Numeros de estudantes universitarios no brasil

Brasília - O número de universitários aumentou 4,3% em 2007, na comparação com o ano anterior. Segundo dados do Censo da Educação Superior, divulgados hoje (2) pelo Ministério da Educação, um total de 4.880.381 alunos fazia cursos de graduação presenciais em uma das 2.281 instituições de ensino superior (IES) do Brasil.

Apesar do crescimento verificado nos últimos anos, o total de alunos está bastante longe da meta estabelecida pelo governo. Até 2011, o Brasil pretende ter 30% da população com curso superior. Os números atuais correspondem a menos de 12%. “Muitas pessoas não vão para universidade porque sequer elas não terminam o ensino médio. Mais de 60% das pessoas que terminam o ensino médio não ingressam na universidade”, contabiliza o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Reynaldo Fernandes.

Segundo ele, “estamos muito longe da média dos países desenvolvidos. A idéia de que muita gente vai para a faculdade no Brasil não é correta quando comparada internacionalmente”, diz citando a universalização de 70% nos Estados Unidos e de 40% na média dos países desenvolvidos.

A maior parte dos estudantes brasileiros do ensino superior está nas universidades (pouco mais de 54% ou 2.644.187 alunos). As faculdades matriculam cerca de 32% (1.555.256) e os centros universitários 14%, aproximadamente (680.938). Mais de 92% das faculdades e 96,7% dos centros universitários são privados. Entre as universidades, há um equilíbrio: 52,5% são públicas e 47,5% são privadas.

A diferença entre os três níveis de IES está, por exemplo, no grau de autonomia para criação e funcionamento de cursos e na exigência de titulação. Além de mais autonomia, as universidades devem manter atividades de ensino, pesquisa e extensão.

O número de vagas ofertadas em relação ao ano anterior foi de 194 mil vagas a mais que 2006. No ano passado, haviam 1.341.987 vagas ociosas, cerca de 98% delas nas instituições privadas.

Segundo Fernandes, do Inep, os cursos de ensino à distância e da chamada “educação tecnológica” (com cursos de duração menor, até 2 anos) são os que mais crescem. Entre 2002 e 2007, o número de cursos a distância cresceu quase 9 vezes (408 cursos), atingindo 369.766 matriculas. No ensino tecnológico, o total de matrículas era de 347.856 em 3.702 cursos (quase 6 vezes acima do verificado em 2002).

No período, o número de cursos presenciais aumentou 61% (chegando a 23.488 cursos). No total, a maior procura por cursos presenciais estava entre Administração (798 mil matrículas); Direito (613 mil matrículas) e Pedagogia (335 mil matrículas).

De acordo com o Inep, o número de funções docentes em 2007 era de 334.688. Mais de 218 mil lecionavam em IES privadas e mais de 115 mil em instituições públicas. A relação de aluno/função docente é de 15,4 alunos por função docente (11,4 alunos nas IES públicas e 17,5 nas IES privadas). Função docente contabiliza os professores que lecionam em mais de uma instituição e podem ter múltipla contagem.

Mais de 120 mil funções docentes têm mestrado; 99 mil, especialização; 76 mil, doutorado; e 38 mil, apenas graduação. Diferente do que acontece nos níveis básicos do ensino, há mais professores do que professoras: 184 mil homens em funções docentes contra 150 mil mulheres na mesma atividade.

Porcentagem é menor do que a observada em países como Estados Unidos, México, Colômbia, Chile e Argentina. Dados do Inep revelam os avanços e retrocessos no ensino superior brasileiro

Numeros de estudantes universitarios no brasil
Foto: Marcello Casal Jr. | Agência Brasil

Por: Mariana Lima

Nos últimos 20 anos, o ensino superior brasileiro passou por uma extensa transformação. Em meados dos anos 2000, o Brasil passou a registrar um aumento considerável das matrículas no ensino superior.

Em 2000, o país tinha 2,7 milhões de matriculados em cursos de graduação. Em 2019, o número já era mais do que o triplo: 8,6 milhões.

As transformações começaram ainda na virada do século, com os cursos de graduação a distância, criados no fim dos anos 1990, ganhando mais adeptos.

Enquanto em 2002, as matrículas da modalidade representavam apenas 1,2%, a cada 100 matrículas em 2009, 14 eram de cursos a distância. Dez anos depois, eram 28,5 a cada 100.

Aos poucos, o ensino superior brasileiro, que sempre foi elitizado e ocupado, majoritariamente, por pessoas de maior poder aquisitivo, começou a se tornar mais diverso.

Até 1998, a cada 100 alunos de 18 a 24 anos em cursos superiores, 75 pertenciam aos 20% mais ricos da população. Em 2019, eles eram 40 a cada 100.

O cenário de 1995, em que os 20% mais pobres da população representavam apenas 1 de cada 100 vagas nas universidades, transformou-se a partir das políticas publicas de democratização do acesso ao ensino superior, como as cotas sociais.

Em 2015, pretos, pobres e estudantes oriundos da escola pública representavam 6 a cada 100 alunos do ensino superior. Mas essa tendência não só parou, como houve um retrocesso, e a proporção de alunos mais pobres caiu para 5 a cada 100 em 2019.

Outro grupo que há mais de duas décadas representa uma pequena porcentagem nas universidades é dos indígenas. Foram as políticas de cotas raciais que ajudaram a ampliar a presença de pretos, pardos e indígenas (PPI) no ensino superior público.

