Na visão do eu lírico, o que seria necessário

Karolainedelrio7832 @Karolainedelrio7832

November 2019 3 5K Report

3º) em relação ao texto 2, responda:a)Qual é o tema central do poema?b)Qual é o pensamento do eu-lírico sobre esse tema indique suas respostas com o verso do poemab)na visão do eu-lírico o que seria necessário para que esse sentimento em sua forma mais Sublime visse a existir Fique sua resposta com versos do poemac)Leia no glossário e significado da palavra idealismo e responda Que relação há entre o título e as ideias presentes no poema.4º)compare os dois poemas quanto a linguagem a forma e ao conteúdo. a)Tendo em vista que no passado a poesia privilegiava o vocabulário e levando considerando de bom gosto responda que palavras e expressões desse texto fogem a essa tradição? de que era do conhecimento são essas palavras?b)O que aproxima os dois poemas quanto à forma?c)Que efeito resulta da mistura da forma clássica com temas e termos pouco convencionais?



Leia, a seguir, dois textos que integram a obra "Eu", do poeta pré-modernista Augusto dos Anjos.

Texto 1 - O deus verme

Fator universal do transformismo.

Filho da teleológica matéria,

Na superabundância ou na miséria,

Verme - é o seu nome obscuro de batismo.

Jamais emprega o acérrimo exorcismo

Em sua diária ocupação funérea,

E vive em contubérnio com a bactéria,

Livre das roupas do antropomorfismo.

Almoça a podridão das drupas agras,

Janta hidrópicos, rói vísceras magras

E dos defuntos novos incha a mão...

Ah! Para ele é que a carne podre fica,

E no inventário da matéria rica

Cabe aos seus filhos a maior porção!

Texto 2 - Idealismo

Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!

O amor da Humanidade é uma mentira.

É. E é por isso que na minha lira

De amores fúteis poucas vezes falo.

O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!

Quando, se o amor que a Humanidade inspira

É o amor do sibarita e da hetaira,

De Messalina e de Sardanapalo?!

Pois é mister que, para o amor sagrado,

O mundo fique imaterializado

- Alavanca desviada do seu futuro -

E haja só amizade verdadeira

Duma caveira para outra caveira,

Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!

(Idem.)

1. A respeito do texto 1, responda:

a. Qual é o tema central do poema?

b. Explique o título do poema, levando em conta o papel do verme no universo.

2. Indiretamente, o texto 1 faz referência à morte de seres humanos e de outros seres.

a. Que verso do poema demonstra o desprezo do eu lírico pelas crenças humanas?

b. Há, no texto, alguma referência a espiritualidade, sentimentos, sonhos?

c. Conclua: Que visão o eu lírico tem da vida e do mundo?

3. Em relação ao texto 2, responda:

a. Qual é o tema central do poema?

b. Qual é o pensamento do eu lírico sobre esse tema? Justifique sua resposta com um verso do poema.

c. Na visão do eu lírico, o que seria necessário para que esse sentimento, em sua forma mais sublime, viesse a existir? Justifique sua resposta com um verso do poema.

d. Leia, no glossário, o significado da palavra idealismo e responda: Que relação há entre o título e as ideias presentes no poema?

4. Compare os dois poemas quanto à linguagem, à forma e ao conteúdo.

a. Tendo em vista que, no passado, a poesia privilegiava um vocabulário elevado, considerado de bom gosto, responda: Que palavras ou expressões desses textos fogem a essa tradição? De que esfera do conhecimento são essas palavras?

b. O que aproxima os dois poemas quanto à forma?

c. Que efeito resulta da mistura da forma clássica com temas e termos pouco convencionais?

# RESPOSTAS (GABARITO)

Fonte: Português: Linguagens

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Autopsicografia

O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda

Que se chama coração.


 

Fernando Pessoa

O poema que você leu agora é de autoria daquele que é considerado o maior poeta da língua portuguesa: Fernando Pessoa. Pessoa provou, com seus vários heterônimos, que o poeta não cabe no poema; sua genialidade fez nascer outros tipos, diferentes abordagens e estilos. Talvez Fernando Pessoa seja a maior prova de que o poeta entrega seus versos para o verdadeiro dono do poema: o eu lírico.

Você sabe o que é eu lírico? Existem outras denominações, como eu poético e sujeito lírico, mas o termo mais conhecido e divulgado é este: eu lírico. Esse termo designa uma espécie de narrador do poema, e assim seria chamado se não estivéssemos falando dos textos literários, sobretudo do gênero lírico. Quando você lê um poema e percebe a manifestação de um “eu literário”, aquela voz, aquela personagem presente nos versos, não é necessariamente o autor real do poema.

