Da Redação | 25/04/2019, 17h02 Show
O presidente da República, Jair Bolsonaro, assinou nesta quinta-feira (25) um decreto pondo fim ao horário de verão nos 11 estados em que ele era aplicado. A medida havia sido anunciada no início do mês e já passa a valer em 2019. O Senado chegou a ter propostas sobre o tema nos últimos anos, e as que restam deverão ser arquivadas. Um exemplo era o PLS 438/2017, do ex-senador Airton Sandoval (MDB-SP), que proibia a adoção de qualquer horário especial no país. Na justificativa do texto, o autor questionava o argumento de maior aproveitamento da luz solar, que reduziria o consumo de energia. Segundo o ex-senador, essa tese não tem sustentação econômica. De fato, o secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Ricardo Cyrino, explica que o horário de pico de consumo energético diário no país é por volta das 15h, o que tornaria irrelevante adiantar os relógios. Quando o horário de verão no formato atual foi instituído no Brasil, em 1985, o pico era às 18h. Sandoval também observou, no seu projeto, que a privação do sono causada pela mudança de horário tem vários efeitos nocivos à saúde e à sociabilidade: irritação, sonolência, comprometimento cognitivo e do julgamento moral, lapsos de memória, prejuízo da atenção e dos reflexos, aumento de riscos cardíacos e supressão do processo de crescimento (em adolescentes). O PLS 438/2017 não chegou a receber parecer de nenhuma comissão e foi arquivado no fim de 2018, porque o mandato do seu autor chegou ao fim. Ele poderia ser resgatado através da requisição de 27 senadores. EleiçõesOutra proposta no Senado afeta a adoção do horário de verão apenas em anos eleitorais. O PLS 559/2015, do senador Roberto Rocha (PSDB-MA), determina que, nos anos em que houver eleição, o horário especial só terá início depois da realização do pleito. Essa medida foi adotada em 2018, a pedido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Havia preocupação com possíveis confusões para o eleitorado e com atrasos na apuração dos votos e na divulgação dos resultados do pleito. O então presidente da República, Michel Temer, assinou um decreto adiando o início do horário de verão, mas, sem a determinação legal, não havia garantia de que isso seria feito em outros anos eleitorais. O projeto continua em tramitação, e está com a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). PesquisaUma pesquisa realizada no fim de 2018 pelo DataSenado apontou opiniões divididas em relação ao fim do horário de verão no Brasil. Dos 12.970 internautas que responderam voluntariamente à enquete, 55% apoiavam a ideia e 44% eram contrários. O restante 1% não soube opinar. Dos apoiadores do fim do horário de verão, 90% acreditam que não haveria alteração no nível de consumo de energia elétrica, caso o projeto de lei fosse aprovado. Já entre os 44% favoráveis à manutenção do horário especial, 80% acreditam que, com a aprovação da proposta, haverá aumento do uso da eletricidade. Ao responderem à indagação sobre se as alterações no horário podem ou não ser causadoras de problemas à saúde das pessoas, houve praticamente empate: enquanto 47% dos internautas avaliam que podem ocorrer prejuízo à saúde, 46% refutaram a hipótese. Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado) A volta do horário de verão foi descartada pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, nesta quinta-feira (30). O programa foi extinto em 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro. Neste ano, o governo vinha sofrendo pressões de setores da economia para retomar o horário de verão. Tanto para aliviar a pressão sobre os reservatórios das hidrelétricas durante a crise hídrica, quanto para melhorar os negócios do comércio no Brasil com uma hora de sol a mais durante o dia. - O horário de verão não se faz necessário no que diz respeito à economia de energia. [O programa] não foi renovado em 2019 e permanece da forma como está - afirmou o ministro. Uma pesquisa feita pelo Datafolha mostra que mais da metade dos brasileiros é a favor da volta do horário de verão. Segundo o instituto, 55% apoiam o programa. Cerca de 38% são contra. Os demais são indiferentes. Diante da crise hídrica, o governo chegou a pedir ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) novos estudos sobre a eficácia do programa, que concluiu que o retorno do programa não traria impactos no enfrentamento da crise energética. Os resultados do estudo são semelhantes aos que justificaram o fim do horário de verão. As pesquisas afirmam que com a popularização dos aparelhos de ar condicionado, o pico do consumo foi deslocado para o início da tarde, quando faz mais calor. Por esse motivo, não há mais grande economia em retardar o pôr-do-sol, segundo o governo. Antes da mudança do perfil de consumo residencial, o pico ocorria no início da noite, quando empresas e indústrias ainda funcionavam e mais pessoas estavam em casa utilizando eletrodomésticos. Leia tambémTemas:
O presidente Jair Bolsonaro assinou nesta quinta-feira (25) o decreto que revoga o horário de verão. A assinatura ocorreu durante cerimônia no Palácio do Planalto. Segundo o presidente, a medida segue estudos que analisaram a economia de energia no período e como o relógio biológico da população é afetado.