Em 21 anos, a proporção de alunos PPI nas universidades federais, estaduais e municipais triplicou. Em 1999, 15% dos estudantes universitários eram pretos, pardos ou indígenas; em 2019, já eram 46%.

Ainda assim, a proporção de adultos de 25 a 34 anos com diploma do ensino superior no Brasil ainda é muito baixa, não ultrapassando os 21%.

Em contrapartida, outros países da América do Sul e Latina registram porcentagens mais altas, como México (24%), Colômbia (30%), Chile (34%) e Argentina (40%). Os Estados Unidos têm uma média de 49%.

Neste cenário, programas que possibilitaram a entrada de diversos grupos vulneráveis no ensino superior vêm sofrendo com cortes, o que afasta novos atendidos, como é o caso do Fies, conhecido programa de financiamento em universidade privadas.

O Fies teve seu auge em 2014, quando chegou a bancar 733 mil vagas. Atualmente, o número está bem abaixo disso: apenas 93 mil financiamentos foram concedidos em 2021: para cada oito vagas em 2014, há apenas uma hoje.

Os dados são dos Cadernos de Estudos e Pesquisas em Políticas Educacionais do Inep e do Ministério da Educação.

Fonte: Revista Piauí

Por mais que o número de novos alunos no ensino superior do Brasil esteja aumentando, com crescimento de 5,8% entre 2013 e 2019, a taxa dos estudantes que se formam ainda está longe de ser a ideal.

De acordo com dados divulgados hoje pelo Instituto Semesp, na 11ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil, apenas 18,1% dos jovens de 18 a 24 anos estão matriculados no ensino superior e somente 17,4% das pessoas de 25 anos ou mais concluíram um curso.

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Os índices ainda estão bem abaixo das metas do Plano Nacional de Educação (PNE). Para ingressantes, por exemplo, o PNE quer que 33% estejam estudando nos próximos 3 anos, um índice que já seria difícil em um cenário normal, mas está ainda mais complicado num contexto de pandemia.

Os alunos que recorrem à rede privada acabam abandonando o curso, principalmente, por problemas de falta de pagamento. É importante ressaltar que, segundo o estudo do Semesp, 78,5% das matrículas no Brasil estão concentradas no ensino superior privado, ou seja, alunos que não têm renda familiar alta precisam pagar mensalidades que, na maioria dos casos, não “cabem no bolso”.

Evasão

Em 2019, o número de estudantes fora da universidade no ensino presencial era de 30%. Em 2020, esse número subiu para 35,9%. No ensino à distância, a taxa subiu de 35%, em 2019, para 40%, em 2020.

Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, afirma que “a evasão no ensino superior é historicamente elevada e tem sido mais alta no EAD, uma modalidade que depende de uma disciplina muito maior por parte do aluno”.

Porém, o principal problema envolve uma junção de financeiro e vocacional. Na hora de escolher o curso, o candidato escolhe o que 'cabe no bolso', sem a vocação. Pela diferença de valores, ele escolhe Pedagogia no lugar, por exemplo, de Direito. Quando o curso começa, ele desanima, tem dificuldades para pagar a mensalidade e desiste.

Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Instituto Semesp

Apesar de ficar evidenciado o aumento da modalidade EAD em relação à presencial no Ensino Superior, a diferença é grande. Segundo o Mapa do Ensino Superior, 71,5% dos alunos matriculados ainda estão nos cursos presenciais. Em 2018, esse percentual era de 75,7%.

Numeros de estudantes universitarios no brasil
Ingressantes e concluintes no ensino superior privadoFoto: CNN Brasil

“O EAD vem crescendo muito, pois, também, atinge um público de 30 a 44 anos que está no mercado de trabalho e quer crescer profissionalmente. São cursos mais baratos, mais rápidos e que se encaixam nos horários de quem trabalha o dia todo”, afirma Capelato.

Segundo o Mapa do Ensino Superior do Brasil, a remuneração de quem tem ensino superior completo é quase três vezes maior se comparada a quem tem apenas o ensino médio.

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A relação entre o grau de instrução e a renda média mensal obtida no BrasilFoto: CNN Brasil

A maioria dos alunos com situação financeira mais vulnerável, que não teve oportunidade de uma educação de alta qualidade, não consegue concorrer nas principais instituições públicas e, ao mesmo tempo, não consegue ter renda para pagar as mensalidades das privadas. Quando consegue, acaba optando por fazer um curso de valor mais baixo, mesmo sem a vocação.

Destaques do CNN Brasil Business

 “Para resolver essa realidade e dar o direito a todos os jovens de realizar o sonho de ter uma profissão com formação em nível superior e, consequentemente, um salário melhor, o Governo precisa fortalecer as políticas de acesso ao ensino superior, com financiamento estudantil em larga escala, fomentado pelo governo e não pela iniciativa privada”, argumenta Capelato.

Para o diretor-executivo do Semesp, como o Brasil tem dimensões continentais e não tem condições de dar estudo gratuito a todos os estudantes, a única saída são os modelos de auxílio: “Na Austrália, é aplicado um modelo que se faz justiça social na hora do pagamento. Conforme a renda do estudante depois de formado, o Governo desconta um percentual. Quem tiver renda baixa ou estiver desempregado, não recebe desconto enquanto não tiver renda mínima para pagar.”