O que defendia a filosofia iluminista

Além disso, nesse período surgia um novo economista, Adam Smith, pregando um modelo econômico mais livre e com uma capacidade de geração de riqueza muito maior do que era usado até então, o capitalismo.

E com base nesse contexto econômico apresentado, o movimento iluminista se caracterizou por ser contrário ao mercantilismo, pregando assim um sistema mais livre, racional e justo, na qual existia a possibilidade de ascensão social por parte dos cidadãos.

Por fim, vale lembrar que o conceito de propriedade privada não estava muito bem estabelecido na Idade Média e foi um ponto importante nos debates iluministas. Entretanto, não havia consenso entre os próprios intelectuais do movimento, pois John Locke (1632 – 1704) enfatizava o direito natural do homem a propriedade, ao passo que Rousseau (1712 – 1778) ia na direção oposta, na qual apontava a propriedade privada como a razão dos males da humanidade.

Quais as suas principais ideias?

Podemos sintetizar as principais ideias iluministas da seguinte forma:

  • Valorização do pensamento racional. Os Iluministas consideravam a razão e a possibilidade de se questionar e investigar como o melhor instrumento para se alcançar qualquer tipo de conhecimento;
  • Defendiam os direitos dos indivíduos por acreditarem que todos deveriam ter seus direitos naturais, como à vida e liberdade, protegidos;
  • Eram críticos aos regimes absolutistas e autoritários, que até então dominavam o cenário europeu. Por isso defendiam uma maior divisão do poder do Estado;
  • Defendiam a liberdade política, econômica e religiosa de todos perante a lei;
  • Criticavam o conhecimento sob controle da Igreja Católica, embora não fossem contra a crença em Deus;
  • Defendiam um novo sistema econômico, em troca do criticado mercantilismo;
  • Eram contra todos os privilégios da nobreza e do clero.

Quais movimentos foram influenciados por ele?

Os ideais iluministas foram pontos centrais na Revolução Francesa, de 1789Os conceitos de igualdade, liberdade e fraternidade, desenvolvidos pelos iluministas, foram aplicados durante o processo revolucionário francês.

A França vivia sob o Antigo Regime, em que o governo era absolutista e o conhecimento era pautado pelo clero. Não havia liberdade política, econômica e social. Os burgueses, formados por profissionais liberais, em sua maioria, pagavam altos impostos para sustentar as classes dominantes e não viam nenhuma possibilidade de mobilidade social, além disso havia também uma população que sofria pela crise fiscal que assolava o país.

A burguesia conseguiu a adesão das camadas mais populares, especialmente a dos camponeses, na revolta contra esse regime obsoleto. Esse momento histórico foi marcante para a sociedade francesa, assim como para todo o mundo, pois ali se via uma grande nação rompendo com uma estrutura social e com o pensamento oriundo da Idade Média. 

Em 1776, a Revolução Americana, que culminou na independência dos Estados Unidos, também foi inspirada nos ideais iluministas. Os americanos que viviam sob forte controle britânico começaram a questionar os impostos e a presença militar em seu território.

Impulsionados pelos ideais de liberdade dos iluministas, os nativos resolveram expulsar os ingleses após consecutivos problemas originados pelas leis fiscais criadas para beneficiar os colonizadores. Após a vitória na guerra pela independência, os Estados Unidos instituíram uma república presidencialista, o federalismo e as liberdades individuais.

Na primeira eleição, George Washington (1732 – 1799) venceu a votação e se tornou o primeiro líder americano eleito democraticamente. 

No Brasil, diversos movimentos basearam-se nos ideais iluministas, como foi o caso da Inconfidência Mineira. Os mineiros não queriam mais ficar sob a tutela dos portugueses, pois assim como ocorreu nos Estados Unidos, eles estavam cansados da política fiscal dos colonizadores.

Para resolver esse problema, os inconfidentes tinham por objetivo o rompimento com Portugal. Com o rompimento, eles buscavam fazer a proclamação de sua república, em que deveriam ocorrer eleições, aos moldes de como foi feito pelos americanos. Além disso, os mineiros também buscavam maiores liberdades individuais e um maior investimentos em suas indústrias e universidades.

Um fato interessante, e que mostra o reflexo francês na mentalidade mineira, está na bandeira que os inconfidentes queriam para o seu novo país. A bandeira proposta por eles continha a frase latina Libertas quae sera tamen (Liberdade ainda que tardia), na qual, posteriormente, acabou sendo inserida com um desenho e lema semelhantes para a criação da bandeira do Estado de Minas Gerais.

Qual o seu legado para os dias de hoje?