Bolsonaro já havia anunciado no início do mês, em uma rede social, a decisão de acabar com o horário de verão neste ano. Neste período do ano, que costumava durar entre outubro e fevereiro, parte dos estados brasileiros adiantava o relógio em uma hora.
Na cerimônia desta quarta-feira para anunciar o decreto, o presidente informou que a área técnica do Ministério de Minas e Energia apresentou estudos sobre a economia de energia gerada pelo horário de verão. Segundo Bolsonaro, “gente da área de saúde” também foi procurada para apontar como o horário afeta o relógio biológico das pessoas.
“As conclusões foram coincidentes: questão de economia, o horário de pico era mais pra 15h, então não tinha mais a razão de ser [da permanência do horário], não economizava mais energia; e na área de saúde, mesmo sendo uma hora apenas, mexia com o relógio biológico das pessoas”, disse.
Para o presidente, se não se alterar o “relógio biológico, com toda certeza, a produtividade do trabalhador aumentará”.
No início do mês, o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, informou que o Ministério de Minas e Energia fez uma pesquisa segundo a qual 53% dos entrevistados pediram o fim do horário de verão.
Bolsonaro falou, ainda, sobre o fato de a decisão ter sido tomada por meio de um decreto presidencial, sem necessidade de aprovação do Parlamento.
Ele destacou a ”dificuldade de um parlamentar aprovar uma lei”, o que considera ser “muito difícil, quase como ganhar na Mega Sena”.
“Muitas vezes, um decreto tem um poder enorme, como este assinado aqui, agora. A todos os senhores [parlamentares], os demais que estão nos ouvindo, o governo está aberto. Quem tiver qualquer contribuição para dar via decreto, via novo decreto ou via alteração de decreto, nós estamos à disposição dos senhores”, completou.
Presidente Jair Bolsonaro em entrevista coletiva para anunciar o decreto que acaba com o horário de verão nesta quinta-feira (25) — Foto: Reprodução/NBR
No Brasil, o horário de verão foi instituído pela primeira vez no verão de 1931/1932, pelo então Presidente Getúlio Vargas. Sua versão de estreia durou quase seis meses, vigorando de 3 de outubro de 1931 a 31 de março de 1932.
No verão seguinte, a medida foi novamente adotada, mas, depois, começou a ser em períodos não consecutivos. Primeiro, entre 1949 e 1953, depois, de 1963 a 1968, voltando em 1985 até agora.
O período de vigência do horário de verão é variável, mas, em média, dura 120 dias. Em 2008, o horário de verão passou a ter caráter permanente.
No mundo, o horário diferenciado é adotado em 70 países – atingindo cerca de um quarto da população mundial.
O horário de verão é adotado em países como Canadá, Austrália, Groelândia, México, Nova Zelândia, Chile, Paraguai e Uruguai. Rússia, China e Japão, por exemplo, não implementam esta medida. FONTE: G1.GLOBO.COM“Importante: A presente notícia detém cunho estritamente informativo. As opiniões e pareceres aqui expostos não correspondem, necessariamente, aos do escritório Fonsatti, Franzin & Advogados Associados.” |