabalho (apesar que eu acho o intercâmbio um motivo muito válido) e, dependendo da sua formação, vai ter que se atualizar do que mudou nesse tempo em que esteve fora, às vezes tendo que fazer um curso complementar.

Toda pimpona na comemoração do meu aniversário de 29 anos na empresa em que trabalhava. Morro de saudades!

II – Fazer faculdade depois do programa de Au Pair

a) Você tem mais tempo de pensar no que você gosta e no que você quer ser “quando crescer”. Pode ser que durante o seu intercâmbio você descubra uma paixão por algo que nem sabia que existia antes e tenha uma clareza maior do que você realmente quer quando voltar pra casa. Pode ser inclusive que, para exercer essa profissão que ama, você nem precise fazer faculdade;b) Caso decida ir pra facul quando voltar, poucos na sua turma da faculdade serão bilingues ou terão uma experiência morando no exterior, logo, isso te dará mais chances de conseguir aquela vaga de estágio concorrida;c) Caso fique nos EUA, você estará mais aberto(a) a todas as oportunidades em vez de ficar insistindo na sua área de formação (embora há muitas pessoas aqui que trabalham exatamente com a mesma coisa que faziam/estudaram no Brasil);

d) Em compensação, caso queira fazer uma faculdade aqui, saiba que vai ser caro! Ficar aqui como estudante era uma opção que eu tinha quando estava terminando meu programa de Au Pair e não sabia que seria pedida em casamento. Por isso eu sei que com o visto de estudante o valor da faculdade, que ja é cara, DOBRA. Fora que se você não for para o Brasil para trocar de visto (do J-1 para F-2), você não pode sair dos EUA até terminar seu curso, a não ser que desista. Aliás, já que estamos falando disso, só uma curiosidade: sabia que a maioria dos americanos fazem empréstimo para estudar e que, se somar o que todo mundo deve em termos de empréstimo para estudos (student loan), a dívida é maior que U$ 1.64 trilhões?!!! Por outro lado aqui existe Community College, que é uma facul mais acessível. Porém essas faculdades são para Associate Degree que, em outras palavras, são dois anos de curso para você começar numa carreira, mas que não te dão o título de bacharel.

III – Trancar a facul e terminar quando voltar do intercâmbio

Eu, Carol, só faria se eu não tivesse outra opção. Algo tipo “se eu não for agora ou não vou conseguir ir nunca”. Mas eu tenho um problema muito sério chamado “se começar, termina”. Vale lembrar que, quando foi conveniente para mim, eu tranquei uma facul sim (lembra que mencionei lá em cima?), mas confesso que me dá um siricutico só de pensar nisso (é minha lua em Virgem e meu Saturno em Capricórnio, certeza!). Agora, se você detesta o curso que está fazendo, ou está totalmente perdido(a) sobre o que fazer, não aguenta mais esperar para mudar de vida e vive sonhando acordado(a) com o dia de desembarcar em Nova Iorque, se joga e seja feliz!! Lembrando que essa decisão é pessoal, precisa ser ponderada com calma e com carinho.

Au Pair x Namorado

Nesse tópico eu vou ser bem direta e dar pitaco sim! Por favor, guarde isso para a vida: toda vez que você estiver em dúvida entre fazer um intercâmbio, aceitar alguma oportunidade na carreira ou nos estudos, ou qualquer outra coisa que você tenha que escolher entre ir ou ficar por causa de qualquer outra pessoa que seja, sempre escolha VOCÊ! Invista em você, nos seus sonhos, no seu futuro, na sua auto-confiança, na sua carreira… Se coloque em primeiro lugar sempre! Ficou claro? Quem tiver que fazer parte da sua vida, fará. Confie! E digo mais: quando você está feliz consigo mesmo, tudo flui melhor, você atrai relacionamentos mais saudáveis, você se sente mais completo. Portanto, se tua(teu) namorada(o) não apoia os teus sonhos, você está namorando errado!!

Era assim que eu estava gesticulando – mentalmente – enquanto escrevia o parágrafo acima.

Eu conheci uma moça que fez intercâmbio mesmo estando num relacionamento sério, ficou nos EUA por um ano, voltou e se casou com o namorado que a esperou pacientemente, juntos tiveram uma filha e estão felizes. Por outro lado, também conheço meninas que namoravam há anos, um apoiava a escolha do outro, mas acabaram terminando e agora cada um está feliz em outro relacionamento. Tem também as meninas que terminaram o namoro para vir, tipo eu. Eu namorava há quase quatro anos quando decidi vir, conversávamos sobre casamento e tudo, e por isso eu adiei esse sonho em dois anos (foi o tempo da minha pós-graduação, que aliás comecei porque achei que por conta do fulano, meu destino era ficar na minha cidade, casar com ele e me contentar apenas em assistir o intercâmbio à distância através dos blogs das meninas que tiveram mais coragem que eu). Acabou que entre idas e vindas, nós dois sabíamos que o relacionamento já não estava bom e que ficar um ano separados só iria piorar as coisas e, por isso, terminamos no mesmo dia que fui à agência fazer meu teste de inglês. Hoje sou casada com outra pessoa e não poderia ter escolhido melhor! Eu sempre preferi me arrepender por ter feito algo do que me arrepender por não ter feito algo e passar o resto da vida fantasiando como teria sido. Ui, Deus me free desse sentimento!!

Para finalizar, reforço que tudo precisa ser ponderado e cada caso é um caso. A escolha é individual. Para facilitar sua escolha, proponho fazer a seguinte atividade: escreva uma lista (não faz mentalmente não, hein? Deus está vendo você com preguiça) com os prós e contras de cada opção/possibilidade. Mas tire um tempo para fazer isso; escolha um lugarzinho que ninguém vá te atrapalhar e quando estiver escrevendo, sinta com o coração. Quando terminar de escrever, releia uma lista de cada vez, feche os olhos e se imagine naquela situação, preste atenção no sentimento que cada cenário te traz e no final escolha o que fez o seu coração bater mais forte. Só você pode tomar essa decisão. E lembre-se de que não existe escolha errada. Todas as escolhas te levam para o caminho que era pra ser, o caminho que vai te ajudar a evoluir. Então independentemente da escolha que fizer, confie que será a melhor escolha para você.

Desejo boa sorte na sua decisão.

xoxo

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