Atualmente, ainda vivemos sob influência do Iluminismo em temas como a limitação do poder do estado sobre o indivíduo, os ideais e lutas pelos direitos individuais, tal como a vida, a liberdade, a dignidade e outros. Para mais, o pensamento iluminista é vivido no campo econômico, visto que os mesmos defendiam a ideia de uma economia de livre mercado e liberal.

Saiba mais sobre o liberalismo:

O Iluminismo também influenciou o direito. A exemplo das obras de John Locke e Montesquieu, que trataram bastante sobre os direitos naturais e divisão de poderes, pode ser citado como influência direta a tripartição dos poderes entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Além disso, tal influência pode ser percebida na mudança das regras do jogo que propiciaram que as sociedades vivessem em sistemas mais democráticos e republicanos.

Por fim, como sintetizou Immanuel Kant, o Iluminismo proporcionou as ferramentas para com que o homem saísse da “menoridade”, para assim explorar as possibilidades de progresso através de sua própria razão, sem se deixar enganar pelas crenças, tradições e opiniões alheias, e foi o que ocorreu. Hoje, podemos ver o resultado disso em avanços na ciência, que trouxe progresso em todas as áreas de conhecimento.

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REFERÊNCIAS

UOL Educação: iluminismo

Toda matéria: filósofos iluministas

Mundo Vestibular: iluminismo

Só história: Inconfidência

História do mundo: Revolução Francesa

O iluminismo foi um movimento filosófico e intelectual que aconteceu entre os séculos XVII e XVIII na Europa, em especial, na França. Os pensadores iluministas defendiam as liberdades individuais e o uso da razão para validar o conhecimento.

Também chamado de “Século das Luzes”, o movimento iluminista representa a ruptura do saber eclesiástico, isto é, do domínio que a Igreja Católica exercia sobre o conhecimento. E dá lugar ao saber científico, que é adquirido por meio da racionalidade.

O iluminismo é um movimento da Idade Moderna que rompeu com o teocentrismo - doutrina que coloca Deus no centro de tudo - e passou a ver o indivíduo como o centro do conhecimento.

O iluminismo pode ser entendido como uma ruptura com o passado e o início de uma fase de progresso da humanidade. Essa fase é marcada por uma revolução na ciência, nas artes, na política, e na doutrina jurídica, por exemplo.

Os iluministas queriam se libertar das trevas e da obscuridade proporcionadas pelos regimes absolutistas e pela influência da Igreja Católica. Muitos deles eram contra a religião instituída, mas não eram ateus, eles acreditavam que o homem chegaria a Deus por meio da razão.

Ao contrário do que pregava a religião, os intelectuais iluministas defendiam que o homem era o detentor do seu próprio destino e que a razão deveria ser utilizada para a compreensão da natureza humana.

A razão era, portanto, elemento central dos ideais iluministas, afinal, somente a racionalidade poderia validar o conhecimento. Eles acreditavam que a educação, a ciência e o conhecimento eram a chave para essa libertação.

Esse entendimento se contrapunha ao conhecimento baseado em crenças e misticismos religiosos, que para os filósofos iluministas, bloqueavam o progresso da humanidade.

  • Fim do domínio da igreja sobre o conhecimento
  • Razão como propulsora do saber
  • Indivíduo como centro do conhecimento
  • Defesa do conhecimento racional;
  • Oposição ao mercantilismo e ao absolutismo monárquico;
  • Apoiado pela burguesia;
  • Defesa dos direitos naturais do indivíduo (liberdade e livre posse de bens, por exemplo);
  • Deus está presente na natureza e no próprio homem;
  • Defesa da liberdade econômica (sem interferência do Estado);
  • Defesa de maior liberdade política;
  • Antropocentrismo.

Pintura de padres estudando astronomia e geometria no final do século XV, na França.

Importância do Iluminismo

Progresso da ciência

Durante esse período, o conhecimento rompe as fronteiras da imaginação e passa a ser construído com base em observações científicas, com experimentos empíricos.

Foi nesse momento que o homem descobriu como funcionava a órbita dos planetas e a circulação sanguínea no corpo humano. A criação do microscópio permitiu que o campo de visão fosse ampliado e a compreensão da natureza fosse expandida.

Robert Hooke (1635-1703) criou o microscópio composto e é considerado o descobridor da célula.

Descobriu-se a eletricidade, o processo de formação do planeta Terra, o princípio de funcionamento das vacinas, a existência de bactérias e protozoários e a lei da gravitação universal.

Todos esses avanços na ciência foram fundamentais para que a Revolução Industrial fosse possível anos mais tarde.

