A africa foi considerada sem historia s por que

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Juliana Bezerra

Professora de História

Antes da chegada dos europeus, a África teve reinos ricos e fabulosos.

Na Antiguidade, temos o império de Cartago e do Egito; e na Idade Média, a constituição do Império de Mali e da Etiópia.

Através das cidades do norte da África se estabeleceu o contato e trocas comerciais com os países europeus.

Introdução

O continente africano é considerado o berço da humanidade, porque ali estão as primeiras evidências arqueológicas do ser humano.

Antes da ocupação europeia já havia um intenso comércio entre a África do Norte e a África subsaariana.

Estas transições comerciais eram realizadas através das caravanas promovidas por povos que habitavam a porção sul do deserto do Saara. Mais tarde, outras expedições atravessariam o deserto e levariam esses produtos para a Europa.

Reinos Africanos

Para fins de estudo vamos ver somente alguns reinos e impérios de cada uma das regiões africanas:

África do Norte

  • Egito Antigo - ao norte da África foi criada uma das civilizações mais fascinantes do mundo: a egípcia. Com mais de três mil anos de duração, construíram cidades impressionantes e deixaram um legado nas ciências, astronomia e arquitetura.
  • Império Cartaginês – se constituiu na união de várias cidades do norte da África que faziam sombra ao Império Romano. As Guerras Púnicas, como são chamadas as disputas entre as duas potências, é um dos acontecimentos mais marcantes da Antiguidade.

África Oriental

  • Império de Gana – séc. 8 a 11 – baseava-se no comércio de ouro com os reinos africanos e cidades mediterrâneas cujos mercadores levavam para a Europa. A prosperidade termina devido ao esgotamento das minas e dos constantes assaltos às caravanas.
  • Império do Mali – séc. 13 a 18 – era um cruzamento de caravanas que vinham do sul e traziam sal, ouro, especiarias e couro. O império era imensamente rico e o imperador Mansa Moussa, um devoto muçulmano, quando fez sua peregrinação a Meca, foi acompanhado de mais de seis mil pessoas e incontáveis somas de prata.
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O imperador Mansa Moussa passeia pelo seu reino acompanhado de numeroso séquito

África Ocidental

Império da Etiópia – 1270 -1975 – ocupou os territórios da Etiópia e da Eritreia. Conhecido também como Abssínia, conseguiu afastar os invasores árabes e turcos e foi o único império africano a resistir ao colonizador europeu. Mesmo os italianos jamais conseguiram dominá-lo totalmente.

Sul da África

  • Reino do Congo – 1390 – 1914 - constituía o local onde hoje é o norte de Angola, o atual Congo e uma parte do Gabão. Liderado pelo macongo, o reino do Congo foi independente até o século XVIII quando passou a condição de vassalo de Portugal.
  • Sultanato de Kilwa – séc. 10-13 – o território era habitado por bantos que foram conquistados por muçulmanos. Dominou a costa do sudoeste africano e suas principais cidades incluíam Mogadíscio, Mombassa e as ilhas de Pemba e Zamzibar, entre outras.
  • Zulus – 1740 – 1879. O reino zulu estava localizado nas terras onde estão África do Sul, Lesoto, Suazilândia, Zimbábue e Moçambique. Foram os primeiros a perceber o perigo da permanência do colonizador branco e lutaram contra os britânicos, mas foram derrotados.
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Aspecto da cidade de Luongo, no Reino do Congo.Gravura alemã, séc XVIII.

Islamismo

A expansão muçulmana fortaleceu o contato entre os africanos e europeus. Os adeptos do islã saíram da atual Arábia Saudita e conquistaram o norte da África até chegar ao sul da Europa.

O islamismo reforçou rotas comerciais e laços culturais, tentando manter a expansão para o sul da África, mas foram impedidos devido à resistência dos povos que aí habitavam.

Em paralelo, líderes dos países conquistados do Norte, como Egito e Marrocos, convertiam-se ao islã, que passaram ao domínio muçulmano. Do norte da África, os muçulmanos conseguiram chegar ao oeste, na região conhecida como Magreb.

Ao longo da segunda metade do século VII, entraram pelo continente, atravessaram o Mar Mediterrâneo e conquistaram a porção sul da Europa, como a Península Ibérica, onde estão Espanha e Portugal.

É preciso entender que cristãos e muçulmanos alternavam períodos de paz com o de guerra. Quando não havia conflitos, os negócios fluíam nas duas direções.

Périplo Africano

Foi somente no XV, que o Reino de Portugal intensificou as incursões pelo Oceano Atlântico em busca de novas terras e rotas comerciais. Os portugueses chegaram à Índia contornando a costa africana do Atlântico no conjunto de conquistas que ficou conhecido como périplo africano.

O primeiro ponto dominado pelos portugueses foi Ceuta, em 1415. Em seguida vieram o Cabo do Bojador (1434), Rio do Ouro (1436), Cabo Branco (1441), Cabo Verde (1445), São Tomé (1484), Congo (1482), Moçambique (1498) e Mombaça (1498).