É preciso compreender a diferença entre o poeta e o eu lírico. Não devemos confundir a pessoa real com a entidade fictícia. Claro que o poema não está isento da subjetividade de seu criador, mas no momento da escrita uma nova entidade nasce, desprendida da lógica e da compreensão de si mesmo, fatores que nunca abandonam quem escreve os versos (autor/poeta). Observe a construção do eu lírico na canção de Chico Buarque:

“Se acaso me quiseres  Sou dessas mulheres que só dizem sim Por uma coisa à toa  Uma noitada boa  Um cinema, um botequim  E se tiveres renda  Aceito uma prenda  Qualquer coisa assim  Como uma pedra falsa  Um sonho de valsa  Ou um corte de cetim  E eu te farei as vontades  Direi meias verdades  Sempre à meia luz  E te farei, vaidoso, supor  Que és o maior e que me possuis  Mas na manhã seguinte  Não conta até vinte, te afasta de mim  Pois já não vales nada  És página virada 

Descartada do meu folhetim”.


 

(Folhetim – Chico Buarque)

Temos, em algumas canções de Chico Buarque (vide Com açúcar, com afeto; Atrás da porta, Iolanda, Anos Dourados, Teresinha, Palavra de mulher e tantas outras), um exemplo claro de manifestação do eu lírico. No caso das canções citadas, o eu lírico fica ainda mais evidente, pois a despeito do poeta, nos versos temos a presença de um eu lírico feminino, que retrata diversos temas sob o ponto de vista das mulheres. Não fica claro, então, que o poeta e o eu lírico são elementos diferentes no gênero lírico?

Podemos concluir que o eu lírico é a voz que fala no poema e nem sempre essa voz equivale à voz do autor, que pode vivenciar outras experiências, que não as do poeta (como fica claro na canção Folhetim, de Chico Buarque). O eu lírico é o recurso que possibilita a criatividade do autor. Já pensou se ele não existisse? Estaria eliminada a criatividade dos sentimentos poéticos. Graças a esse importante e interessante elemento, os sentidos são pluralizados, o que torna os textos poéticos tão peculiares e belos.

Daniela Diana

Professora licenciada em Letras

O Eu lírico, Sujeito Lírico ou Eu poético é um conceito que designa a voz que se manifesta na poesia.

Criada pelo poeta, essa voz apresenta as reflexões, sentimentos, sensações e emoções de um sujeito fictício que discursa em primeira pessoa (Eu).

Exemplos

Ai Flores do Verde Pino

Ai flores, ai flores do verde pino, se sabedes novas do meu amigo!

Ai Deus, e u é?

Ai, flores, ai flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado!

Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo, aquel que mentiu do que pôs comigo!

Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado aquel que mentiu do que mi há jurado!

Ai Deus, e u é?

-Vós me preguntades polo voss'amigo, e eu bem vos digo que é san'e vivo.

Ai Deus, e u é?

Vós me preguntades polo voss'amado, e eu ben vos digo que é viv'e sano.

Ai Deus, e u é?

E eu ben vos digo que é san'e vivo e será vosco ant'o prazo saído.

Ai Deus, e u é?

E eu ben vos digo que é viv'e sano e será vosc'ant'o prazo passado.

Ai Deus, e u é?

(Dom Dinis)

Nessa canção trovadoresca de amigo o eu lírico é feminino, enquanto o autor da cantiga é masculino.

A voz do poema surge de uma senhora (a entidade fictícia criada pelo escritor) que fala do seu amado. Entretanto, quem escreveu a poesia, ou seja, a pessoa real, é o escritor português Dom Dinis (1261-1325), conhecido como o “rei-poeta”.

A Porta

Eu sou feita de madeira Madeira, matéria morta Mas não há coisa no mundo

Mais viva do que uma porta.

Eu abro devagarinho Pra passar o menininho Eu abro bem com cuidado Pra passar o namorado Eu abro bem prazenteira Pra passar a cozinheira Eu abro de supetão

Pra passar o capitão.

Só não abro pra essa gente Que diz (a mim bem me importa...) Que se uma pessoa é burra

É burra como uma porta.

Eu sou muito inteligente!

Eu fecho a frente da casa Fecho a frente do quartel Fecho tudo nesse mundo

Só vivo aberta no céu!

(Vinicius de Moraes)

Os exemplos mostram que o escritor escolhe qual personagem ele vai criar para dar voz à sua poesia. Faz isso quando opta por um eu lírico, que tanto pode ser masculino ou feminino, tal como no poema de Vinicius de Moraes, um objeto.

Diferença entre eu lírico e poeta

Um dos maiores nomes da Literatura Portuguesa, Fernando Pessoa, nos chama a atenção para essa diferença entre o eu lírico e o poeta quando cria seus heterônimos.

Os heterônimos são pessoas inventadas pelo poeta, que têm sua própria personalidade e, assim, assinam os poemas. Os mais conhecidos heterônimos de Pessoa são: Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro.

Mesmo que todos os poemas tenham sido escritos por Pessoa, muitos deles possuem personalidades distintas, as quais ele incorpora quando escreve.

Leia também:

Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.

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