Saiba mais sobre a Revolução Industrial.

Desenvolvimento da política

Os iluministas também foram responsáveis pela evolução do pensamento político e do papel do Estado na sociedade. Em geral, esses pensadores se opunham aos regimes absolutistas, nos quais uma pequena parcela da população gozava de privilégios e o restante da população era oprimida.

O ponto central das discussões políticas dos iluministas eram as liberdades individuais dos cidadãos. Para esses filósofos, o Estado deveria garantir os direitos individuais, a liberdade de expressão, igualdade jurídica, justiça e a posse de bens.

Os princípios democratizantes, no entanto, não foram aplicados em todos os países influenciados pelos ideais iluministas. Em alguns países formou-se o que se convencionou chamar "despotismo esclarecido", um sistema político absolutista que implementava algumas ideias do iluminismo.

Nesses países, os monarcas continuavam exercendo seu poder absoluto, mas deveriam conhecer os princípios iluministas ou ser assessorados por filósofos dessa corrente.

Nesses casos, no entanto, não se realizaram reformas no sentido de reestruturar a sociedade ou de garantir maior participação do povo nas decisões políticas.

Pensadores Iluministas

Conheça alguns dos principais filósofos iluministas e suas ideias:

Voltaire (1694 - 1778)

Voltaire, pseudônimo de François-Marie Arouet, foi um filósofo francês membro da burguesia. Crítico ardoroso do absolutismo e do poder exercido pela Igreja Católica, tinha como pilar de sua filosofia a liberdade de expressão e de pensamento.

Defendia que o Estado deveria ser uma monarquia constitucional e que o monarca deveria ser assessorado por filósofos. Voltaire era um admirador da Constituição Inglesa e em sua obra "Cartas Filosóficas" comparou a tolerância religiosa e a liberdade de expressão na Inglaterra à atrasada sociedade francesa.

Entenda o significado de liberdade de expressão.

Francês e ligado à aristocracia, Montesquieu desenvolveu em sua principal obra - "O Espírito das Leis" - a Doutrina dos Três Poderes. Grande parte dos Estados modernos hoje tem sua estrutura baseada nessa ideia.

Essa doutrina defende a divisão do poder entre legislativo, executivo e judiciário. Para o filósofo, "todo homem que tem poder é tentado a abusar dele", assim, a separação dos poderes seria uma forma de frear tais abusos.

Saiba as diferenças entre o Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário.

Jean-Jacques Rousseau (1712 - 1778)

Rousseau nasceu na Suíça, mas viveu boa parte de sua vida na França. O filósofo era defensor da democracia e crítico da propriedade privada, que para ela era a origem das desigualdades e dos males sociais.

Sua principal obra foi "Contrato Social", onde ele descreve que para a construção de uma sociedade harmoniosa, as pessoas deveriam obedecer a vontade geral. Isso só seria possível com um Contrato Social, segundo o qual os homens deveriam abrir mão de alguns direitos em prol da comunidade.

A origem do iluminismo

Durante a Idade Média, entre os séculos V e XV, a sociedade europeia foi marcada por forte influência da Igreja Católica.

A igreja defendia uma visão teocêntrica da sociedade e boa parte do conhecimento era fruto das crenças religiosas, de profecias e do próprio imaginário das pessoas.

Entre o final da Idade Média e início da Idade Moderna, o progresso da ciência começa a colocar em questão muitos conhecimentos e o próprio entendimento do mundo proposto pela religião.

A descoberta de que a Terra não era o centro do universo, por exemplo, abalou a supremacia do conhecimento eclesiástico.

O regime absolutista também era outro fator de insatisfação de boa parte da população. Essas sociedades eram divididas em estamentos e o clero e a nobreza - que estavam no topo da pirâmide social - gozavam de privilégios, que eram sustentados com os impostos do povo.

Esse conjunto de descontentamentos por parte da população levaria à Revolução Francesa, que foi inspirada nas ideias iluministas e representa o principal marco desse movimento intelectual.

Entenda também o significado de absolutismo e conheça as características do absolutismo.

Iluminismo no Brasil

Os ideais iluministas no Brasil motivaram a Inconfidência Mineira (1789), a Conjuração Fluminense (1794), a Revolta dos Alfaiates na Bahia (1798) e a Revolução Pernambucana (1817). Por aqui, também se defendia a liberdade econômica e política e o fim do absolutismo.

O Iluminismo serviu de motivação para os movimentos separatistas do século XVIII no Brasil e teve uma grande importância no desenvolvimento político do país.

Saiba mais sobre antropocentrismo.

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