Leia mais:

História Geral da África: a História que Precisa Ser Contada

24 novembro 2021

Na quarta-feira (24), às 17h, UNESCO e Instituto Humanize convidam todos a participar de um debate virtual sobre a história da África. O evento levanta reflexões importantes a respeito de equidade e racismo na perspectiva da formação do Brasil, que é o país que conta com a maior população originária da Diáspora Africana.

No webinar também vai ser lançada a nova edição em português da coleção História Geral da África (HGA), que conta a história do continente a partir da perspectiva dos próprios africanos.

A Coleção HGA foi produzida ao longo de 30 anos, por mais de 350 especialistas das mais variadas áreas do conhecimento, sob a direção de um Comitê Científico Internacional formado por 39 intelectuais, dos quais dois terços eram africanos. 

A obra permite compreender o desenvolvimento histórico dos povos africanos e sua relação com outros povos por meio de uma visão panorâmica, diacrônica e objetiva, obtida a partir de dentro do continente. Por isso, ela é considerada um divisor de águas na historiografia da região.

Legenda: A coleção História Geral da África é considerada um divisor de águas na historiografia da região

Foto: © James Wiseman/Unsplash

No mês da Consciência Negra, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o Instituto humanize promovem o debate virtual “História Geral da África: a história que precisa ser contada”. O evento acontece na tarde de 24 de novembro (quarta-feira) às 17h, a fim de levantar reflexões importantes a respeito de equidade, racismo e aplicação didática da Coleção HGA. Para assistir o webinar, acesse aqui.

A UNESCO e o Instituto humanize uniram esforços a fim de colaborar para a promoção da equidade racial e o combate ao racismo. Nesse sentido, as duas instituições apoiaram a produção da nova edição em português da coleção História Geral da África (HGA), que tem como objetivo contar a história do continente a partir da perspectiva dos próprios africanos.

Ao realizar um novo lançamento da coleção HGA no Brasil, UNESCO e Instituto humanize reafirmam o valor da cultura africana e a importância de sua influência na história do país, sobretudo em contribuição à Lei n. 10.639/2003, que promove o ensino da cultura africana e afro-brasileira nas escolas de todo o Brasil.

Brasil e África - O Brasil conta com a maior população originária da Diáspora Africana e, por isso, encontra-se em uma posição de destaque para a elaboração e a disseminação de conhecimentos que refletem o reconhecimento da cultura e a ressignificação da história da África e dos afro-brasileiros. Sob essa ótica, a republicação da Coleção HGA em português adquire maior relevância, ao possibilitar a produção de materiais pedagógicos que elucidem esse reconhecimento e reforcem os vínculos históricos, culturais, estéticos, econômicos e políticos entre o continente africano e o Brasil. 

A parceria entre a UNESCO e o Instituto Humanize caminha nessa direção, objetivando principalmente o apoio ao público vinculado à educação básica brasileira. Os parceiros pretendem viabilizar oportunidades para a melhor compreensão da origem histórico-cultural de matrizes africanas no Brasil, assim como de suas contribuições para a construção da nossa identidade nacional.

Saiba mais:

Sobre a Coleção HGA - A Coleção HGA foi produzida ao longo de 30 anos, por mais de 350 especialistas das mais variadas áreas do conhecimento, sob a direção de um Comitê Científico Internacional formado por 39 intelectuais, dos quais dois terços eram africanos. 

A obra permite compreender o desenvolvimento histórico dos povos africanos e sua relação com outros povos por meio de uma visão panorâmica, diacrônica e objetiva, obtida a partir de dentro do continente. Por isso, ela é considerada um divisor de águas na historiografia da região, ao romper com a racialização sistemática que contamina os manuais de história da África. 

A Coleção HGA-UNESCO também contribui para a transformação das relações étnico-raciais no Brasil. Isso porque, além de oferecer um material de alta qualidade para pesquisadores, a obra serve de base para a criação de materiais pedagógicos para a utilização de estudantes em sala de aula.

Quatro grandes princípios nortearam a elaboração da Coleção HGA:

  1. Interdisciplinaridade – para permitir que a história se torne “essa disciplina sinfônica em que a palavra é dada simultaneamente a todos os ramos do conhecimento; em que a conjunção singular das vozes se transforma de acordo com o assunto ou com os momentos da pesquisa”, como disse Ki-Zerbo, historiador e ativista político de Burkina Faso e membro do Comitê Científico para a produção da Coleção. 
  2. Perspectiva africana – para contar a história do continente a partir de dentro, o que garante a consciência de si mesmo e o direito à diferença, permitindo que, finalmente, apareçam as contribuições positivas de seus povos para o desenvolvimento da humanidade.
  3. África vista em seu conjunto – ao atribuir maior destaque aos fatores comuns a seus diversos povos, que resultam das mesmas origens e dos intercâmbios milenares de pessoas, mercadorias, técnicas, ideias e conhecimentos, superando o artificialismo das fronteiras nacionais herdadas da partilha colonial.
  4. Perspectiva cultural – ao privilegiar a história das ideias e das civilizações, das sociedades e das instituições, em detrimento de uma história meramente factual, que confere demasiado destaque aos atores, às circunstâncias e às influências externas.

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

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